Capítulo 5

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Richarlison muda de ideia assim que ambos chegam em seu apartamento. Imagina se não seria estranho ter Son fazendo massagem nele. Ao virar o rosto para checar o amigo, sente a dor que o atormentou durante todo o treino do dia. Sabia que tinha que ter sido mais cuidadoso, contudo sua ânsia de dar o seu melhor tirava, ironicamente, o melhor dele.

Que mal faria deixar Son ajudá-lo? Afinal, já havia visto o mais velho ser prestativo a tal ponto com o atacante reserva.

- Gosto de como você é patriota. - Son diz mexendo na camisa do Brasil estendida no sofá de dois lugares da sala.

- Vou jogar pelo meu país nessa copa, eu tenho que ser patriota.

Son sorri sem esconder sua surpresa pela singela arrogância. Ninguém havia sido convocado publicamente ainda, mas mantinha no coração a esperança de que Titi não o deixaria de fora, mesmo ele sendo relativamente recente em relação a alguns jogadores do Brasil.

- Essa mentalidade pode te fazer levar o hexa, pena que a Coreia não vai deixar.

Até parece que seu time é bom o suficiente para o Brasil. - Richarlison opta, propositalmente, por falar em português.

Observa Son franzir a testa e, talvez, tentar identificar algumas palavras isoladamente. O jogador era rápido em decorar os idiomas alheios e, por essa habilidade fora dos campos, Richarlison tinha inveja. Mal conseguia traduzir o que falavam em inglês.

- Aposto que está rebaixando o meu time. Mas saiba que estamos com tudo. - Provando que era perspicaz, Son compreende a mensagem sem precisar ter domínio do português brasileiro.

- Cala a boca. - Richarlison retira a sua camisa e taca no outro. - Vou colocar um som para você conhecer mais o Brasil. Lá tem muita coisa boa.

Son Heung-Min

- Você tem algum creme analgésico?

- De lei! Está na gaveta do quarto perto da cama. Vai lá. - Richarlison parecia distraído procurando algo em seu celular.

Son suspira profundamente, não entendia a apreensão em seu peito e, incisivamente, ignora tal sensação. O apartamento de Charli parecia simples, não havia decoração subjetiva além da camisa do Brasil na sala e algumas sacolas de compras em cima da cama mal arrumada. Fazendo conforme o indicado, abre a gaveta onde encontra o gel e, além de alguns papéis, uma caixa de camisinhas.

Os olhos escuros de Son demoram-se no pequeno objeto quadricular. Por um instante, encontrou-se chocado e, um pouco, decepcionado.

- Escuta essa, Son. Esse cara é brabo! Isso significa que ele é muito bom no que faz. - A voz de Richarlison quebra o seu inesperado transe. Ignorando sua própria reação, volta para a sala.

Quando Son sentou-se no sofá, Richarlison aproximou-se e sentou-se no chão entre as pernas do amigo, sem fazer tamanha cerimônia. Son, por outro lado, questiona se fez a coisa certa em oferecer-se para ajudar. Uma coisa era ajudar seus colegas de time dentro do clube onde treinavam, outra era fazer as mesmas ações do lado de fora.

Por mais que não quisesse, soava pessoal a forma como os seus dedos, já lambuzados com o líquido gelado e gelatinoso, tocavam os ombros e a nuca do mais novo. Soava ainda mais íntimo quando o rapaz jogou a cabeça para o lado e suspirou audivelmente.

Son foca no seu trabalho, desviando da percepção da sensação prazerosa que era tocá-lo.

- Você está gostando?

- O que? - Son para em seus movimentos, assustado pela pergunta.

- Da música? Sei que você não escuta rap, mas é uma mistura entre rap e funk.

- Sim, estou sim. É viciante a batida. - Responde enquanto os seus dedos voltam a agir, amaciando o músculo tenso do rapaz.

