Coração partido
Estou terminando de fazer o café quando o telefone toca - eu sei, não é hora de me envenenar, mas o almoço sairá daqui a três horas e preciso de uma boa dose de energia. Desligo a cafeteira, presente do meu primeiro salário como barman na boate Hunger Beer, onde meu mundo ruíu há exatamente um ano atrás.
Acaricio Lennon, que está ronronando preguiçosamente na minha bancada, e vou até a sala com a xícara fumegante numa mão, logo pegando o telefone com a outra. Atendo sem prestar atenção ao nome que fez a chamada e tomo um gole da bebida amarga.
Do outro lado da linha, a voz macia da pequena Emily chama meu nome com tom de choro.
- Emily? - Paraliso o movimento de levar a xícara novamente à boca.
- Você sabia se Amanda estava planejando fugir com o Jason?
Engulo seco. Não esperava que me perguntasse isso.
- Não - digo rouco.
Ela funga.
- Eles sumiram. Mas não faço ideia s...
Não ouço o final da frase. Tudo o que consigo ouvir é o som da xícara atingindo o chão e se espatifando por todos os lados. O telefone cai da minha mão logo em seguida. Observo em silêncio o líquido quente se espalhar pelo carpete. Algumas gotas tocam meus pés descalços, mas sou incapaz de sentir a dor da queimadura.
Meu coração está dilacerado, quebrado em mil cacos e mais destruído do que a xícara poderia estar.
Então é assim a dor da decepção?
Caio de joelhos na pequena poça que se forma e recupero o aparelho, ouvindo Emily perguntar se estou bem.
Reúno fôlego para responder.
- Chego aí em menos de cinco minutos. - E desligo.
Cubro o rosto com as mãos. Meus ombros tremem com o choro que inicia.
Lennon, que suponho ter acordado com os objetos caindo, se aproxima e esfrega o rabo em mim. Levanto ele até a altura do meu rosto.
- Ela foi embora, Len. Fugiu com aquele cara que não merece um sorriso sequer da minha bella.
Parecendo compreender minhas palavras, o gato encosta a pata na minha bochecha úmida e mia baixo.
- Eu sei, Len, vou superar essa decepção um dia. - Recosto o pequeno animal no meu peito. Sinto sua língua lamber o café que respingou na minha camisa. - Mas não hoje.
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Quando cheguei ao destino, há alguns minutos, Emily me recebeu com os braços abertos. Incerto de como reagir, apenas a abracei e deixei que seus cabelos claros caissem sobre os músculos tensos de meus membros superiores.
Ela desfez o abraço e me encarou com os olhos azuis inundados de lágrimas.
- Não acho que a polícia consiga encontrá-los. Você pode me ajudar? Eu nunca saí de Evelyn City, mas você conhece o mundo lá fora e é o único que conhece o coração dela e se importa em procurar.
Abri a boca para responder, mas um investigador nos interrompeu e me fez perguntas sobre Amanda. Depois disso não consegui ficar à sós com Emily para dizer como posso ajudá-la.
No momento estou de pé à janela de Amanda, com vista para a rua. Não há um sinal sequer de arrombamento e quase todos os pertences dela estão aqui. Se ela não fugiu com o namorado, algo muito errado está acontecendo. Como podem os dois terem sumido num intervalo de tempo tão próximo e em lugares tão distantes entre si? Algo não se encaixa e eu pretendo descobrir o que realmente aconteceu.
De acordo com Emily, sua primeira sugestão foi que a prima teria saído para correr escondida. Porém, se isso for verdade, ainda resta a dúvida de como e porquê Jason desapareceu. Os amigos dele disseram à sra. Smith que o mesmo deixou a academia de boxing antes da trigésima hora, o que não bate com as informações do sumiço da minha bella.
- Merda! - Meu punho direito acerta a parede ao lado da janela, deixando uma marca disforme onde os dedos fechados bateram. Recosto a testa no local e suspiro. - Perché è fuggita? Che diavolo sta succedendo, dei?
- O que disse?
Olho para a entrada do quarto. A mãe de Emily está parada com o semblante preocupado e confuso.
- Apenas clamando aos deuses que iluminem os caminhos dela - minto, referindo-me àquela que vive em meus sonhos. - E ele também.
- Ah. Você acha que eles saíram da cidade juntos? - questiona.
Meneio a cabeça. Não sei o que pensar à respeito.
- Talvez eles tenham decidido ir embora. Ou talvez estejam dando uma volta em Portland. A pergunta é: por que sairiam sem dizer nada?
Antes que ela possa responder, Marly aparece ao seu lado. Ela respira fundo e me encara, provavelmente tendo escutado minhas últimas palavras.
- O carro do Jason foi encontrado na estrada para Portland.
- Então eles...? - A mulher loira estremece.
Fecho os olhos, esperando o pior.
- Estão vivos. O carro estava vazio e com a porta do motorista aberta. A pessoa que deixou o carro lá estava sozinha.
As mulheres me deixam e descem as escadas.
Então, mores, sentiram falta do Gagliardo?
Eu senti rsrs
Deem um votinho pra ele e um comentário bem bonito.
😘😘😘
Xoxo
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CORAB 1
Teen FictionEla é apenas uma humana assustada que vive entre sobrenaturais. Mas e se ela descobrir... que não é humana? AVISO: O Wattpad está com um bug que bagunçou um pouco alguns diálogos. Mas não acho que vá interferir muito na leitura. NÃO é uma fanfic. É...