Só me deixe ir...

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Arizona Pov's:

Treze dias voaram. Durante os três primeiros, fui submetida a alguns exames no hospital Grey Sloam. Que segundo Carina e Amélia, eram necessários. As meninas conseguiram me cadastrar no sistema do hospital apenas com o sobrenome da minha mãe, ficando então Arizona Brooke. O Robbins segundo Amélia, é muito conhecido e portanto levantaria desconfiança, principalmente, pela tragédia da Central de Polícia ainda estar muito em destaque na mídia.

Na ressonância realizada pela Amélia, não foi identificado nenhuma irregularidade em meu cérebro. Logo, ela concluiu que essa minha ausência de memória era temporária e decorrente do trauma sofrido.

Já na transvaginal, Carina viu um DIU solto no meu útero. Então, foi preciso retira-lo as pressas por meio de uma micro cirurgia realizada pela doutora cirurgiã fetal Nicole Hermam. Carina explicou que o DIU estava apenas machucando as paredes internas do meu útero, por isso do sangramento. Mas que, a medida que o bebê fosse crescendo dentro de mim, o DIU poderia machuca-lo, poderia provocar um aborto, ou até mesmo acelerar o parto.

A doutora Hermam abriu o colo do meu útero por meio de uma incisão e, depois o suturou por meio de uma Cerclagem cervical. Fiquei em recuperação hospitalar por quarenta e oito horas.

E no dia da alta, mais precisamente, minutos antes deu deixar o hospital, depois deu muito insistir, Carina me levou até o quarto da Maya.

No fundo eu tinha esperança de que quando a visse, eu lembrasse de algo. Porém, frustrantemente, não me recordei de nada.

De qualquer maneira me solidarizei com a situação da moça e orei pedindo a Deus por sua melhora diante de seu corpo frágil e pálido.

Carina ficou da porta nos observando entristecida. Depois seguiu comigo para sua casa.

E depois dessa primeira visita a Maya, fiquei vindo ao hospital todas as tardes visitá-la. Eu trazia um livro e lia toda a história sentada rente a sua cama. Percebi que isso fazia tanto bem a ela quanto a mim. Pois, uma fazia companhia a outra. E mesmo eu não me recordando dela, seu semblante sereno me passava sempre confiança e ternura.

E como nos outros dias, minha rotina hoje era a mesma.

Quando a visita acaba, como de costume passo no consultório de Carina e aviso que estarei lhe esperando na capela do hospital.

Aproveito sempre esse finzinho de tarde para conversar com Deus. Se antes eu não fazia isso, agora vindo ao hospital todos os dias peguei esse hábito.

Mas, antes de sair do consultório, comento que estou com frio. Logo, Carina abre sua mochila retirando um moletom marrom de lá e o joga para mim.

___ Vista-o. Ela diz.

Segundos depois o coloco por cima do vestido longo percebendo que ele ficou grande, folgado e até escondeu minha barriga. Mas serviu para me agasalhar.

___ Obrigada. Digo enviando-lhe um beijo no ar e depois saio andando calmamente pelos corredores.

Entro na capela vazia fazendo o sinal da cruz. Acendo uma vela e me sento no primeiro banco próximo ao círculo de velas. Uno as mãos segurando um terço que a Amélia me deu e baixo a cabeça fechando os olhos para começar a rezar.

Rezo o pai nosso, agradeço por mais um dia de vida, peço mais uma vez pela restauração da saúde da Maya e peço mais uma vez pela restauração da minha memória.

Depois começo a conversar com Deus. Exponho minha aflição por saber que em algumas horas todos saberão que estou viva já que o laudo pericial já está para ser divulgado. E comento estranhando sobre os sonhos quase que reais que venho tendo por três noites consecutivas com pessoas que ainda não as vi pessoalmente, mas que por já ter visto fotos no Instagram através do celular da Amélia, sei de quem se trata. Será que são meros sonhos? Ou são lembranças de fato?

A UsurpadoraWhere stories live. Discover now