× Hellfire ×

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×Allex Allen ×

Nas últimas 5h andei por todos os lados desse inferno de cidade à proucura de uma criaturinha magra pequena e que possui franja curta. Procurei, obviamente, na Red Brick e pelo campus inteiro, nos dormitorios, na biblioteca, no local da sua última aula e na lanchonete até desistir, de lá fui para o The sin, caçei entre as mesas de homens bêbados e invadi o banheiro feminino. Não encontrei um integrante se quer daquele trio idiota que Izabelle costuma frequentar nas festas. Nada. Ela sumiu.

Depois de passar um certo tempo vasculhando minuciosamente cada mísero local provável da sua permanência, xingando e amaldiçoando Luck Taylor, possuído pela cólera de não encontrá-la, por um lado se quer, fui subitamente tomado pela consciência e lembrança de uma ameaça muito maior do que apenas Izabelle fugindo e fazendo birra de mim. Nicollas Wood.

Se aquele filho da puta miserável... porra ah! Por um instante, meu corpo todo é tomado pela repulsão e violência, minha visão escurece e fica embaçada repentinamente, cambaleando para trás e esfregando os olhos com as costas das mãos, esbarro na latária lateral de um carro estacionado no acostamento. Um filme repugnante passa como um furacão na minha mente, invadindo e destroçado minha sanidade com imagens que me dão ânsia e atacam minha ansiedade. Nele, vejo minha doce criatura refém daquele desgraçado covarde de merda, amedrontada enquanto é usada e abusada.

De repente, meu corpo é puxado de volta à realidade quando uma dor dilacerante nos ossos dos dedos da mão direita chega à minha consciência. Causada pelo soco que, aparentemente, dei na lataria do carro que esbarrei, fazendo-o amassar como um pedaço de papal, sem perceber. Os machucados quase inexistentes, antes roxos e esverdeados pelos socos bem dados na cara de Wood, são cobertos por linhas finas de sangue que brotam das marcas da pele. Levo os ossinhos da mão à boca para estancar o sangue e olho para os lados, a rua está deserta e o dono não está por perto.

Procuro nos bolsos da calça algo que se pareça uma ampola ou qualquer coisa que contenha um efeito anestésico, mas não acho a porra que coloquei aqui, o jeito é acender um cigarro e rezar para que isto baste. Preciso achar Izabelle, mas preciso antes aliviar minha tensão ou irei explodir de raiva e acabar matando alguém antes de ter a possibilidade de achá-la.

Em passos largos ando até o capacete all black que repousa sobre a Harley-Davidson fxdr 114 estacionada do outro lado da rua, monto sobre a moto, coloco o capacete e arranco para eu sei lá onde.

Paro pouco menos de uma horas depois, em frente ao Hellfire, um casebre mediocre e abafado localizado no subúrbio da cidade, frequentado por todo tipo de gente que não presta como putas baratas, motoqueiros mal encarados, universitários viciados - como eu - ladrões e o mais importante, mercantes de drogas.

Assim que abro as portas de madeira podre, sou invadido por uma onda de calor e um cheiro podre de CC, álcool e cigarro. O lugar faz jus ao nome.

Avisto Evans sentado no fundo do bar apertado, rodeados de caras corpulentos de feições carrancuda e barbas longas. Antes de aproximar-me, acendo um cigarro e peço duas doses de whisky barato no bar. A primeira, tomo de uma vez só, já a segunda, levo comigo até a mesa em que o cara magro, de aparência limpa e extremamente calma se encontra.

Evans não parece ser uma pessoa que normalmente se misturaria num ambiente como este, com sua pinta de filho de papai escorraçado. Mas ele não é o que aparenta ser, no auge dos seus 19 anos, foi preso por tráfico internacional de drogas e estelionato, foi solto menos de 6meses depois graças à grana do seu pai (também adquirida pelo tráfico, mas não só de drogas). Aos 27 anos, se encontra foragido, com uma longa lista de crimes, como estelionato, venda e consumo de drogas, roubo e até homicídio. Meu corpo treme só em imaginar Izabelle andando por aí sozinha e indefesa quando sei que há homens como Evans a solta em Cambridge.

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