CORAB 1

CAPÍTULO 28

Os últimos dias não têm sido fáceis. Violet está pegando pesado nos treinos, nos obrigando a lutar em trio todas as tardes. Pela manhã, temos aulas teóricas com Bryan, namorado dela, e depois do almoço ele a auxilia com o nosso treino de combate. Jason me ajuda o quanto pode quando lutamos juntos, mas ele não consegue me defender se ficarmos separados.

Não sei se isso é bom. Entendo a preocupação dele em me proteger dos outros, mas não sou completamente indefesa. Sei esquivar muito bem, pois já vi Emily treinando capoeira e aprendi a fazer igual. Também sei alguns golpes que me tornam mais do que uma menina fraca. Já me sinto mais forte do que na semana passada, quando caí na emboscada de Dylan. Aliás, não o vejo desde aquele dia, depois do jantar com o seu mestre ele simplesmente desapareceu. Uma pena, ele até parecia ser legal.

Hoje houve alguma mudança na agência e nós ficamos livres do Bryan por algumas horas, então estou treinando com o meu namorado para chegar ao nível dos outros. Não acho que fizeram a escolha certa em me manter nesse grupo, mas não vou reclamar. É melhor do que aturar as meninas lerdas do primeiro grupo ou os sobrenaturais do segundo, não que eu já não tenha me acostumado com a presença deles - as garotas fazem demonstrações de poder no dormitório -, mas ainda me assusta a ideia de combatê-los sem ter uma gota sequer do poder que eles têm.

Além de tudo isso, tem a Valery. Ela se afastou de mim aos poucos, têm me evitado e não olha nos meus olhos quando fala comigo. Sou incapaz de entender suas motivações, pois não fiz nada para magoá-la. Lembro-me da primeira noite aqui. Ela entrou no dormitório e se deitou sem falar comigo. Na manhã seguinte também não me acordou para comermos juntas. Quero confrontá-la e descobrir porque não conversa comigo como antes. Agora ela só anda com Brenda, e confesso que isso está me deixando enciumada. Não gosto de dividir meus amigos, na verdade, nunca gostei. Grey é testemunha.

Caramba! Como ele faz falta... Queria que estivesse aqui para conversarmos. Tudo seria mais fácil.

Meu queixo se move para trás, fazendo-me girar e perder o equilíbrio.

- Ai - gemo esfregando a área dolorida.

- Desculpe-me, querida. Não percebi que tava tão distraída.

Jason me ajuda a ficar de pé novamente.

- Tudo bem, Jay. Não vai doer para sempre.

- Droga! Eu devia prestar mais atenção. - Soca a parede com força.

- Ei, ei - chamo, agarrando-o por trás. - Calma, baby. Não foi nada demais. Tá tudo bem.

- Não tá tudo bem. Eu machuquei você, Amey.

- Shh... - Afundo o rosto nas costas encharcadas de suor da sua camisa. Seu peito desce e sobe rapidamente. - Eu tô bem.

Ele gira devagar e acaricia meu queixo.

- Isso vai inchar.

- Eu não ligo. - Sorrio. - Foi um acidente e foi melhor do que se outra pessoa tivesse feito isso.

Ele inclina a cabeça para o lado, confuso.

- Tá falando sério, Amanda?

Dou um sorriso amarelo.

- Eu te amo, Jay, e sei que não fez por mal. Um pequeno acidente, ossos do ofício.

Ele me agarra pela cintura e gira, fazendo-me dar gritinhos com o susto.

- Você é a criatura mais perfeita que existe - diz, me colocando novamente no chão de pedra cinza. - Eu te amo.

- Não sei o que seria de mim sem você.