004

258 29 27
                                    

SYDNEY ABBEY, 2022

Acordo com as batidas na porta do meu quarto, antes mesmo de abrir os olhos percebo uma claridade banhar meu corpo descoberto pelo lençol que eu me meu pai me tapou.

— Filha. Agora é sete e quinze, sua aula começa às oito horas. Não esquece! - concordo com a cabeça, ao escutar a voz do meu pai.

A dor de cabeça martela por toda a parte, me sento no colchão sentindo tudo girar. Lembro de pouquíssimas coisas sobre ontem, meu desafio no jogo, JJ me enchendo de bebida, e alguns flashbacks do meu pai no meu lado na cama, falando que teria um balde ao meu lado se eu quisesse vomitar. Isso foi o ápice do constrangimento.

Ter meu pai cuidando de mim depois de uma festa, é uma merda. Mas o agradeço por isso.

Sinto o meu próprio cheiro, sem vômito, mas com um cheiro forte de bebida. Me levanto com dificuldade, vou para frente da cômodo do meu quarto, abro as gavetas pegando as roupas que me sinto mais confortável possível.

Abro a porta, meu pai não estava mais na porta do meu quarto. Quando entro no banheiro, tranco a porta e começa tirar minha roupa rapidamente, ligo o registro sentindo a água quente cair sobre meu peito, rosto, e costas. Sinto meus ossos relaxarem sobre os outros, minha respiração fica devagar e prazerosa.

Ajeito meu cabelo meio depressa, por estar um pouco atrasada, me sento na cama, coloco meu tênis e pego minha mochila. Desço as escadas, consigo ver a parede que fica ao lado da escada, cheia de fotografias minhas, da minha mãe com meu pai, só da minha mãe, e outras em família. Cada uma delas guardam uma memória incrível, mesmo eu não lembrando de todas.

Vejo meu pai colocando café rezem feito em sua caneca favorita desde quando eu tinha seis anos, me aproximo dele fazendo o mesmo me encarar e abrir um sorriso simpático, faço o mesmo que ele.

— Agora sim, uma pessoa descente. - meu pai diz em um tom brincalhão. Dou um abraço aconchegante nele, e em seguida escuto sua risada fraca.

Sei que ele está brincando com a situação, mas me sinto mal por ele ter cuidado de mim naquela situação. Me afasto e logo sentando na banqueta do murinho onde nós fazemos nossa refeição.

— Pai. Desculpa por ter feito você cuidar de mim. Eu exagerei muito na bebida, eu juro que vou me controlar nas próximas vezes. - olho arrependida para ele. Que inclina um pouco sua cabeça pro lado, e me encara com um sorrisinho reconfortante.

— Tudo bem, Syd. Fazia tempo que eu não cuidava de você, senti saudade de ficar segurando sua mão até você conseguir dormir. - ele comenta passando as mãos no meu cabelo.

Dou um sorrisinho, enquanto corto meu ovo mexido feito por ele mesmo. Meu pai cozinha muito bem, eu acho que ele poderia fazer algum curso de gastronomia para aprimorar seu talento na cozinha, ele iria crescer bastante na ilha e em qualquer outro lugar do mundo. Mas eu entendo a sua paixão pelos animais, tanto marinhos, quanto qualquer outro da terra.

Quando termino meu café, escovo meus dentes, dou um beijo de despedida nele e saio de casa. Estou prestes a dar meu primeiro passo na calçada, a kombi que costumava ser de BJ para em frente a minha casa.

Consigo ver Bird e Sarah nos bancos da frente, enquanto os outros estavam atrás, ele buzina três vezes, então dou uma corridinha e entro no veículo, que é aberto por Kiara.

— Eu realmente achei que você não iria conseguir acordar pra aula. - Kiara comenta sorrindo brincalhona pra mim. Dou um beijo na sua bochecha.

— Bom dia pra você também, Kie. - digo tirando a mochila das minhas costas e colocando sobre o banco.

she came back, cameron.Onde histórias criam vida. Descubra agora