Capitulo 28

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Ela sai de baixo da cama e vem até mim.
Abraça minhas pernas e molha um pouco o tecido da minha calça, com suas lágrimas. Mas não me importo com isso.

— Eu odeio essa bruxa! — Diz entre soluços.

— Não adianta você guardar rancor. Isso não vai mudar nada. Só vai lhe fazer se sentir mais mal.

Caminho até a cama e sento na beirada e a chamo para se sentar ao meu lado.

— Clara... Eu sei que você ainda é uma criança, mas não esqueça o que eu vou te dizer tá bom? — Deslizo meus polegares por sua bochecha secando as lágrimas.

Ela assente.

— Na vida você ainda vai ter que lidar com várias decepções. Por que a vida é assim, cheia de altos e baixos. Para você que é só uma criança, palavras como a de Ysabella deve doer muito, mas você não pode permitir que isso te abale, pois só dará a ela mais motivos para fazer o mesmo diversas vezes. Mas eu compreendo você. Ela é irritante!

— Todos os seres humanos sofrem?

— Sim, todos. Se você não tiver altos e baixos, você morre.

— E se não existisse sofrimento, Manu?

— Nossa vida não ia ter graça. Porque como a gente iria saber o que é ser feliz? A gente precisa sofrer um pouco para saber o valor da felicidade e saber valorizar.

Me inclino e dou um beijo no topo da cabeça. Ela sorri. De repente Clara me faz uma pergunta que se eu estivesse comendo algo, com certeza ia me engasgar.

— Por que você não namora com o meu papai? Você combina com ele. Eu ia ficar muito feliz.

Acho que estou parecendo um tomate maduro de tão vermelha que devo estar.
Essa menina não tem jeito!

— Você faz muitas perguntas. — Topo na ponta do seu nariz.

— Manu, você deveria namorar meu pai. — Sorri. Vocês foram feitos um para o outro.

— De onde você tira tudo isso menina? — Solto uma risada fraca. — Seu pai é apenas meu patrão, nada mais além disso. — Afirmo.

— Você acha ele bonito?

Meu Jesus! Calma Manuela, você não pode ficar com vergonha.
Quando estou pretes a responder, Gustavo aparece. Obrigada. Minha salvação. Mas por qual razão estou nervosa? É uma pergunta comum.

— Você estava ouvindo nossa conversa, papai?

— Er... Não... Claro que não! Estava passando pelo corredor e vim ver como você está.

Ele estava ouvindo nossa conversa? Meu Deus! Que vergonha. Acho melhor eu sair daqui antes que Clara faça mais perguntas e me deixe mais envergonhada.
Peço licença e vou para o meu quarto. Mais tarde preciso falar com Gustavo.

***

Caminho lentamente até a porta do escritório e sinto vontade de meter um soco na minha barriga, após dar um friozinho.
Talvez seja o medo de ser demitida.

Bato na porta e ouço um "entra".

Entro e fecho a porta. Assim que me viro vejo ele olhando para a tela do computador em sua frente. Menos mal, espero que continue assim.

Olhando bem ele fica muito lindo desse jeito. Com esse olhar sério ele fica sexy. Se não fosse meu chefe eu pegava.

— Gostoso. — Sussurro.

Meu Deus Manuela! Para com isso.
Dou um tapa na minha testa e me arrependo logo em seguida. Por um momento esqueci que ele estar aqui.

— O que disse? — Me olha com uma expressão confusa.

Será que tá fingindo que não ouviu? Espero que ele não tenha ouvido nada, melhor assim.

— Nada. — Digo rápido. — Está muito ocupado? — Mordo o lábio inferior e olho para baixo com vergonha.

— Ô não. Não. Pode falar. Sente Manuela. — Ordena.

— É... Eu só quero me desculpar por ontem à noite. Dormi fora porquê não tive como voltar, estava chovendo muito.
Peço desculpas também, pela maneira como eu falei hoje.

— Sem problemas, fica tranquila. É só isso?

— Sim. Já vou indo. — Sorrio fraco.

Quando levanto da cadeira acabo caindo no chão e bato meu nariz na mesa. Ô sorte.
Solto um gemido fraco e ponho uma mão no nariz. Merda. Saiu sangue.

Gustavo vem na minha direção com uma certa preocupação estampada no rosto. Ele me ajuda a levantar e me sento na cadeira novamente

— Você tá bem Manuela? Tá sentindo muita dor? Quer ir para o hospital?

— Eu tô bem. Não está doendo muito e não será necessário ir ao hospital. — Afirmo.

— Tem certeza que não quer ir? — Insiste.

— Absoluta. Relaxa! — Ele solta um suspiro.

Aquele OlharWhere stories live. Discover now