03. hidden part of russia

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SCARLET PETROV

Joguei as chaves do meu apartamento em cima da mesa assim que tranquei a porta, deixando meu casaco na cadeira.

Levei minha mão até o bolso do mesmo e tirei o cartão de lá, colocando sobre a superfície da minha pequena sala de jantar e observando com atenção.

Marcavam quase onze da noite no relógio. Será que eu deveria ligar?

Fiz uma careta e levei a palma da mão até minha costela, onde estava bem dolorido desde a surra que tomei do bastão retrátil do homem que estava em uma operação.

O sujeito depositou sua raiva de mim naquilo.

Tirei meu celular do bolso traseiro da minha calça e fui até o sofá, com o cartão na mão e o celular no outro, discando o número logo em seguida.

E não demorou muito para que me atendesse.

— Scarlet... ? — Senti os pelos da minha nuca se arrepiarem.

— Pois não? — Eu engoli em seco, esperando por um retorno, o que não aconteceu. — Como sabe quem sou?

Escutei uma risada baixa do outro lado da linha, e por um segundo pensei em desligar, achando que poderia ser brincadeira com minha cara.

— Sei mais sobre você do que imagina — se queria me assustar, estava conseguindo.

— Olha, não faço ideia do que quer, mas se ficar com esses papinhos, não pensarei duas vezes antes de rastrear essa ligação e ir até você.

— Scarlet, esse cartão chegou até você com o intuito de que se torne uma de nós. Uma detetive da Agência Narcóticos — quando ouvi isso, senti como se tudo em minha volta não existisse e aquilo ali, fosse pura alucinação. — Eu sei que não me conhece e o fato de eu ter entrado em contato com você por um cartão, é mais estranho ainda, por isso, estou te fazendo um convite para vir até aqui, em Moscou, para que possamos conversar melhor — eu fiquei em silêncio.

Todos que trabalhavam na Narcóticos tinham suas identidades totalmente secretas. Eles não podiam simplesmente sentar em uma mesa de restaurante qualquer de São Petersburgo — ou outro lugar no mundo — e falar o que queria de você.

— Por quê? — Foi tudo o que consegui dizer.

— Eu vi como você é brilhante. Te quero na minha equipe dos melhores detetives e espiões da Rússia. Quero que se torne muito mais que uma recruta em treinamento. Tem potencial — não conseguia dizer nada.

Como ele soube da minha existência?

— Eu nem deveria estar te falando essas coisas por telefone, mas não tinha outro jeito.

Eu estava surpresa com o que tinha acabado de escutar, eu precisava processar tudo isso com calma.

Era óbvio que queria entrar na maior Agência de detetives do país, onde existiam dos melhores espiões até os maiores matadores da elite que um dia alguém já viu.

Aquilo não era brincadeira.

Eu só não esperava que fosse tão rápido assim.

BORN IN BLOODWhere stories live. Discover now