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Quando Pete acordou ele estava sozinho, o sol estava se pondo e a maldita tulipa vermelha estava ao seu lado como um lembrete de que Vegas esteve ali. A confirmação era as dores em seu corpo e o cheiro forte amadeirado do perfume dele impregnado em sua pele como super cola.

Pete suspirou sentindo uma sensação de abandono brincar em seu peito. Ele se levantou e mancou até a frente do espelho, seus olhos ficaram úmidos—Ele quis chorar—Ele mordeu o lábio inferior reprimindo o choro.

Seu peito estava pesado, o coração batia descompassado na caixa torácica pedindo um alívio que ele não conseguia encontrar. As marcas da madrugada estavam por todo seu corpo, o marcando como um lembrete de que ele pertencia ao mafioso, mesmo que o sentimento de negação insistisse em se fazer presente.

Pete era de Vegas...

Pete se sentia traído, não por ter transado com Vegas e acordar sozinho. Mas sim, por ter aquele sentimento que queimava em seu peito e seu maldito coração não querer lutar contra ele. Era como se o mafioso tivesse o marcado mais profundo e agora seria impossível ir contra a tudo que ele estava sentindo.

—Porra!—Pete xingou sentindo as lágrimas descerem por seu rosto.

Pete sentia como se Vegas tivesse colocado algemas em seus pulsos e o prendido a ele, mas não era qualquer tipo de algemas—Era aquelas que ele não conseguiria tirar—Ao menos, que Vegas tirasse dele por vontade própria.
Pete viu sua imagem no espelho novamente, ele soluçou e seu corpo tremeu pelo choro, ele gritou sentindo todo aquela maré de sentimentos que ele vinha guardando a tanto tempo e socou o espelho o quebrando em pedacinhos.

Ele se arrastou até a janela e pela primeira vez ele abriu ela, o vento bateu em seu rosto, ele puxou o ar sentindo seus pulmões queimarem. Pete estava tão cansado, ele não aguentava mais fingir que nada o abalava, por tanto tempo ele sorriu mesmo quando sua vida estava uma merda que ele não conseguia controlar. Estava o sufocando.

Ele se sentou no chão e abraçou os joelhos, fechou os olhos e pensou em sua avó e no sorriso que ele sempre dava quando o via. Pete podia até mesmo ouvir o som da risada suave que ela dava quando ele contava dos namorados—Esse pensamento acalmou seu coração—Pete respirou fundo e o cheiro salgado de maresia entrou em suas narinas, e ele ouviu as ondas se quebrarem ao longe.

Ele amava o mar...

Porque o mar levava embora tudo que era ruim, e escondia toda podridão que aqueles que tinham as mãos sujas de sangue, e o coração machucado demais, tentava esconder. Pete queria ser o mar, ser o mar de alguém como Vegas.

Porque ele não aguentava mais se afogar nos próprios sentimentos deixando que as ondas o levassem para longe, quando na verdade, ele queria estar perto.

***

Dois dias depois...Bangkok/Tailândia

Macau saiu escondido da mansão da Segunda família, ele não aguentava mais ouvir os gritos de seu pai, o irritava. Macau pegou sua moto num beco próximo a sua casa e dirigiu pelas ruas de Bangkok até a boate que ele costumava a ir, a boate pertencia a Vegas e era mais um dos pontos de dinheiro que o mafioso tinha. Macau gostava daquele lugar, a atmosfera era perigosa e excitante.

O garoto parou a moto e deu a chave para o manobrista, a fila de entrada dobrava a esquina, ele sorriu sabendo que tiraria alguns milhões dos jovens ricos que insistiam em se aventurar por ali. Ele entrou na boate e o cheiro de drogas e perfumes se misturavam no ar, junto com a fumaça.

Ele foi até o bar e pediu um copo de whisky—Os Theerapanyakul tinham um amor por whisky—O garoto bebericou o líquido âmbar e o gosto forte fez o garoto sorrir. Macau olhou em volta e viu um de seus colegas da escola cheirando uma carreira de cocaína, ele balançou a cabeça inconformado. Ele podia ser de uma família que produzisse e vendesse todo o tipo de droga, mas ele era totalmente contra ao uso delas.

Macau achou estranho uma movimentação diferente entre a multidão e no minuto seguindo a boate se tornou um campo de guerra quando um tiro passou de raspão em seu braço. Os seguranças da boate não se importaram com convidados, apenas Macau era importante. Eles cercaram o garoto com armas nas mãos.

O braço de Macau sangrava muito, ele apertou o ferimento e com ajuda de um dos seguranças saiu correndo pela área dos fundos. Macau entrou no estacionamento e correu até o manobrista pegando a chave de sua moto, ele ligou o motor e saiu o mais rápido dali.

Macau olhou pelo retrovisor e viu duas motos o seguindo. Tinha muitas pessoas na rua e ele não queria machucar ninguém. Macau entrou em uma rua estreita e saiu em uma avenida que para sua sorte estava totalmente deserta. Macau girou a moto ficando de frente para os perseguidores e tirou a arma da cintura atirando no peito dos dois. Eles caíram no chão mortos e o sangue se espalhou pelo asfalto.

Macau andou até eles e tirou o capacete de um deles. A tatuagem de cobra pegava do pescoço até o maxilar do desconhecido. O garoto gritou de ódio e chutou o corpo morto.

Macau pegou o celular do bolso da calça e discou o número de um dos seus subordinados.

"Senhor Ma..."

"CADÊ VOCÊ?!" Macau gritou nervoso "O seu trabalho é manter os inimigos longe de mim e nãorolar na minha cama toda noite. Vem fazer a porra do seu trabalho!"

"Sim senhor, irei localizá-lo e estou a caminho" A voz saiu sentida do outro lado da linha.

Macau suspirou coçando a testa com a arma, ele tateou os bolsos dos desconhecidos até encontrar um papel azul. Ele conhecia muito bem aquele papel, era um aviso.

𝑬𝒔𝒕𝒂́ 𝒏𝒂 𝒉𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆𝒈𝒂𝒓 𝑽𝒆𝒈𝒂𝒔, 𝒉𝒐𝒋𝒆 𝒇𝒐𝒊 𝒂𝒑𝒆𝒏𝒂𝒔 𝒖𝒎 𝒂𝒗𝒊𝒔𝒐, 𝒎𝒂𝒔 𝒂𝒎𝒂𝒏𝒉𝒂̃ 𝒑𝒐𝒅𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒔𝒆𝒓--𝑲.

Keerapati...

Macau subiu na moto e deu partida indo para casa de Tharn. Aquilo era uma ameaça direta, com toda certeza seu pai não ficaria feliz em saber que uma das famílias aliadas tentou o matar. Mesmo que Gun não gostasse muito do filho.

Macau queria ver as alianças que firmaram, derreter no fogo que ele ia causar.

Submissão-Romance DarkWhere stories live. Discover now