Te peguei Arizona!

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Callie povs:

"Só saio daqui com a verdade". Esta minha frase afrontosa e imponente, faz Bárbara abrir o jogo. Melhor dizendo, o início dele.

___ Callie... — ela passa as mãos no cabelo, respira fundo e me olha nos olhos— acredito não ter todas as respostas que você procura. Na verdade, acho que não terei quase nenhuma... A interrompo.

___ HaHaHaHa... Tá bom minha sogra, e eu sou a chapeuzinho vermelho, prazer. Sou sarcástica.

___ Acredite querida, estou tão surpresa quanto você. Diz com os olhos marejados.

___ Não sou mais criança para ouvir histórias da carochinha. A verdade por favor. Peço com rispidez.

___ Sente-se e me espere um instante, sim? Prometo não demorar. Diz. Eu estranho, mas assento me sentando.

Minutos depois ela retorna segurando uma caixa média retangular. Senta-se de frente pra mim depositando a caixa sobre a mesa. E em seguida, empurra a mesma em minha direção.

___ Aqui —ela me entrega a caixa ainda fechada— guardo os melhores e os piores momentos da minha vida. O passado que meu coração nunca permitiu que eu esquecesse.

Olho a caixa fixamente por alguns segundos. Quando tento abri-la, ela me impede pondo suas mãos sob as minhas dizendo ao mesmo tempo: antes de tudo conheça minha história. Ela pigarrea, suspira e me encara. Em silêncio permaneço. Ela retira as mãos de cima das minhas e então começa a dizer.

___ Éramos muito jovens, eu e o Daniel. Não tanto quanto você e a Ariana quando casaram, mas ainda sim, éramos jovens sonhadores e estudantes. Eu tinha 17 anos. Tinha ingressado a pouco tempo no curso de Pedagogia da Educação em Seattle. Daniel tinha 22 e cursava Artes Cênicas na mesma instituição. Nos conhecemos na faculdade durante um Seminário sobre liberdade de expressão. Foi amor a primeira vista como se diz, pelo menos da minha parte sim—ela pausa saudosa— Sabe aquele primeiro amor? Então... Me entreguei de corpo e alma sem medir as consequências.

____ Minha família era tradicional demais. Minha mãe não tinha vez, nem voto, nem opinião. Todas as escolhas e decisões eram tomadas pelo meu pai, o coronel William das forças armadas. Ele era um homem autoritário e patriarcal. Todos da cidade o temia. Só um minuto. Fala pausando sua história. Ela se levanta, vai até a geladeira pega uma garrafa de água, vai até o armário e recolhe dois copos de vidro. Depois, volta a posição de antes. Eu a observo atentamente.

___ Aceita? Me oferece um copo d'água.

___ Não, obrigada. Respondo. A tensão é enorme. Ela toma um pouco d'água, depois volta a se pronunciar.

___ Quando meu pai descobriu através de uma fofoca na vizinhança que eu não era mais virgem, por eu ainda ser menor de idade, obrigou o Daniel a casar-se comigo. Até então só namorávamos. Acredito que o erro começou daí. Ela baixa a cabeça triste.

___ Interessante ouvir isso da senhora, sabe? Falo e ela ergue a cabeça para me olhar. Nossos olhares se cruzam.

___ A senhora acabou de criticar a atitude do seu pai, mas agiu igual a ele em relação a sua filha e eu... Ela me interrompe.

___ Ariana estava grávida, não compare as situações Callie.

___ As razões não justificam os erros Bárbara. E pelo seu autoritarismo veja onde eu e sua filha chegamos. Nosso casamento é um fracasso desde o início. Somos infelizes desde então. Ariana até mais que eu, caso contrário, não teria criado esse disparate de trocas de identidade. Desabafo. Seu olhar é uma mistura de pesar e arrependimento.

A UsurpadoraTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang