Capítulo 4

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O jantar de equipe estava animado. Richarlison, o qual Son sempre retornava os seus olhos, interagia conforme podia e sentia que deveria. Sabia que, pelo fato de sua pouca comunicabilidade na língua estrangeira, ele encontrava dificuldade para se entrosar nos diálogos mais extensos. A prova disso era a forma como os olhos ficavam vidrados no treinador tentando captar cada palavra. Son percebeu que Richarlison era intenso quando se tratava de seu trabalho.

Enquanto os outros membros se distraem em pequenos grupos, Son vai até Richarlison, que acabou se sentando na ponta da mesa. Expulsando, gentilmente, o lateral esquerdo do time, senta-se ao lado do rapaz.

- Aqui, trouxe um para mim e outro para você. Viramos no três?

Son amava beber quando podia. Ficava tão restrito dentre os campeonatos que qualquer mini intervalo era o suficiente para fazê-lo apreciar um álcool. Richarlison não bebia tanto quanto ele, mas fazia a social, como agora.

Acenando, os dois batem os copos. O cilindrar dos vidros perdido no barulho ambiente, e, em seguida, deixam com que o líquido desça arranhando suas gargantas.

- Isso aqui é forte. Muito forte. - Richarlison tenta limpar a garganta e Son o imita.

- Richarlison, lança a música que você postou nos seus stories essa semana. - O goleiro pede e direciona a atenção da mesa para o mais novo.

- ... - Son sorri quando percebe que Richarlison iria falar em português. O próprio nota a gafe e demora um pouco para formular as palavras. - Era uma chamada...

Os outros jogadores começam a tentar cantar junto a ele, dançando em ritmos contrários à melodia. Son observa o sorriso e a alegria de compartilhar algo seu com os outros na face de Richarlison. Repara como o menino captou a atenção e todos pareciam se divertir vendo-o dançar improvisadamente.

Mais uma vez se condena por achá-lo fofo. Para punir-se, bebe mais um gole da forte bebida.

- Vamos passar num clube, querem ir? - Questiona o zagueiro Emerson, que também era brasileiro, com um olhar já embriagado.

- Vou não. Preciso descansar. - Richarlison diz já cumprimentando-o.

- E você Son? Bora arrumar alguém, você vive solitário, irmão.

Son sorri, mas dispensa com um aceno.

- Valeu, mas estou com ele. Não sou mais tão novo quanto vocês para isso.

- Ok, então, pai de todos. Nos vemos no treino! - Emerson os deixa com um rápido aceno.

- Por que não aceitou? Seria bom para você sair um pouco. - Son estava genuinamente interessado em saber o motivo.

Embora soubesse que Richarlison fosse introvertido, não que tal característica assombre sua personalidade brilhante, o rapaz havia socializado algumas vezes, saindo com os outros colegas de time.

- Estou quebrado. Minha nuca está doendo, preciso ver o fisioterapeuta, mas ele só pode amanhã de tarde. Não quero piorar minha situação, sabe.

Son leva a sua mão na parte que Richarlison apontou e pressiona os seus dedos na pele macia.

- Cuidado, está realmente doendo. Nem a bebida amenizou.

Mesmo sobre a reclamação não retira a mão de Son, mas esse afasta-se mesmo assim.

- Foi quando você caiu no jogo da semana passada?

- Acho que sim. Mas na hora não senti nada.

Os dois estavam na frente do pequeno e amistoso, mas nada barato, bar. No aguardo do carro que Son pediu minutos antes.

- Quer que eu faça massagem? Não sou fisioterapeuta, mas boatos de que minhas mãos são mágicas. Já recebi bastante feedback positivo.

Richarlison franze a testa e Son se pergunta se o rapaz entendeu toda a sentença.

- Eu posso fazer, se quiser. Quinze minutos e você pode ter uma boa noite de sono. Aproveita que hoje estou sendo legal com você.

- Pode ser, então. - Richarlison enfia ambas as mãos nos bolsos da calça, encolhendo os ombros, olha firmemente nos olhos de Son, que sente um conhecido formigamento em seu peito. - Pode falar devagar? Quando você fala rápido eu não entendo muito bem.

E, mais uma vez, vinha o sorriso involuntário, consequência de quão adorável Richarlison podia ser. Para dar vazão ao que sentia, Son toca gentilmente a lateral da face dele, deixando ali um tapa amigável antes de afastar a sua mão.

- Pode deixar.

Ele não sabia como era possível sentir tamanha afeição por Richarlison. O mais novo não aparentava tão adorável no primeiro dia que o viu. Na verdade, nada no homem o chamava atenção, mas criou tanto afeto por ele que pouco importava os detalhes que antes passavam despercebidos.

Son pisca algumas vezes, a realidade caindo em si e, como se enviado pelos anjos para a sua distração, o carro pedido buzina. 

Gol no seu coração (2son fanfic)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora