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RAFE CAMERON, 2022

Ignorada.

Era o que Cleo estava sendo desde as sete da noite. Ela estava me enchendo de mensagem perguntando se eu iria na fasta das pedreiras. Mas eu realmente não estava nem um pouco animado, mas eu sei que ela vai vir até minha casa e me arrastar até a festa.

Eu sei que terá vários calouros fingindo serem alguém que eles não são, porque querendo ou não. Nesse verão com certeza aparece muitas pessoas novas na ilha, meninas bonitas. Mas o treinador disse que nesse verão eu não posso avacalhar na minha rotina, o que é um porre, porque eu quero me divertir, e beber, fumar. Fazer tudo, mesmo eu querendo ir para alguma faculdade.

Saio dos meus pensamentos, quando escuto batidas na porta do meu quarto, eu sei quem é apenas pela forma delicada que toca na madeira. Minha mãe.

Analiso o quarto, e percebo que minha toalha molhada está na cama, então tiro rapidamente a colocando em meu ombro. Minha mãe não gosta que deixamos a tolha em cima da cama.

— Entra! - digo assim que eu vejo que está tudo em ordem, tirando minhas roupas espalhadas em cima da cama.

Logo ela entra. Celine usava um vestido lilás, com flores pequenas, um avental marrom, enquanto suas mãos estavam limpas, mas seus punhos tinham com resquícios de terra. Minha mãe tem uma floricultura, nosso jardim fica cheio de flores e plantas o ano inteiro.

Minha mãe é a mulher mais forte que eu conheço, tenho orgulho de tudo que ela conseguiu conquistar para a floricultura.

— Filho, você não vai para a tal festa das pedreiras?

Gosto de fazer drama quando estou perto da minha mãe, porque ela vai sentar e me dar atenção. Ela é a pessoa que mais me entende.

— Não tô muito afim... - murmuro dando de ombros, então sento na cama.

Vejo minha mãe se aproximando de mim, ela para em meu lado, onde eu estava sentado. Sinto seus dedos afundarem em meu cabelo e fazer carinho nele, ela tira os fios de cabelo molhado do meu rosto colocando para trás, do jeito que eu gostava de deixar.

Minha mãe sabe de tudo sobre mim, eu conto as coisas pra ela, me sinto confortável em desabafar tudo que eu sinto. Ela é atenciosa comigo e eu amo isso nela.

— Aconteceu alguma coisa? - ela pergunta ainda com os movimentos em meu cabelo.

— Não. Eu só... - sou interrompido com uma garota entrando em meu quarto do nada.

— E aí Rafe! - Cleo me cumprimenta. Então me jogo na cama suspirando alto, encaro o teto com vontade de me matar.

— Por que você deixou ela entrar? - pergunto colocando as mãos pra cima.

— Olha, em minha defesa. Os olhinhos dela ficaram igual os do Gato de Botas. - minha mãe diz segurando os ombros da minha melhor amiga. Mas logo sai do meu quarto, com um sorrisinho simpático.

Eu amo minha mãe, mas agora ela avacalhou muito. Por que deixar a Cleo entrar? Agora ela vai encher o meu saco até eu me irritar e ir nessa festa idiota.

Quando minha mãe saí do quarto, aproveito para olhar a roupa da negra no meio das minhas pernas. Ela usava uma calça jeans larga, da cor branca, e um cropped simples, verde militar, seu cabelo estava em uma trança, que deixava seus fios para trás. Cleo é uma das meninas mais lindas que eu já conheci.

A gente nunca ficou de verdade, nós apenas damos um selinho no nono ano, quando nos conhecemos. Nós nem nos achávamos atraentes na época, agora não passa de elogios de brincadeiras. Ela é minha melhor amiga. Eu amo ela, mesmo nunca demonstrando isso direito.

she came back, cameron.Where stories live. Discover now