Gol no seu coração (2son fanfic)

Capítulo 25 - Interlúdio

Interlúdio

O termo refere-se a um breve episódio ou a uma parte lúdica que entrecorta a sequência normal dos atos de uma peça de .

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- O que acontece se você não pegar esse voo hoje?

Richarlison pergunta no exato momento em que Son toca a maçaneta.

Son vira-se para o rapaz, que o olhava demasiado ansioso. Podia vislumbrar a mandíbula tensa e a inquietude da boca, que a cada segundo recebia uma mordida nos lábios inferiores. Os pensamentos de Son giravam sem musicalidade, sem ritmo, sem ordem. A surpresa do questionamento rompeu toda a trama que já tinha se formado.

Minutos antes, Richarlison o havia lhe dado um rápido abraço, que parecia incompleto e fugaz, mesmo que Son tenha aproveitado o máximo que pode da proximidade entre eles antes de se afastarem.

No fim, formou-se um momento um tanto desconfortável. Era nítido para Son que Richarlison não sabia como agir diante dele depois que as coisas entre eles mudaram naquele último dia e noite, então o mais velho optou pelo o que os dois estavam acostumados.

Foi frustrante também, tinha de admitir. Ainda mais depois que os dois literalmente dormiram juntos.

- Eu vou chegar atrasado. - Responde, averiguando o modo como Richarlison acenou levemente e transparecia estar pensando o mundo.

Son lentamente solta a maçaneta e vira-se para o homem à sua frente. Com um sorriso jocoso, pressiona os dedos na alça de sua mala ao seu lado.

- Por que?

- Ah... é...sei lá... - Enquanto os olhos percorriam a espaçosa sala, Richarlison age como se tivesse sido pego de surpresa.

Son se diverte assistindo-o sofrer com as palavras, assim como já estava acostumado com Richarlison balbuciar o léxico em português enquanto organizava os próprios pensamentos em inglês. Era irritante o quanto ele achava fofo.

- Você tem três minutos. - Son finge checar as horas em seu relógio invisível preso ao pulso.

Richarlison arregala os olhos e, repentinamente, torna-se mais aflito. Ao passar ambas as mãos pela cabeça, o rapaz encara Son, abrindo e fechando a boca repetidamente. Son abre um sorriso jocoso, a graça da situação tirando o melhor dele. Richarlison estava tão preso em seus pensamentos que mal notou que Son não tinha um relógio ou, ao menos, lembrar que o voo estava marcado para duas horas e ainda faltavam uma hora e meia.

Esse Richarlison na sua frente, confuso e propenso a dizer frases cortadas, em nada parecia com o que o puxou contra si na noite passada. O atacante mais novo mudava da água para o vinho de acordo com a motivação que carregava. Como ele podia ser tão arisco quando queria implicar, inexplicavelmente tão carinhoso em efêmeros momentos e tão lascivo em outros? Richarlison era um belo e intrigante quebra cabeças que Son certamente queria montar, mas incerto se deveria.

- Se não for problema, a gente pode sair. Já que não vamos nos ver. - As palavras saíram tão arrastadas que Son teve que remontá-las para compreender o sentido.

- A gente vai se ver dentro de duas ou três semanas, você sabe disso, não sabe?

Son estava vendido. Não que Richarlison - com a percepção de uma formiga - conseguisse apreender isso. Mas o coreano já havia desistido do voo no segundo em que captou a pergunta de Richarlison.