CAPÍTULO 2

231 72 628
                                    

- E, aí, baixinha?

Fuzilo o garoto à minha frente com os olhos.

O Leo nunca espera que eu saia do ônibus para me cumprimentar - ou carro.

- E, aí, gigante? - ironizo.

Ele me abraça, fazendo eu me sentir uma criança; pois é alto e magrelo como um poste. Com os braços em volta de sua cintura, sorrio e reviro os olhos imaginando como uma pessoa tão irritante pode ser tão adorável.

Afasto-me com uma careta ao sentir uma pontada nas costelas. De novo.

- O que foi? - Atencioso como é, claro que ele ia perceber.

- Nada demais. Eu só caí da cama e me machuquei.

- Sei...

Caminhamos pelo estacionamento da escola. Emily vem logo atrás, conversando com uma colega sua da aula de História Universal.

Chegamos cedo, não há tantos carros ou motos para desviar. Leo cumprimenta alguns de seus colegas com acenos de cabeça.

O trajeto é curto. Mesmo assim, fico agoniada com os olhares que me lançam só por estar ao lado de um dos caras mais populares da escola. Dá até comichão.

Ouço um grito - talvez meu nome - e me viro para ver Isaak correndo de braços abertos em nossa direção.

- Como você aguenta um ser tão insuportável quanto este? - questiona ao chegar e me apertar contra seu peito. Tenho certeza que está mostrando o dedo do meio para o Leo, eles se detestam.

- Boa pergunta - respondo ao nos separarmos, apertando os lábios para não demonstrar que doeu abraçá-lo.
Leonardo nos observa com seus grandes olhos cor de mel. Os braços cruzados sobre o peito e um sorriso debochado no rosto.

- Ei, você vai ver sua mãe depois da aula? - Isaak chama minha atenção.
Balanço a cabeça positivamente.

- Posso ir com você? Tenho uma consulta marcada.

- Sim.

- Você vai me trocar por esse aí? - Emily surge ao meu lado.

- Claro que não. - Volto-me para olhá-la nos olhos. - Ele só vai me acompanhar até o hospital.

- Okay. - Ela afasta a franja loira do rosto. - Vou me preparar pra aula de wing chun.

- Eu também - diz Isaak, seguindo-a. - Tchau, Amanda.

- Tchau.

Observo enquanto eles se afastam, tentando ganhar tempo para as perguntas que eu sei que virão.

Mais rápido do que eu esperava, Leo solta:

- Não acho que você caiu da cama. Sua cara tá horrível.

- Não enche, Leo.

- É sério. Parece até que você encontrou um sobrenatural.

- Não encontrei. Bem, se pesadelo conta.

Seu olhar torna-se compreensivo.

- O lobisomem de novo? - sussurra, pegando minha mão de forma protetora.

- Estou assustada. Acordei antes de chegar perto o bastante para conversar com ele, como das outras vezes.

- E depois?

Preciso de um minuto para pensar.

- Não há lembranças. Acho que voltei a dormir.

Ele passa a mão livre pelos cabelos loiro-escuros num gesto nervoso, bagunçando-os.

CORAB 1Where stories live. Discover now