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Pete engoliu em seco, o olhar de Sky o queimava. Pete não estava pronto para abandonar sua família e virar as costas para a Família Principal, mas também não queria deixar Vegas e Macau. Seu coração estava dividido e ele não sabia o que fazer, um nó se formou em sua garganta e um desespero se fez presente em seu peito.

—Se não vai ficar, devolve a aliança—Apontou para a mão direita de Pete—Não é justo dar a ele, esperança.

Instintivamente Pete segurou a mão direita contra seu peito. Ele passou o indicador esquerdo pelo anel de prata e seus olhos se fixaram na lua, as palavras de Vegas vieram a sua mente. O sorriso genuíno do mafioso passou lentamente diante de seus olhos, o cheiro forte e amadeirado que ele gostava, era uma mistura louca—Whisky, cereja e madeira—Ele queria sentir aquele cheiro até o resto de sua vida, sentir o corpo de Vegas no seu e ouvir sua voz calma e arrastada pelo sotaque do tempo que ele esteve fora da Tailândia.

Mas não era justo com sua família. Sua vó havia trabalhado a vida inteira para cuidar dele e poder dar uma vida descente para ele. Pete nunca abandonaria sua avó, porque ela sempre esteve com ele nos piores momentos—Ela era sua âncora nos tempos ruins e sua alegria nos tempos bons—Pete daria sua vida por ela.

Então ele preferiu o silêncio, ele não sabia o que iria responder e sua mente estava uma confusão só. Ele queria Vegas, mas também queria sua família.

***

Vegas estacionou o carro em frente à casa de Sky e desceu. Ele desabotoou a camisa e entrou na casa do médico, Pete estava sentado perto da mesa e tinha um expressão pensativa no rosto, enquanto Sky lavava a louça tranquilamente.

—Vamos—Vegas estendeu a mão para Pete e o garoto pegou se levantando—Obrigado por ficar com ele—Falou para Sky.

—Foi um prazer—Respondeu dando um tchauzinho para os dois.

Pete saiu da casa de Sky e respirou fundo se sentindo livre do olhar acusador. Ele entrou no carro e fechou os olhos encostando a cabeça no banco. Vegas entrou do lado do motorista e ligou o carro, ele observou Pete e concluiu que havia alguma coisa de errado com o garoto.

—Aconteceu alguma coisa?—Pete negou rapidamente esboçando um sorriso.

—Dor de cabeça—Vegas colocou a mão na coxa de Pete.

—Vamos almoçar na vila, depois te levo para casa, tudo bem?

—Não se preocupa.

O percurso até a vila foi em total silêncio. Quando chegaram, havia uma enorme tenda na praça com uma diversidade grande de comidas, a maioria dos moradores estavam ali e a crianças corriam por todos os lados. Vegas se afastou de Pete indo conversar  com alguns moradores. Pete se encostou em um pilar e ficou observando o movimento.

Pete cruzou os braços vendo Dylan se aproximar de Vegas. O pior é que Pete sentia muitos ciúmes—Dylan era muito bonito, muito bonito—Ele era tipo Mark Tuan, dois anos mais velho. O guarda-costa engoliu a raiva quando o moreno apertou descaradamente os bíceps de Vegas e sorriu de forma lenta e melosa.

—Eles formam um belo casal—Pete ouviu uma voz grossa atrás de si e o cheiro de chá.

—Senhor Arisu—Ele sorriu falso.

—Podemos conversar em particular?

—Claro—Arisu segurou na base da cintura de Pete e o guiou.

Eles foram se afastando da praça e das pessoas, Pete entrou em alerta quando entraram em uma cabana. O garoto mordeu o lábio inferior e se virou para Arisu dando de cara com o cano da arma, no impulso Pete bateu a mão na parte de baixo da arma a erguendo e desarmou Arisu com facilidade e agilidade. O guarda-costa destravou a arma apontando para o japonês.

—Facilita as coisas—Arisu falou sério.

—O que você quer?

—Matar você!

Arisu chutou a mão de Pete o fazendo largar a arma, o mais novo deu dois passos para trás e juntou as mãos em frente ao rosto para se proteger do chute. Pete se abaixou dando uma rastiera no adversário o fazendo cair. Pete subiu em cima de Arisu o socando no rosto e acabou abaixando a guarda, isso foi o suficiente para o japonês o derrubar e bater o calcanhar no rosto de Pete cortando a parte de dentro de seus lábios. Arisu olhou para a arma no chão e Pete seguiu o seu olhar até o objeto, o Yakuza tentou se levantar para ir até lá, mas Pete o puxou pelo pé e ele bateu o rosto no chão. O sangue manchou o chão de madeira do ferimento que se abriu na testa de Arisu.

O Yoshida soltou um grunhido de ódio e tirou uma faca da cintura, virou o corpo e acertou a barriga de Pete com a pequena adaga. O garoto sorriu sentindo seu sangue ferver nas veias. Ele se afastou de Arisu e levantou do chão rapidamente, o mafioso também se levantou e encarou Pete com um ar superior, mas ele não entendeu o sorriso que moldava os lábios de Pete.

—Perfeito—Pete falou baixo antes de tirar a faca se seu abdômen e correr na direção de Arisu.

Pete empurrou Arisu na porta de madeira fazendo ela se quebrar e os dois caíram na terra. Arisu gritou de dor sentindo as farpas entrarem em seu corpo. Pete colocou a faca no pescoço do Yoshida e sorriu debochado.

—É isso que você tem a oferecer?—Perguntou com a voz carregada de ódio e deboche—Não seja a vergonha da sua família!

Pete cravou a faca do lado da cabeça de Arisu e se levantou. Só então ele viu ali Vegas, Macau e o Senhor Yoshida—O velho estava vermelho de ódio, mas com uma expressão neutra no rosto expressando uma falsa calmaria—Pete andou até eles e cuspiu o sangue aos pés do Chefe da Yakuza.

Pela primeira vez, Pete se mostrou ser mais do que um simples guarda-costas submisso as vontades de seus senhores. Então, ele sabia a resposta que daria para Sky.

Submissão-Romance DarkWhere stories live. Discover now