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18 de novembro de 2010

𝙃𝙖𝙣𝙣𝙖𝙝 𝙂𝙧𝙞𝙢𝙚𝙨

Ninguém dormiu durante toda a noite. Arrastamos corpos a madrugada inteira, tanto de zumbis quanto dos nossos, menos o da Amy. Andréa não deixou ninguém tocar no cadáver da irmã, nem para ferir o cérebro dela.

Curiosamente, ontem Jim teve um surto e cavou várias covas no topo da pedreira. Achamos que ele estava ficando louco, que o sol havia fritado seus poucos neurônios. Parece que ele apenas previu o que aconteceria com a gente durante a noite.

— chega de carregar corpos para você, senhorita Grimes — Rick disse, aparecendo atrás de mim quando eu tentava carregar um zumbi

Eu estava suada, com sangue na roupa, o cabelo grudando no rosto e a respiração super ofegante, mas estava com a mente ocupada e sem tempo para pensar nas perdas.

— todos estão ajudando, Rick. Por que eu teria que parar? — passo por ele enquanto arrasto o morto pelos pés

— vai acabar passando mal, Hannah. — ele fala, a voz firme — coma uma barra de proteína e fique com as crianças, elas já devem estar acordando.

Rolo os olhos, mas escolho não contrariar o meu irmão. Largo o zumbi na enorme pilha de corpos e passo por ele, indo em direção o meu carro. Os vidros ainda estavam cobertos, o sol raiou a poucas horas, ou seja, ainda é bem cedo. Lori ficou com as crianças esta noite, para se certificar de que elas ficariam bem.

Abro a porta do passageiro, encontrando Sophia embrulhada com o meu cobertor, ainda dormindo. Gigi estava no banco do motorista, encolhida. Carl dormia abraçado a prima, que estava encolhida em seus braços. Acho o momento muito fofo, se eu tivesse uma câmera agora, eu certamente fotografaria isso.

Me estico no banco, alcançando uma blusa larga que deixei no painel outro dia. Ela está suja, então uso ela para secar meu rosto enquanto sento e me encosto em uma rocha.

A imagem de Amy sendo mordida se repete a todo minuto na minha cabeça, o seu grito se reproduz em minha mente, me deixando meio aérea do mundo real. Amy tinha a minha idade, talvez um ou dois anos mais nova, e agora está morta. Eu conversava com ela antes do jantar e agora estou encarando seu corpo ensanguentado ao lado do traíler.

— não olhe, será menos doloroso.

Viro para trás, encontrando Glenn encostado no traseiro do meu carro. Pisco algumas vezes e forço um sorriso, mas não funciosa muito bem.

— o que a gente vai fazer agora? — pergunto desviando o olhar para as pedras — para onde vamos?

— Rick e Shane estão resolvendo isso — se senta ao meu lado — como se sente?

Deito minha cabeça em seu ombro e solto um longo suspiro.

— ela estava sentada na minha frente e no minuto seguinte estava na boca de um zumbi. Eu atirei nele, mas não foi o suficiente — aperto os dedos — deveria ter ido até ela.

— você fez o melhor que pôde com o que tinha, está tudo bem.

Ele segura as minhas mãos, impedindo que eu continue cravando as unhas na minha pele, ou apertando os dedos incansavelmente. Glenn apenas fica ali comigo, em silêncio, como sempre faz.

𝗟𝗢𝗩𝗜𝗡𝗚 𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗗𝗔𝗥𝗞 | 𝐃𝐚𝐫𝐲𝐥 𝐃𝐢𝐱𝐨𝐧Where stories live. Discover now