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SYDNEY ABBEY, 2022

Termino de passar meu perfume, saio do meu quarto, ando pelo corredor, desço as escadas e chego no primeiro andar, podendo ver meu pai fazendo suas deliciosas panquecas. Coloco minha mochila em cima do sofá, ando até ele, me apoiando na bancada da cozinha ao seu lado.

— Bom dia. - digo observando ele terminar mais uma panqueca.

— Bom dia. - ele fala sorrindo fraco, então me encara, sua expressão muda para desconfiada ao reparar que eu ainda estou o encarando. — Você 'tá estranha, o que houve?

— Quero propor algo difícil pra você. - ofereço mexendo em uma mexa do meu cabelo, enrolando meu dedo indicador nela.

— 'Tô com medo do que pode ser essa sua proposta. - Kim fala receoso, solto uma risada fraca, criando coragem para contar.

Sei que abrir o porão é algo difícil para meu pai, mas tenho quase certeza que tem algo lá que eu preciso saber, tanto relacionado ao tesouro, quanto coisas sobre minha mãe. Vai ser difícil para nós dois.

— E se abrirmos o porão? - suponho com um pouco de medo, olho para o homem, que tira sua atenção da comida sendo preparada e me encara de repente. — Prometemos que tentaríamos.

— Está fazendo isso, por causa daquele assunto de ontem? - meu pai pergunta com dúvida, ele não é burro e ainda me conhece muito bem.

— Só estou sugerindo, porque acho que é bom para nós dois e para ela. Sabe que a mamãe gostaria que tivéssemos coragem. - falo observando ele colocar as panquecas em cada prato de cerâmica.

O mesmo se vira pra mim, entregando o prato e xarope que como desde pequena, quando pego, vou até o murinho que usamos de mesa, me sento no banco alto e começo a comer. Meu pai se vira pra mim e se senta em minha frente, ele se serve um pouco de café, tomando devagar.

— Vamos fazer isso quando você chegar da escola. E não falamos sobre isso até lá, tudo bem? - Kim comenta olhando para mim de uma forma tentando parecer corajoso.

— Tudo bem. - digo simples, me levantando da cadeira e seguro seu braço, aperto meus dedos em sua pele, o mesmo olha pra mim ao sentir meu toque. — Estou orgulhosa de você, sabia? E ela também.

— Tenho medo. - ele admite, se virando de frente pra mim colocando a mão sobre a minha bochecha.

— Quer que eu chame a Jackie para nos ajudar? Sei que ela vai te acalmar. - pergunto massageando os ombros dele.

— Não! Não vai ser necessário. Obrigada, filha. - sinto um beijo na minha testa.

Antes que eu possa voltar a comer minhas panquecas, escuto a buzina da Kombi de JB, deixo um beijo na bochecha de Kim e saio correndo até o sofá, pego minha no mochila indo em direção a porta.

— Tchau, pai! Te amo. - grito abrindo a porta, escutando ele gritar de volta.

— Te amo, filha! Boa aula.

Desço os últimos degraus da varanda correndo, estava caindo uns pingos de chuva fraca, a porta de correr se abre por Kiara antes que eu possa estar à centímetros de distância do veículo. Quando estou prestes a subir o degrau, vejo a mão de Pope se estender em minha direção para me ajudar, assim que entro, me senta ao lado do negro.

A porta se fecha, olho para dentro do veículo com cautela, podendo ver Jay e Kie abraçados. Parece que o encontro deles deu certo.

— Aparentemente deu tudo certo sábado a noite. - digo sorrindo para eles, enquanto a Kombi dirigia em direção da nossa escola. O loiro abraça a jovem de lado, passando o braço por seu ombro.

she came back, cameron.Where stories live. Discover now