× Conte-me ×

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•× Izabelle ו


O caminho de volta para a casa de Allex é torturante. A voz de Luck dizendo-me que eu não o conheço, que ele não é realmente bom e descente, faz minha mente projetar milhões de coisas idiotas que Allex possa ter feito contra ele, puxando-me cada vez mais para baixo.

A familiar falta de ar e a sensação sufocante de não saber de nada me toma e eu abro as janelas para tentar aliviar a falta de oxigênio que subitamente surgiu no carro.

Quando enfim entro pelos portões da mansão, sinto meu coração aumentar a velocidade dos batimentos ainda mais e é como se eu podesse infartar a qualquer momento. É exagero eu sei, mas não posso controlar as reações do meu cérebro a determinadas situações e parece que quando se trata de Allex, fico ainda mais sensível. Uma pequena coisa é como um grande evento e lembrar das coisas que Luck disse me faz pensar que ele é algo ruim, e eu sei que não é.

Eu queria saber sim o que se passa, mas Luck estava apenas condenando-o e não me falando o que de fato aconteceu, eu não pude conter-me e acabei sendo impulsiva em lhe falar aquelas coisas.

Estaciono cegamente em frente a entrada da casa, não tenho tempo para levar o carro até a garagem, preciso saber o que Allex fez para Luck o mais rápido possível ou irei enlouquecer. A sala está vazia quando entro e eu já esperava por isso, então vou até a cozinha, antes mesmo de passar pelo portal, avisto Nãna de costas preparando algo no fogão.

— Onde está Allex? — Pergunto subtemente à ela e vejo-a dar um pequeno salto pelo susto, eu riria se não estivesse tão atordoada.

— Santo Cristo! — Ela exclama virando-se para mim com a mão direita do peito — Está onde sempre fica quando precisa de uns momentos a sós, na estufa — Responde e aponta para fora da casa. Olho para onde aponta e vejo a estufa solitaria ao longe — Mas não aconcelho que vá até lá, ele realmente não gosta de ser perturbado quando está estudando — Ela completa surpreendo-me.

Allex estudando e algo completamente fora do comum para mim, nem imaginava que ele perderia seu tempo fazendo algo do tipo, isso é inovador. Porém, não me importo de incomodá-lo se isso significa que minha necessidade de saber o que se passa acabe. Não digo mais nada à Nãna quando saio pela porta dos fundos e vou rumo a estufa, determinada a acabar logo com todo esse mistério.

Dou passos longos e rápidos até lá, mas quando finalmente chego e tento destrancar a porta, vejo que já está entre-aberta, então apenas a empurro com cuidado e ouço um pequeno barulho estridente vindo da fechadura enferrujada ecoar. Apesar de por fora a estufa de vidro parecer verde, por dentro ela está quase que completamente vazia. As poucas plantas que restao estão mal cuidadas e há vasos quebrados por todos os lados. Tudo está coberto de poeira e terra de adubo.

Caminho por entre tudo durante alguns poucos minutos até chegar ao centro, onde vejo Allex sentado concentrado e completamente submerso em seus pensamentos enquanto fuma um cigarro.

Droga, eu sei que estou com raiva, mas quando vejo-o solta uma nuvem de fumaça, que sobe no ar quando ele sopra lentamente, e depois traga mais uma vez sem tirar os olhos de um ponto fixo qualquer, automaticamente desacelero o passo, inteiramente hipnotizada com a forma como sua testa enrruga-se ao pensar e sua boca repete as palavras ditas por sua mente.

Um estalo de madeira sendo quebrada ecoa alto demais no silêncio absoluto do lugar e meu coração para por alguns segundos quando os olhos furiosos de Allex penetram os meus, sei que sua mente está nesse instante insultando-me dos piores nomes, sei disso pelas marcas de expressões carrancudas que se formam em seu rosto e sou incapaz de manter meus olhos nos seus. Abaixo-os para ver de onde veio o som que me entregou e vejo um fino ganho de madeira debaixo dos meus calçados, mas que droga...

× Fallen Angel ×Onde as histórias ganham vida. Descobre agora