𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍 - 𝘁𝗵𝗲 𝗵𝗼𝘂𝘀𝗲 𝗼𝗳 𝘁𝗵𝗲 𝗱𝗿𝗮𝗴𝗼𝗻

𝕿𝐇𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍 𝐇𝐄𝐈𝐑𝐒

                                        𓊝

       𝖁𝐈𝐒𝐄𝐍𝐘𝐀 𝐕𝐄𝐋𝐀𝐑𝐘𝐎𝐍, 𝐬𝐞𝐠𝐮𝐧𝐝𝐚 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐮 𝐧𝐨𝐦𝐞, princesa de Pedra do Dragão e Derivamarca, era a única dentre os filhos de Rhaenyra Targaryen que não podia ser declarada como ilegítima.

       Parecia ser o afazer favorito de todos os nobres cochichar pelos cantos comentários sobre a paternidade dos príncipes herdeiros desde que Jacaerys I nascera com cabelos acastanhados, bem diferentes dos de seus supostos progenitores, que possuíam cabelos valirianos. Comentavam também sobre a similaridade dos traços dos príncipes com os do Sor Harwin Strong, capitão da patrulha da cidade de Porto Real e amigo pessoal da futura soberana. De início, eram apenas boatos, especulações, afinal, a vida é de fato uma caixa de surpresas, e as vezes, exceções estranhas poderiam ocorrer. Mas é claro, com a chegada de dois outros filhos com as mesmas características, o que antes se tratava de fofoca passou a ser uma verdade enraizada nas mentes de todos aqueles que conheciam Rhaenyra o suficiente. A ideia de que os filhos homens da princesa eram também de Sor Laenor Velaryon tornou-se quase ridículo, tão improvável quanto neve em dia de sol. A má fama assombrou a família, e todos os filhos eram vistos com olhos estreitos.

       Todos, exceto Visenya.

       A única filha moça de Rhaenyra era a cópia descarada da mãe. Longos cabelos brancos, pele pálida como gelo, olhos violeta e feições perigosamente belas. Era uma Targaryen dos pés a cabeça, portanto, quase todos acreditavam que ela havia sido a única filha de sor Laenor, embora há quem acredite que ela só tenha tido sorte demais em herdar mais de sua mãe do que de sor Harwin. De todas as formas, até mesmo para aqueles que tinham o prazer de se indispor com sua mãe tecendo comentários maldosos sobre suas proles, Visenya era bem tratada e respeitada, como uma verdadeira cria de dragão, equiparada a seus tios, filhos do Rei Viserys.

       Crescendo em Porto Real, ela foi a segunda e única filha mulher da herdeira do trono de ferro, e portanto, criou um laço forte com sua progenitora. Era carinhosamente chamada de Anya pela mãe, terminação fonética de seu nome, assim como seus irmãos, que também possuíam apelidos comuns para seus nomes valirianos. A princesa, de certa forma, fora criada muito bem pela mãe, que parecendo querer reproduzir todos os privilégios não usuais que recebera em sua própria criação, tentou dar a filha tudo que os homens também tinham; deixava-a participar de política, aprender literatura, línguas, deu-lhe ao nascimento um ovo de dragão e deliberadamente sinalizou-a como segunda na linha de sucessão, antes mesmo de Luke, que era homem. Por isso, Anya gostava muito de seus dias na corte da fortaleza vermelha, e mesmo que intrigas políticas sempre rondassem e tirassem a paz de seus pais, tais como a petulância da rainha e os questionamentos acerca da legitimidade dos príncipes, Anya vivia na maior parte do tempo indiferente àquilo, e não poderia ser diferente — era uma criança, é claro! E o que perturba um adulto jamais irá perturbar uma criança.