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SYDNEY ABBEY, 2022

O vento passando por uma janela e invadindo o carro inteiro, os vidros estavam escancarados, enquanto ouvíamos.

Back To Blackda, da Amy Winehouse.

Uma música que de certa maneira triste, mas nós cantávamos com tanta vontade enquanto meu pai batucava no volante. Eu cantava enquanto esperava ansiosamente para reencontrar meus dois melhores amigos.

Eu não falei com eles direito durando esses seis anos, no máximo era três vezes em por ano, uma no meu aniversário, na do Maybank, e no JB. Nossas promessas de não nos parar de se falar foram quebradas por ambas partes. O que é triste de se lembrar.

Mas eu estou de volta em Outer Banks, tudo vai voltar a ser igual antes. É assim que eu espero.

Voltei para onde eu morei, porque meu pai teve uma oportunidade de emprego aqui novamente, tem um salário bom, que vai nos ajudar bastante com a vida no Cut. Meu pai ficou triste por sair do Havaí, ele havia de acostumado com a vida lá, pra falar a verdade, eu também. Mas sei que ele não quer demonstrar isso pra mim.

No Havaí, eu conheci pessoas muito especiais, amigos que eu sei que nunca mais vou ver, mas eles estarão em meu coração. Nós fazíamos trilhas, fazíamos acampamentos durante uns cinco dias, éramos voluntários para ser guia dos turistas que iam visitar.

Era algo diferente, mas um diferente bom.

Quando entramos no Cut com o carro, começamos a passar pelas casas pequenas de madeira, alguns trailers meio isolados, pouquíssimas casas tinham dois andares. A minha tinha, mas eu não sou privilegiada por isso, quando passar um furacão na ilha eu estarei sem energia e água por vários dias, assim como todos os pogues.

Depois de uns minutos. Chegamos na casa de madeira com dois andares, a tinta verde está desbotando, tinha galhos subindo nas paredes, o enfeite de uma flor havaiana na porta. Estou surpresa que a casa não desmontou com a maresia.

Eu vivi coisas muito boas aqui, meus primeiros passos, minha primeira flor plantada, primeiro sorriso. Lembro que nossa casa tinha um jardim lindo atrás, minha mãe tinha uma Floricultura no centro do Figure Eight.

— Tenho que confessar que senti saudades dessa casa. - meu pai comenta me abraçando de lado, enquanto estávamos em frente a nossa casa.

— Eu sei que sim. Você fala que prefere o Havaí, mas sei que ama essa ilha. - digo me virando para ele e apontando o dedo na sua direção, fazendo ele me olhar desconfiado.

— Está encurralando seu próprio pai? - Kim pergunta fingindo estar ofendido com minha fala anterior.

— Eu nunca faria isso com você, Sr. Abbey.

Saio de perto dele indo até a caçamba da caminhonete grande. Abro a parte de trás, onde tinha caixas com as mesmas etiquetas de seis anos atrás. Pego uma caixa de papelão onde tinha a maioria das minha roupas. Quando passo pela porta da frente, posso sentir a energia da minha mãe no ambiente. Ela era apaixonada pela nossa casa.

Quando ela descobriu o câncer, se recusou por muito tempo sair dessa casa, porque ela se sentia segura e curada no ambiente. Mas a doença era algo sério demais, para a felicidade dela curar.

Subo as escadas com um pouco de dificuldade pela caixa pesada em minhas mãos, passo por todo o corredor indo para o última porta dele. É meu quarto antigo, abro a porta dele com meu pé, ele está completamente vazio, mas ainda tinha a cor o roxa desbotada. Isso irá mudar.

Deixo a caixa em um canto do quarto, e desço novamente para a rua ajudar meu pai com as outras coisas.

she came back, cameron.Onde histórias criam vida. Descubra agora