Capítulo 23

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Os lábios narram um ao outro vagarosamente, como se tivessem todo o tempo do mundo. O ritmo sendo ditado pelas respirações ofegantes, pela forma como Richarlison podia sentir o corpo de Son inteiro contra o seu, as mãos do atacante mais velho, maltratando as suas costas em uma doce contradição ao beijo suave.

Mesmo cedendo a necessidade de respirar, não se afastam. Richarlison sentia tanta coisa dentro de si, não estava acostumado com tamanho tumulto em seu peito e estômago. Por certo momento, ele realmente imaginou que poderia vomitar.

Son o traz para a realidade quando retira as mãos abruptamente de dentro de sua roupa. Richarlison o olha, assustado consigo mesmo diante da realização do que acabou de fazer, ou melhor, de dizer. O franzir de testa que recebeu do coreano não ajudou em nada.

- O que você está fazendo? - Son dá um passo para trás e as mãos de Richarlison caem na ausência do lugar do outro.

Son cobre o rosto com as mãos, da mesma forma como fazia quando estava frustrado em algum jogo. Quando permite que Richarlison veja a sua face, o rapaz nota que ele parecia enervado.

- Você só pode estar brincando comigo. - Son passa as mãos pelo cabelo e se joga no sofá. Seus olhos agora fechados e, embora a sua postura atuasse como relaxada, delatavam o quão apreensivo estava.

Richarlison se sentia perdido. Ele agiu por impulso e não sabia como seguir a partir daquele momento. Era a primeira vez que via Son chateado...com ele. Sentindo-se estranho em pé, decide se sentar também, mas na outra ponta do grande sofá branco. Suas mãos estavam inquietas, então ele começa a criar um ritmo em sua cabeça para fazê-las ocupadas contra a sua perna.

- Você vai me responder? - Son não se mexe. A sua voz calma contrastava com a gradual rigidez de seu corpo.

- A gente se beijou...é...tipo....a gente já não fez isso antes? - Havia um nó na cabeça de Richarlison. Além de a maioria das palavras que sabia em inglês desaparecerem sem deixar rastros.

- Você disse o óbvio, Richarlison. - O rapaz surpreende-se negativamente com a forma como Son falou, pelo o que parecia a primeira vez - embora soubesse que não era - , o seu nome sem as abreviações.

Son quebra com a sua auto representação sólida e vira-se para Richarlison. A presença de inconformidade estava estampada não apenas em sua expressão, como também nos seus olhos.

- É, nos beijamos! Você disse que gosta de mim, mas o que você quer? Eu preciso saber em qual página nós dois estamos, porque não dá para ficar no escuro! Eu não aguento mais isso.

Richarlison não sabia o motivo de ser tão difícil com Son. Ele queria pôr a culpa na barreira linguística, mas não era tão ingênuo ou desonesto a esse ponto. Ainda assim, encarar Son o forçava a enfrentar o que ele ainda não sabia lidar. Ao mesmo tempo em que não se importava em estar próximo do outro da forma como estavam minutos atrás.

Por isso Richarlison amava futebol. Era tão simples. O técnico apontava os comandos e no campo ele só tinha que dar o seu melhor. As decisões que tomava durante as partidas eram baseadas em técnicas e nos conhecimentos prévios acerca das movimentações dos jogadores. E só. Com Son não era assim. Era como se o coreano o jogasse num campo tão vasto, com infinito número de adversários que eram incrivelmente mais talentosos e mais rápidos que Richarlison.

Preso em sua cabeça, Richarlison se esqueceu da réplica ao questionamento anterior de Son, esse que expira lentamente pela boca antes de se levantar. Os olhos de Richarlison o acompanha ansiosos.

- Já que você não vai responder, vou continuar fazendo as minhas coisas. - Diz com o tom de voz audivelmente fatigado. - Fique à vontade. - Pegando o celular, Son retira-se da sala indo em direção ao segundo andar.

Gol no seu coração (2son fanfic)Where stories live. Discover now