Son se pergunta se Richarlison já conheceu alguém pela cidade. Ele já havia saído algumas vezes com os outros jogadores, assim como com alguns dos seus amigos brasileiros. Afinal, Son era tão homem quanto ele e entendia certas necessidades. Eles não falavam tão intimamente e ele não se sentia no direito de questionar.

Focando em seus dedos, repara na diferença de tonalidade da pele deles. Como a sua era clara a de Richarlison era olivada, o que permitia o contraste entre ambos. Son perde-se nessa diferença enquanto administrava os seus dedos na pele exposta.

- Porra. Aí. - Sua experiência e lembrança auditiva avisam que o som que saiu da boca do outro era um xingamento. O qual ele preferiria muito mais do que o tom baixo e aspirado que Richarlison deixou escapar quando os dedos de Son pressionaram a área afetada.

Son suspira profundamente mais uma vez.

A sensação quente descendo de seu peito para suas partes mais baixas não era engraçado. A última vez em que, de fato, se interessou ou estendeu algo com alguém faz tempo. Os gemidos baixos que saiam de Richarlison não deveria ser um alerta, mas estavam sendo.

Desespero corrói a sua cabeça e gentilmente retirou os seus dedos da nuca forte do rapaz.

- Como está se sentindo? Sou bom, não sou? Pode admitir! - Para distrair, usa o seu tom brincalhão, mesmo que por dentro estivesse desassossegado.

- Mais ou menos. - Richarlison passou a utilizar essa expressão para qualquer coisa que o perguntassem e ele quisesse, propositalmente, irritar ou tirar sarro.

- Para de graça. - Son dá um tapa pouco amistoso na cabeça do mais novo que, como amava um desafio e não levava desaforo para casa, vira-se para Son e puxa a perna do atacante.

O jogador mais velho cai no chão e perde-se na risada, que estende-se quando Richarlison dá-lhe uma imperfeita chave de pescoço.

- Assim que você me paga por te ajudar, seu ingrato. - Son tenta sair dos braços fortes do garoto, mas parecia uma tarefa impossível de fazer quando se perdia forças rindo.

- Gratidão é para os fracos, Sonny. - Richarlison sussurra próximo ao ouvido de Son, que fecha os olhos imediatamente devido ao alvoroço prazeroso de suas sensações internas.

Ele desejou desistir, mas não perderia para Richarlison. Sabendo da falha no movimento, aproveita e toca a barriga do outro, provocando cosquinhas nas laterais do corpo musculoso, algo que descobriu recentemente nos treinos quando foi chamá-lo no vestuário.

Richarlison começa a rir e fraqueja em seu movimento. Son aproveita a brecha e empurra o adversário momentâneo no chão.

- Você foi injusto. - Richarlison comenta, ainda gargalhando. O sorriso infantil moldando a idade jovial na face do garoto.

Son sobe em cima do rapaz e continua o seu ataque. Richarlison tenta tirar suas mãos dele, mas estava ocupado rindo. Sendo misericordioso, Son para seu ataque e o observa aos poucos recuperar o fôlego.

Sorrindo vitorioso para a pessoa embaixo de si, surpreende-se quando é jogado no chão. Richarlison trocou habilmente as posições entre eles. Seu corpo mais largo que o de Son quase cobrindo o do mais velho.

- Acha mesmo que pode me vencer, Sonny? - Os ouvidos de Son demora a registrar o tom suave com o qual Charlie disse o seu apelido.

Son tomba a cabeça no chão e encara o rosto, tão próximo do seu, de Richarlison. Os olhos castanhos alegres e presunçosos nos seus. Son sente uma urgência de puxar a cabeça de Richarlison para si. O outro não parecia preocupado pela proximidade dos corpos no chão, no final, estavam acostumados a confrontos corporais.

- Eu sei que posso, pombinho. - Murmura devagar antes de empurrá-lo para longe de si. 

Gol no seu coração (2son fanfic)Where stories live. Discover now