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22 de novembro de 2010

𝙃𝙖𝙣𝙣𝙖𝙝 𝙂𝙧𝙞𝙢𝙚𝙨

— Hannah, preciso de você aqui — a voz de Glenn me chamou a atenção. Me viro, encontrando Daryl, Glenn e T-dog, o homem moreno estava com um grande rasgo no antebraço — o que houve?

— dois zumbis perseguiram a Sophia, ela saiu da estrada e agora corre por ai pela floresta, meu irmão foi atrás dela — puxo Giulia comigo — o que foi isso 'dai?

— me cortei na porta de um carro — ele responde entre dentes

— estava enferrujada? — toco o local com cautela, o analisando

— não, mas vai saber o que passou por ali durante todo esse tempo.

O corte é profundo, sangra bastante mas não parece ter perfurado nenhuma veia, o que já me é um imenso alívio. Apesar de feio, com o tratamento certo ficará tudo bem.

— vem, acho que tenho uma caixa de primeiros socorros no porta-malas.

Saio segurando o braço de T-dog enquanto Glenn vem logo atrás com a irmã, tentando a distrair do acontecido lá atrás. Abro a porta do passageiro, liberando meu gatinho.

— Gi, fica com o Bart, não podemos correr o risco de que algum pelo entre nesse corte.

A garotinha atende meu pedido, pegando o gatinho mariscado em seus braços. Vou até o porta-malas, revirando algumas coisas até encontrar o que eu precisava. Abro a pequena caixa, encontrando apenas soro fisiológico, gazes e esparadrapos. Nada de remédios, nada de material de sutura, nada de álcool 70.

— temos um problema — digo voltando para eles, que me olhavam apreensivos — só tenho soro e gazes.

— e isso não é o principal para a limpeza de um corte?

— sim, mas o seu corte é enorme e profundo, precisaria de pontos e analgésicos para a dor que ele irá te causar.

— você era a louca dos remédios, Hannah. Como é possível sua caixa de primeiros-socorros estar vazia?

— essa não é a minha, é a do Rick. A minha ficou no meu apartamento em Atlanta, em cima do hacker da sala. — me abaixo em frente ao homem — me dá o braço, vou fazer o que consigo com o pouco que temos.

T--dog me obedece. Jogo soro em seu corte com cuidado, limpando ele com o pouco de algodão que ainda restava naquela caixa e finalizando o curativo com gazes para cobrir o ferimento e impedir que ele pegue uma infecção ali.

(...)

Vinte minutos ou mais se passaram e nada de Rick e Sophia voltarem, nos deixando nervosos com aquela situação. Carol estava histérica, surtando com a ideia da filha estar naquela enorme floresta com dois zumbis em sua cola. A entendo, eu também estou.

Estava dentro do trailer, esperando Camilla no banheiro, quando ouvi os gritos arrepiantes de Carol, repetia "minha filha não" várias e várias vezes. Daryl adentra o trailer logo em seguida, procurando por alguém.

— o que houve? Sophia não voltou? — perguntei rapidamente

— Rick disse que a deixou escondia para matar os zumbis, mas quando voltou para buscá-la não estava mais lá. Talvez tenha se perdido enquanto voltava para nós, estamos indo atrás.

— agora? — me aproximo, ele afirma — quem vai?

— seu irmão, seus amigos e eu — dá de ombros — quero que fique segura até eu voltar.

— desde que você traga a minha criança de volta, faço o que quiser.

— ótimo, então não morra até eu estar de volta para te impedir de morrer, ok?

Apenas afirmo, ele dá as costas e sai do trailer outra vez. Meus pensamentos estão em Sophia sozinha na floresta. Em poucas horas o sol some e a noite chega, para o bem da garota, eu espero que eles a encontrem antes disso. O som da porta do banheiro se abrindo me tira do transe, me fazendo virar em sua direção.

— lavar as mãos, tia Hannah — a loirinha pediu

Sorri e a peguei no colo, a fazendo ficar da altura da pia, a deixando lavar as mãos sozinha. Ela as lava e seca na minha blusa, me fazendo a olhar torto, mas seu sorrisinho traquina me impediu de brigar com ela.

— você tem sorte de ser fofa, garota — ela deu uma gargalhada gostosa, me fazendo sorrir — vamos, sua mãe está esperando.

Levei minha sobrinha no colo para fora do trailer, vendo o grande caos que estava ali fora. Carol estava desesperada por estar sem a filha, e com razão. Mas aquilo acabaria assustando as crianças, assustaria Camilla.

— Hannah, leva os meninos para o carro, os mantenha lá até que todos voltem. — Lara pede

Encaro os dois, que logo entendem o que deveriam fazer, caminhando na minha frente. Carl e Giulia estão calados, focando sua atenção na floresta, como qualquer outro aqui. Eles abrem a porta do carro, se enfiando lá dentro. Coloco a bebê no banco do carona, soltando um grande suspiro ao me sentar no banco do motorista.

— a Sophia vai voltar, não vai, tia Hannah? — a voz baixinha de Carl foi ouvida

Me viro para eles com um sorriso pequeno nos lábios, na tentativa de os tranquilizar quando na verdade eu estava inundada de medo.

— vamos encontrá-la, você vai ver.

— Sophia é esperta, ela sabe se cuidar — a coreana disse confiante — é ela quem vai nos encontrar.

— sim, Sophia é a líder — ele diz — vai ficar tudo bem, ela vai nos encontrar, vai achar o caminho de volta.

Sophia se tornou parte da família, minha sobrinha mais amorosa, não posso perdê-la para este mundo, não posso. Me obrigo a sorrir para as crianças, disfarçando o quão preocupada estou com a garotinha perdida na floresta, escondendo a minha grande vontade de me xingar por ter deixado que eles se afastassem tanto de nós. O que custa dizer não a três crianças, Isabel?

(...)

Shane e Glenn voltaram na frente, falaram que Rick e Daryl seguiram os rastros da Sophia mata a dentro. Soso desviou o caminho sem querer poucos metros antes de chegar a rodovia, indo por um caminho desconhecido.

Manter Carl e Giulia ocupados não é nada fácil, eles não são bobos, sabem que estou tentando os distrair do que acontece lá fora. Enquanto os dois me questionam sobre tudo, Camilla dorme serenamente deitada entre os dois no banco de trás.

— olha, tia — ela aponta — Daryl e Rick voltaram.

Estreito os olhos, vendo os dois passando pelo parapeito da rodovia.

— fiquem com a Cams, eu volto logo.

Saio do carro, fechando a porta. Ando em passos largos em direção a eles, assim como o resto do grupo. Não estava tão longe, podia ouvir o que diziam.

— encontramos um zumbi no meio do caminho, mas ele não a pegou.

— e como sabem? — Carol questionou prontamente

Os dois se encararam por um breve momento, Rick dá um suspiro.

— abrimos ele para ter certeza, definitivamente não era a Sophia.

— vai anoitecer em alguns minutos, a minha filha continua dentro dessa floresta.

— voltamos a procurar assim que o sol sair, fazemos um grupo de buscas e só voltaremos quando encontrar a garota amanhã. Não dá para procurar por ela agora, vamos acabar todos perdidos.

Carol sai dali com lágrimas nos olhos, indo em direção ao trailer.

Por favor, Sophia, esteja bem.























O próximo cap é caótico, boa sorte a vocês.

𝗟𝗢𝗩𝗜𝗡𝗚 𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗗𝗔𝗥𝗞 | 𝐃𝐚𝐫𝐲𝐥 𝐃𝐢𝐱𝐨𝐧Where stories live. Discover now