Capítulo 46

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Emerson não tinha certeza se havia algo acontecendo ou se a sua percepção estava precipitada. Mas chega a uma conclusão doze minutos depois no vestuário.

Incomumente, Richarlison chega no treino antes de Son. O rapaz parecia o mesmo de sempre, se não fosse o fato dele estar, visivelmente, com a energia baixa. O usual era o brasileiro dizer alguma piada sem graça para os colegas de nacionalidades e fingir que entendia o que alguns dos outros jogadores falavam. Contudo, o atacante restringiu a rotina com um sorriso sem emoção e o silêncio como acompanhante. Nem ao menos a expressão emburrada estava presente. Ele apenas parecia inexpressivamente medonho.

Após quase dez minutos da chegada de Richarlison, o coreano finalmente fez sua entrada. Assim como o brasileiro, Son não parecia estar em um dos melhores dias. Emerson agarrou-se a sua intuição que o alertava que, certamente, ocorreu alguma coisa entre os dois quando Son, que geralmente era mais sorrisos e conversas despretensiosas com todos e para todos, aquietou-se estranhamente.

Os jogadores mal se olhavam e Emerson podia garantir que ele não era o único que percebeu a mudança. Durante o treino nenhum dos dois foi discreto. Richarlison manteve a distância o máximo que pode. Mesmo nos exercícios em que, por vezes, havia contato físico. Em certo momento, trombaram-se, Emerson observou ao longe o exato momento em que o brasileiro afastou-se sem dar atenção a hesitação de Son, que parecia querer se pronunciar.

O zagueiro se questiona o que teria acontecido. Qual seria o motivo dessa situação? Até dois dias atrás eles estavam bem pelo o que sabia. Não que fosse da conta dele! No entanto, tão óbvio quando eles estavam na fase da amorosidade, essa possível fase de término não ficava para trás. Não fazia sentido para Emerson que fosse apenas uma briga usual. Richarlison era emburrado, mas superava as coisas rápido depois de algumas horas e com a cabeça mais calma. Son não ficava para trás, o coreano tinha um coração muito grande e tamanho espaço não recebia grande carga de amargura e rancor.

Encarando Richarlison mover-se pelo campo, olhando as próprias chuteiras, Emerson debate consigo mesmo se ele queria se meter nisso. Seja como for, o melhor poderia ser eles se manterem separados. Afinal, por vezes, os dois não conseguiam ser tão discretos como achavam que era. Recuperando em sua memória, relembra o dia em que Son foi trocar o conjunto de blusas térmicas e ficou visível algumas marcas na parte superior de seu corpo. Emerson revirou os olhos e desejou poder soltar uma piada específica para a situação. Então, se conteve com as brincadeiras dos que estavam presentes. Isso não foi muito tempo atrás, questão de dias. Como que passaram daquilo para um apartamento nítido e grosseiro?

Não é da conta de Emerson!

Pensando assim, o zagueiro tenta focar no treino.


=


A tentativa durou exatas três horas. Na volta para o vestuário decide chamar Richarlison para comer fora e o rapaz o responde com um aceno de cabeça. Mal o olhava. Na verdade, ele não parecia enxergar ninguém ao redor.

- Pena que Michelle não está aqui hoje. - Emerson diz apenas para quebrar o silêncio. Richarlison parecia distraído com o nada. - Sabe, existem outros restaurantes, mas aqui é confortável.

- Verdade. Acho que me acostumei também. - Emerson quase ri quando, finalmente, Richarlison responde.

- Uau! Obrigado por me garantir que você está prestando atenção. Achei que iria ter que falar sozinho. Se fosse assim preferiria sair sozinho.

- Estou te escutando, mesmo que você seja chatão. - Richarlison tinha uma mania de não focar nas coisas, ele apenas olhava de um lado para o outro, como se estivesse procurando algo e nunca encontrava. Às vezes, talvez quando lembrava que tinha alguém na sua frente, ele focava, mas durava por meros segundos a depender da pessoa. Essa característica estava pior hoje.

Gol no seu coração (2son fanfic)Where stories live. Discover now