Capítulo 37

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Uma lágrima cai e eu enxugo.

— Belas palavras, Alexandre. Mas eu não acredito em nenhuma delas. — Me levanto. — Ninguém, nunca mais, vai me fazer de boba. Agora se você puder, sai daqui e me deixa sozinha.

— Inacreditável! Eu me declarei pra você e é assim que você me trata? Passa a mão pelo o cabelo e sai.

Eu o amo, mas não sei se posso confiar.

Pego meu celular e ligo para Gustavo. Demora, mas atende.

— Alô? Manuela, aconteceu alguma coisa?

— Não, nada. O senhor está ocupado?

— Sim, estou. Tenho uma reunião agora mesmo com alguns fornecedores. Queria alguma coisa?

— Entendi. Sim, mas não se preocupa.

— Diz o que é, por favor! Não me deixe curioso.

— Eu ia perguntar se o senhor podia vim me buscar em um lugar... É um lugar onde não tem muito movimento, dificilmente um táxi irá passar.

— Me manda a localização.

Envio e vou para a estrada, aguardando a chegada.
Demora uns vinte minutos pra ele chegar.
Ele fica olhando, observando o lugar. Deve estar se perguntando o que eu vim fazer num lugar onde só tem árvores.

Pergunta se eu estou bem e eu respondo que sim.
Peço desculpas por atrapalhar e por ter feito ele perder a reunião.

— Coloquei alguém para ficar no meu lugar. Você estava chorando? — Muda de assunto.

Ele me olha fixamente e passa os polegares pela a minha bochecha.

— Eu queria saber o que anda acontecendo com você ultimamente. Vejo você triste e chorando. Tudo bem se você não quiser falar, eu não vou insistir, eu só quero ver você sorrir novamente.

— Vai passar.  — Sorrio fraco.

Ele me abraça forte e eu retribuo. Esse perfume dele é uma tentação. Tenho vontade de enterrar minha cabeça no seu pescoço.
Agradeço pelas flores e fica feliz por eu ter gostado.

***

Fiz uma vídeo chamada via whatsapp com a minha mãe, e contei tudo que aconteceu. Não excluir nenhum detalhe. No começo, ela ficou reclamando por eu não ter dado notícias antes. "Pensei que tinha acontecido algo ruim com você ou Thessa."

Ela é exagerada.

Sobre eu e Alex, ela perguntou se a gente pelo menos usou preservativo. Eu falei que sim. "Ufa, ainda bem! Sou muito jovem para ser avó."

Ela me deu conselhos e falou sua opinião em relação a tudo isso. Falou para eu pensar direito no que eu vou fazer. Se eu realmente quero ir embora daqui.

Me falou sobre o cara que ela está tendo um "rolo". Ele se chama Miguel e contou que está pensando em ir morar com ele. "Vai me abandonar" — Disse com ciúmes.

No show de talentos da escola, Deyse, a minha prima, ganhou em primeiro lugar na categoria desenho. E em terceiro lugar, na categoria poema.

Ela é muito talentosa. Apesar de ter nove anos, a menina sabe fazer muitas coisas que deixa as pessoas impressionadas.
Como cantar, desenhar e criar poemas falando de diversos assuntos relacionados com a sociedade e a cultura.

Minha tia Cláudia contratou cinco pessoas para ajudá-la na loja, pois não estava dando conta sozinha.
Duas pessoas para ajudar na cozinha. Duas para atender os clientes e uma para realizar as entregas a domicílio.

Expandiu mais a loja e adicionou algumas mesas e cadeiras, para que as pessoas possam comer num ambiente agradável e confortável.
E o ambiente que recebia nome de "loja", agora se chama CC - Confeitaria da Cláudia.

Depois de quatro horas, ela fala que no dia estará me esperando no aeroporto. Desligo e vou me arrumar para sair com Gustavo.

Escolho um vestido tomara que caia, justo, preto e com brilhos. Ele vai até metade das minhas coxas e favorece muito bem o meu corpo.

Calço um salto alto, pego algumas jóias e faço uma maquiagem apropriada para noite e uma ocasião como esta. Por fim, passo perfume e me olho no espelho. Estou linda e pronta.

***

— Você está magnífica! Você é muito linda.

— Obrigada. — Sorrio.

— Estou feliz por você ter aceitado. Mesmo eu ter falado que não aceitava não como resposta, você tinha todo o direito de recusar, caso quisesse.

— Eu decidir aceitar porquê preciso me distrair e tenho algo para comunicar.

— E o que seria?

— Eu vou voltar para o Brasil. Amanhã eu vou recolher todas as minhas coisas da sua casa e irei levar para o apartamento da minha amiga. Para que eu possa arrumar tudo e partir no dia seguinte.

— Mas já? — Pergunta indignado e eu concordo.

— Gustavo, muito obrigada por tudo. Você me ofereceu um emprego, me acolheu na sua casa e eu pude me aproximar de Clara. Eu amo a sua filha, ela é um ser extremamente incrível e amável.

— Não precisa agradecer por nada. Saiba que sempre que quiser voltar, será bem recebida. Você é uma mulher maravilhosa. Minha filha se apegou a você e será difícil para ela, se despedir. Ela gosta muito de você, e eu também. — Coloca a mão dele sobre a minha e eu fico sem saber como agir.

Tiro a minha mão da mesa e pego o cardápio. Dou uma rápida olhada e não faço a menor ideia do que pedir.

— Olha, pode pedir por mim? — Menos escargot, pelo amor de Deus! — Rio. — Da primeira e última vez que eu comi isso, tive uma crise de tosse e o médico me falou que eu sou alérgica. — Me lembro desse momento... com ele...

Ignoro esses pensamentos.

Gustavo faz o pedido e quando a comida chega, como, mas ainda permaneço com fome. Como a sobremesa e fico com vontade de comer hot dog, hambúrguer e batata frita.

Ele paga a conta e a gente sai do restaurante.
Peço para ele parar numa lanchonete e assim ele faz.

Realizo os pedidos e fico esperando no balcão.
Eles logo chegam e eu devoro tudo com um acompanhamento de coca-cola zero açúcar.
Gustavo falou que está satisfeito e ficou somente me olhando enquanto eu comia.
Eu ia pagar com o meu próprio dinheiro, mas ele insistiu em pagar.

Quando eu ia saindo do banheiro, Alex estava no balcão com alguns amigos. Chamei Gustavo e falei que queria sair dali.

— Foi por causa dele que você não me quis?

— Alexandre, por favor, mais confusão não. Você não cansa? Eu.não.te.amo. — Digo a última parte pausadamente. — Era isso que você queria ouvir?

Vou me arrepender disso, mas vou arriscar...
Puxo Gustavo pela gravata e o beijo. Ele retribui.

Alex separa a gente e da um soco na cara de Gustavo. Para não piorar a situação, eu puxo, com força, Gustavo pela roupa e o tiro dali.

Quando entramos no carro, me desculpo e fico envergonhada pelas as minhas ações. Ele parece não se importar com tudo isso e me leva ao um karaokê.

Sobe no palco e começa a cantar. Faz várias dancinhas ao mesmo tempo, fazendo eu e várias pessoas rirem das suas danças ruins.

Depois de muita insistência, eu subo e canto Millions Reasons - Lady Gaga.
Essa música... é tão... linda!
Recebo muitos elogios e aplausos do público.

A noite foi resumida em diversão. Depois de muitas gargalhadas, a gente volta quase uma hora da manhã para casa e cada um foi para o seu quarto.

Aquele OlharDonde viven las historias. Descúbrelo ahora