Gol no seu coração (2son fanfic)

Capítulo 55

Son estava nervoso. Mal conseguia se lembrar da última vez em que se sentiu tão enervado por algo tão estimulável quanto o futebol. Tocando as bordas de seu casaco, adianta a expiração do ar para ter com o que se distrair. Sabia que a relação entre ele e Richarlion era nova para o rapaz, mas, de certa forma, era novidade para ele também. Tanto que não sabia lidar com a energia acalorada que percorria o seu peito, muito menos com a ansiedade que deixava os seus dedos inquietos, que tentavam distraírem-se inutilmente com a própria roupa. 

Ele não era mais um adolescente, ainda assim, chegou a afirmação de que adultos, tal qual os mais novos, ficavam sensíveis às sensações paradoxais de estar na presença de alguém que se está apaixonado.

O jogo de mais cedo foi completamente neutralizado pela tamanha expectativa que movia o corpo de Son até o restaurante. Ele não sabia o que esperar, até então, a sua cabeça estava centrada em fazer com que Charlie lhe desse mais uma chance. Agora, diante da oportunidade entregue a ele, não sabia como seguiria. Quem queria enganar? Mal consegue recuperar na memória a última vez que se esforçou tanto por alguém. Algo que nunca aconteceu, pois parte de seu tempo estava sempre focado no desfecho defasado da sua rotina trilhada pelo seu pai. Essa nova perspectiva de liberdade, de possibilidade...Son não sabia como prosseguir.

Os minutos passavam-se tortuosamente lentos, a vista da cidade parecia apelativa para o coreano, que não captava a beleza noturna sendo romanticamente iluminada pelas luzes das casas no horizonte. Tudo o que centrava era no celular. Da última vez em que viu Richarlison, estavam nas entrevistas pós jogo. Em um acordo tácito, os dois não se dirigiram à palavra assim que chegaram no vestuário.

Embora tenha se passado, apenas, sete minutos, na linha temporal de Son parecia uma eternidade e mais mil séculos. Assim que Richarlison, finalmente, surge na entrada lateral, o coração de Son solavanca. O rapaz trajava um conjunto preto que caía bem em sua estrutura corporal. A corrente de ouro no pescoço e o brilho do relógio no pulso esquerdo exigiram um sorriso de lábios fechados de Son.

Richarlison caminha inexpressivo até o mais velho, que não desviou os olhos do brasileiro. Sentia uma tensa calmaria, como o mar relaxado na manhã antes da tormenta diurna. Quando Richarlison senta-se na sua frente, tudo o que Son queria era pular todo o prefácio.

- Esse lugar é legal. - Richarlison foi o primeiro a falar, seus olhos desviando para os arredores. - Cadê as pessoas?

- Eu não sei. Talvez eles não estivessem com vontade de comer aqui hoje. - Levantando os ombros, Son expressa ingenuidade.

O rapaz acena, compreendendo o implícito.

- Você gastou dinheiro. Você é rico, não me surpreendo. - O tom de Richarlison parecia mais reteso e as palavras, embora forçadas, soavam mais truncadas do que o normal.

O rapaz estica a mão e bebe o copo de água já disponível na mesa. Seus grandes olhos se firmam em Son, que percebeu que ele não era o único nervoso naquela noite. Enfim, conseguia ler, um pouco, as nuances por cima da máscara de indiferença.

- Você gostou? - A novata insegurança provoca dúvidas em Son. - Eu não sou tão romântico quanto você. - Adiciona tentando quebrar a estranha apreensão.

Son nunca havia se preocupado em pensar se era afeito ao romance e aos seus detalhes, mas quando pediu para que seu assessor reservasse o segundo andar do restaurante no qual estavam, preocupou-se de que, talvez, não chegasse aos pés do que Richarlison fez para ele. Na verdade, Son só queria privacidade e, no máximo, um envolvimento mais semelhante ao que seria um encontro.

- Você não é melhor que eu. Mas aqui é ok. - O brasileiro olha ao redor novamente. Contudo, desta vez, reparando nos pormenores. Richarlison escaneia a bolha entreaberta na qual estavam, nos enfeites acima da cabeça deles, nas flores que compunham o lado de fora, a madeira polida e brilhante que ornamentava todo o redor.