A Usurpadora

Lutando contra seu interior

Arizona povs:

          Quando Calliope diz que vai sair, o ciúme toma conta de mim. não consigo disfarçar. Fecho a cara e subo os degraus da escada intrigada.

           O que será de tão urgente que não poderia esperar para amanhã? Nesse horário... Será que tem mulher envolvida? Será que a Calliope está saindo com alguém? Ah droga! Porque eu estou me preocupando tanto com essa saída misteriosa dela? Eu sou apenas uma usurpadora apaixonada pela cunhada. Constato o que sei desde que pus os olhos nela.

         Adentro o quarto batendo a porta atrás de mim. Vou até a varanda e fico admirando a linda lua cheia. Isso me acalma um pouco. Depois de um tempo ali parada diante daquele imenso céu estrelado, olho para o relógio percebendo que já está super tarde. O Relógio marca 22:49 hs.

Demorando... e é porque garantiu que não ia demorar. Penso chateada. Logo retiro o roupão, ajeito a camisola em meu corpo e deito com a cabeça sob o travesseiro.

Ela deve está se divertindo com alguma piranha Arizona e você aí feito besta perdendo seu sono a esperando. Talvez ela nem volte hoje. O diabinho que reside em uma lado do meu consciente me atormenta.

Melhor eu ir dormir mesmo. Falo comigo mesma virando de ladinho e fechando os olhos. O cansaço mental me vence e eu adormeço depois de um tempo chamando o sono.

                      

*****

Na manhã seguinte, acordo com o universo já definitivamente conspirando contra mim. Pois, saio do quarto no mesmo momento em que Calliope está saindo do banheiro social. Banho recém tomado. Cabelo molhado. Apenas uma toalha cobrindo seu corpo. Por um momento, a tentação é mais forte e deixo meus olhos famintos e inconvenientes percorrerem sua figura quase indecente para minha paz interior, até me dar conta, encabulada, do que estou fazendo. E, ao encarar a morena, percebo que ela sabe exatamente o que se passa na minha cabeça.

Só que antes de tentar decifrar sua reação, dou-lhe bom dia me afastando sem olhar para trás, fingindo que nada aconteceu. Não espero por sua resposta. Quanto mais distante eu ficar dela, melhor para minha sanidade.

Assim que entro na cozinha, reúno logo os ingredientes para preparar o café para todos. decido por preparar crepiocas mistas, suco de laranja e café. Além de enfeitar a mesa com diversas frutas da estação.

Trinta minutos depois, Calliope adentra a cozinha dando-me bom dia sorridente.

___ É... parece que alguém teve uma excelente noite. Está com um humor tão reluzente. Digo com o ciúme gritando em meio as palavras.

___ Você não imagina o quanto. Diz com um largo sorriso de satisfação nos lábios.

___ Posso imaginar já que seu problema urgente demorou tanto. Falo ríspida. A morena gargalha alto.

___ Ciúmes? Indaga.

___ Claro que não. Digo dando de ombros.

___ Claro que não. Apenas ficou me esperando até tarde. Diz sarcástica.

___ Oras, não seja insolente Calliope. Falo dando um soquinho de leve em seu braço forte.

Ela levanta os braços em sinal de rendição e paz. Em seguida, enche uma xícara de café bebericando um grande gole enquanto me encara.

___ Aprendeu realmente a fazer um café. Está uma delícia. Diz bebendo mais um gole do líquido quente.

___ A prática nos aperfeiçoa. Respondo ao deboche sem humor. Ela senta-se rindo levando um pedaço da crepioca à boca.