Capítulo 35

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"Ele estuprou" "Ele é tóxico" "Você é muito boba. Deve ser por isso que ele te enganou, só para te levar pra cama" "Tenho pena de você"

Acordo ofegante e suando frio. Respiro fundo.

Levanto rapidamente e vou para o banheiro. Tomo um banho gelado e choro um pouco durante. Queria poder ficar mais tempo no banheiro, mas tenho que arrumar Clara para ir a escola.

Visto uma roupa qualquer e corro para o quarto dela.

— Bom dia, princesa. — Forço um sorriso. Não quero mostrar que estou triste.

— Bom dia Manuzinha! Você dormiu bem?

— Sim, muito bem. — Minto. — E você, florzinha?

— Sim, sim! Da pulinhos na cama.

Preparo ela e a levo para o andar de baixo para tomar café.
Estranho! Gustavo não está na mesa como de costume. Acho que já deve ter ido para o trabalho.
Espero Clara terminar para ordenar o motorista, para levar ela.

A todo momento, lembranças de ontem vem na minha cabeça. Uma parte de mim não quer acreditar. Enquanto a outra... Mas apesar disso, eu estou preocupada com ele. Ainda não nos falamos depois do que aconteceu na casa do pai dele.
Estou sem notícias dele, e isso é angustiante.

Será que essa história é verdadeira? Acredito que Ana não chegaria ao ponto de inventar tudo isso. Mas Alex não parece ser o cara que ela descreveu.

Não esse Alex que eu conheci.
Ele é verdadeiro e sincero em tudo o que ele diz. Ele transmite uma boa energia para todos ao seu redor.

O que eu faço agora? Estou perdida e confusa. Será que Sofya sabe disso? Se sabe, por qual motivo não me falou?
Preciso ir ao apartamento dela e contar tudo o que eu fiquei sabendo. Uma garota, mil perguntas, mas nenhuma resposta.

Assim que Clara finaliza a sua refeição, aviso o motorista. Após isso, pego meu celular e aviso a dona Aurora, caso Gustavo chegue e pergunte por mim.

Abro a porta e fico assustada quando vejo um rapaz parado diante dela, que estava prestes a tocar a campainha.

— Minha nossa senhora! Quase tive um infarto.

— Peço desculpas, senhorita. Essa não foi a minha intenção. Só vim entregar estas flores para a... — Olha no cartão.  — Manuela! Ela se encontra?

— Pra mim? — Fico incrédula. Nunca recebi flores.

— Bom, se você for o destinatário, é você mesma. Tá escrito aqui.

Me entrega o buquê de rosas e eu agradeço. Ele parte saindo dali.
Empurro a porta com o pé direito e pego o cartão para ler.

"Te vi chegar ontem e me partiu o coração te ver chorar. Aceita sair comigo hoje a noite? Não aceito não como resposta.
Com carinho, Gustavo"

Sorrio ao terminar de ler. Estou de boca aberta. Sinto o perfume das flores e a levo para o meu quarto. Quando passo pela cozinha, dona Aurora elogia e brinca falando que o meu "pretendente", é um homem romântico. Apenas rio de seu comentário.

Adiciono água dentro de um jarro e coloco as rosas, e ponho ele em cima da cômoda.

***

Contei com detalhes, tudo o que eu fiquei sabendo a respeito de Alex. Cheguei a comentar também, sobre o buquê que recebi está manhã do meu chefe.

Sofya nunca ouviu nada parecido antes e isso me fez pensar, que é apenas uma armação de Ana para eu não ficar com Alexandre. Theresa e Sofya também pensam o mesmo.

Não tenho certeza sobre isso, mas eu estou confiante que isso não é verdade. Tá na cara que ela inventou tudo isso.

Agora eu preciso conversar com ele, saber como ele está.
Pego meu celular e disco o número dele. Mas só cai na caixa postal.

— Eu vou telefonar para Lamar, talvez ele possa saber alguma coisa. — Sofya diz e eu concordo.

Ela fala com o namorado por alguns minutos e quando desliga, percebo pela sua expressão, que não vem coisa boa pela frente.

— Ele sabe de algo? — Pergunto ansiosa.

— Vou ser direta e sincera com você. — Balanço a cabeça em sinal de concordância. — Quando ele saiu da casa do pai, foi para a casa de Ana, e até agora está lá.

— Que canalha! — Thessa fala.

Meu Deus! Como eu sou burra! Esse tempo todo ele tava me enganando. Eu acabei me iludindo...
Como eu pude pensar que ele poderia gostar de mim?

Coração desgraçado, só se apaixona por quem não presta.

Começo a chorar e as meninas me abraçam.
Ficamos uns minutos em silêncio e eu quebro ele falando:

— Eu vou voltar para o Brasil.

Aquele OlharWhere stories live. Discover now