06. fuck you

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SCARLET PETROV

Hunt acordava cedo. Bem cedo.

Pude escutar o barulho da porta bater e as louças de vidro sendo mexidas, e nessa de escutar demais, descobri que tinha uma academia aqui.

Depois da maneira que falou comigo ontem e não fez pelo menos o esforço de mostrar-me onde seria meu quarto, acabei entrando no cômodo grande, também escuro e com uma diversidade de aparelhos aeróbicos. Cheguei até lá pois o barulho de música baixa me chamou atenção, e percebi um par de bandagem para boxe jogada próximo ao saco de pancadas, e eu me toquei que meu colega de apartamento recebeu-me logo após ter treinado.

E tomando todo o cuidado possível para não acabar entrando no quarto dele enquanto procurava o banheiro, tomei uma ducha e caí no sono como se eu estivesse há dias sem dormir.

Também descobri que ele era péssimo em fazer silêncio.

Mais cedo, em menos de dez minutos, Hawke havia derrubado mais de três potes no chão.

A porta se abriu, e o dono dos meus pensamentos passageiros apareceu diante de meus olhos. Sua camiseta cinza estava molhada, os lábios entreabertos e o mesmo me fitou do outro lado do cômodo com as sobrancelhas juntas.

— Bom dia — forcei um sorriso.

Ele não me respondeu.

Apenas fechou a porta e começou a caminhar em direção a escada, e antes que pudesse se enfiar em seu próprio mundo novamente, dei a volta no balcão de mármore e chamei sua atenção, fazendo com que o mesmo parasse no degrau. Ele segurou tão firmemente no corrimão que puder notar suas veias se estufando.

— Será que você poderia me dar uma carona quando estiver indo para a Narcóticos? É que eu estou sem carro...

— Não — ele me interrompeu, fazendo-me ficar sem jeito com sua resposta dura, e quando ia continuar a caminhar para seu destino, chamei sua atenção novamente, tendo a certeza que estava o deixando irritado.

— É sério que vai ser rude comigo por conta do que aconteceu em São Petersburgo? Eu já disse que não foi intencional, Hunt.

Ele prendeu seu lábio inferior entre os dentes, avaliando minhas pernas por meros segundos antes de descer degrau por degrau novamente, ficando próximo o suficiente para que eu pudesse sentir sua respiração ofegante contra meu nariz.

Seu corpo esguio fazia com que eu tivesse que erguer mais que o necessário meu queixo para poder encarar seu rosto odiosamente simétrico. 

— Eu só não acho certo a maneira que entrou para a Narcóticos e muito menos capacitada para esse tipo de trabalho. Saiba que não é igual a EILD, e se começar a brigar igual idiota como fez aquele dia, pode morrer mais rápido do que entrou para o cargo.

Semicerrei os olhos em sua direção, sem saber o que dizer ou expressar diante do que havia escutado.

— Não quero que me chame de Hunt, a propósito.

— Como sabe que eu não sou capacitada para o trabalho? Você nem me conhece, Hawke — seu sobrenome saiu como uma bala ácida de minha boca, acompanhando de um riso irônico.

BORN IN BLOODWhere stories live. Discover now