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Pete desceu as escadas com Macau segurando sua mão. Os olhos de Pete se arregalaram ao ver uma criança ali, Pete reconheceria as sobrancelhas grossas, olhos puxados e cabelos negros  a quilômetros de distância. A única diferença era os lábios grossos e o queixo levemente arredondado, até mesmo os olhos escuros e intensos eram parecidos.

—Pete, esse é o filho do Vegas, o nome dele é Phayu—Pete terminou de descer as escadas e encarou o garotinho atônito, o guarda-costas estava sem reação.

Então Pete entendeu tudo.

Vegas não sabia se voltaria vivo e queria que ele cuidasse dos seus bens mais preciosos. Sua família.

Se Pete ficasse na ilha, a Yakuza poderia conseguir achá-lo e o mataria, mas se Pete estivesse no território que Vegas domina, ninguém poderia fazer nada com ele e ele estaria protegido.
O guarda-costa caminhou até o garotinho e se ajoelhou na frente dele.

—Oi eu sou Pete, quer ser meu amigo?—O garotinho olhou para ele curioso e concordou.

—Eu nunca tive um amigo sem ser o papai e o tio Mac—Phayu sorriu ladino—Você é bonito e tem bochechas fofas.

—Você também é muito bonito—Phayu jogou os cabelos longos para trás.

—Eu sei—Falou convencido arrancando um sorriso de Pete.

***

Bangkok/ Tailândia

O terno caro abraçava o corpo de forma sensual e os coturnos altos com ligas prateadas davam um destaque especial com o terno vermelho. Os cabelos estavam presos em gel e um único fio solto caía em sua testa, seus lábios estavam hidratados e chamativos.

Vegas estava um pecado em pessoa e com toda certeza conseguiria o que queria, ou na conversa ou na força ou na baleza.

—Senhor Vegas, é um imenso prazer tê-lo em minha casa—Duen
Kakunapout sorriu—Ainda quer se casar comigo?

—Como anda seu marido?—Respondeu com outra pergunta.

—Muito feliz—Revirou os olhos endireitando a postura—Fiquei sabendo que você está comprometido, devo conhecê-lo?

—Não—Foi curto passando por ele.

Vegas ouviu Duen bufar atrás de si. A família Kakunapout era uma família com um poder moderado na Tailândia, muitos eram magnatas e donos de construtoras, editoras e empresas de cosméticos. Duen era o primeiro filho da segunda esposa de Gunapat Kakunapout.  Muitos acreditavam que Gunapat era dono de uma casa de prostituição, mas ninguém nunca soube de verdade.

Vegas adentrou a sala de estar e se sentou no sofá aveludado, ele olhou para sua aliança enquanto era servido um copo de whisky para si. Vegas olhou para a garrafa e revirou os olhos, era um whisky de boa qualidade, mas haviam colocado tão pouca quantidade.

—Senhor Vegas—Um homem na faixa dos cinquenta anos adentrou a sala—Estou feliz com a sua presença.

—Eu que agradeço por me receber—Respondeu juntando as mãos saudando.

—Vamos aos negócios? Preparei um acordo que vai interessá-lo—Vegas concordou.

—Estarei disposto a analisar suas opções.

—Ir contra Gun Theerapanyakul nunca foi minha opção, mas ele está destruindo a paz que cultivamos durante décadas entre as famílias menores—Gunapat suspirou—Desde quando o senhor se rebelou, achei que não daria suporte a mais ninguém, mas me enganei. Fico grato por ter pedido a Primeira Família que nos desse apoio.

—As famílias menores merecem apoio, sejam elas com poderes insignificantes ou importantes. Todos nos somos uma família afinal—Vegas falou de forma sincera vendo o olhos do homem brilharem de admiração.

—Quero propor um casamento...

—Estou casado, não posso aceitar—Cortou o homem rapidamente.

—Oh não é o senhor que quero que se case—Falou dando um sorriso—Creio que um dia pensará em adotar ou contratar uma barriga de aluguel para que tenha filhos, já que é importante manter a tradição familiar e não deixar a sucessão sem herdeiros.

—Entendo sua preocupação, eu terei filhos,  então não se preocupe—Falou sério.

—Bom, minha quarta esposa está grávida de um menino—Falou esboçando sua felicidade—Creio que não poderei participar por muito tempo de sua vida, já que a guerra não se findará e ainda teremos muitos inimigos. Por isso, quero dar a mão de meu filho em casamento, seja o seu herdeiro homem ou mulher—Vegas sorriu de lado.

—Acredita que não vai viver?—O homem concordou—Posso ler?

Gunapat estendeu o acordo e Vegas passou a ler. O mafioso era muito mais beneficiado que o da família menor, Vegas receberia terras e uma das empresas que tivesse com mais capital quando a união se consumasse. O filho de Gunapat seria ensinado sobre finanças, etiqueta e o essencial para ser um bom marido, faria uma faculdade para que tivesse um diploma e teria um emprego rentável com um salário médio. Todo ganho seria revertido para o(a) herdeiro(a) Theerapanyakul.

—Senhor Kakunapout, tem certeza?—O homem concordou—Farei um acordo para que o Senhor não saía no prejuízo e muito menos o seu filho.

—Mas...

—Fico feliz por depositar tanta confiança em mim, mas não quero que saía com as mãos abanando a troco de proteção. Sua família é muito importante para mim, por isso, farei um acordo ao qual o senhor será muito bem recompensado—O homem concordou—Foi bom negociar com o senhor, receba minhas felicitações e mande para sua esposa, que seu filho nasça saudável e que Buda o ilumine.

—Amém!

***

Chicago/  Estados Unidos


Pete acariciou os cabelos de Niragi, o garoto dormia tranquilamente em seu peito depois de ter se assustado com os barulhos das pessoas na rua. Parecia que eles eram bichos do mato e qualquer barulho os assustavam. Niragi havia dito brevemente que odiou os tons claros da casa e que sua cama era macia demais.

Pete enrolou as mechas lisas em seus dedos enquanto cantarolava bem baixinho. A porta do quarto foi aberta devagar e Macau entrou por ela com Saint e Phayu. Pete sorriu de lado dando lugar para eles na cama enorme. Macau deitou na beirada e fez conchinha com Saint e Phayu deitou no meio abraçando o próprio corpo. Pete o puxou para que fizesse conchinha com ele e Niragi, o filho de Vegas achou aquilo estranho.

Phayu relaxou ao sentir a mão de Pete acariciar seus cabelos longos, era tão bom e tão paternal. Sua mãe não deixava que ele dormisse com ela ou muito menos acariciava seus cabelos. Phayu fechou os olhos e sem perceber dormiu.

Os únicos que ficaram acordados forma Pete e Macau. Ambos se encaravam tentando transmitir o máximo de conforto um para o outro, mesmo que ambos estivessem quebrados.

Submissão-Romance DarkWhere stories live. Discover now