11. maybe the first piece

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| não revisado. me perdoem por qualquer erro |

SCARLET PETROV

A bucha machucava minha pele já avermelhada de tanto que eu esfregava com tamanha força entre meus dedos e meus braços. A partir do momento em que o sangue pareceu seco em meu corpo, senti vontade de morrer. As lembranças de um passado no qual me vi em uma mesma situação tomaram conta dos meus pensamentos. E eu não sossegaria até que estivesse limpa.

A água gelada caía certeira no ralo da pia que uma vez foi branca, pois o tom escarlate respingado por toda parte era de se confundir qual era o verdadeiro tom.

Levantei a cabeça, fitando meu reflexo ainda com vestígios do líquido sequioso em minhas bochechas e colo, porém, a cor roxa ao redor do meu pescoço foi o que me deixou ainda mais agoniada. Fechei as pálpebras, tentando não deixar com que aquele dia terrível voltasse à tona.

Minha respiração começou a ficar desregulada ao mesmo tempo em que aquele lugar pareceu encolher cada vez mais.

E como se Deus estivesse ao meu favor pela primeira vez na vida, Hyejin adentrou no banheiro da agência, alertando que Ivan queria todos juntos. Ela não percebeu, mas entrada inesperada naquele cômodo, salvou-me de não ter uma crise. Bem no meu local de trabalho.

Seus olhos passearam pelo meu pescoço, pegando a bucha de minha mão e a jogando para longe de mim. Os dedos finos da garota enrolaram em meu cabelo, logo ela levou sua palma contra o jato de água fria, passando a mão na área machucada e nos resíduos de sangue.

— Você matou oito homens em cinco minutos. Cinco minutos, Scarlet. Eu sabia que era bem treinada, mas não tanto — seus olhos fitaram os meus.

Não lhe respondi. Apenas continuei calada desde o momento em que pisei na Narcóticos. Hyejin pareceu entender que eu não queria falar nada, então prosseguiu me ajudando com alguns machucados até que Miles viesse nos procurar, recordando-me que era para estarmos com Ivan há poucos minutos atrás.

Joguei água pela última vez em meu rosto antes de sair do banheiro, secando as mãos no meu vestido que pela cor escura, não era notório sujeiras ou manchas, mas eu sabia que tinha.

Caminhando em passos lentos até o meu chefe, não deixei de ouvir burburinhos vindo de dentro de seu escritório. No mesmo instante, fiquei com receio do que diriam sobre eu ter deixado Jon escapar.

Miles empurrou a porta, e eu recebi um olhar repugnante de Liz, que estava ao lado do irmão.

— Não conseguimos nada além de três dedos extraídos — arregalei os olhos com a confissão do chefe, então, me dei conta que Hunt não estava presente. — Se ele não falar, Hawke irá matá-lo.

Rolei minhas orbes para as mãos de Alma, onde sempre havia papeladas e uma porrada de documentos. Dei a volta pela sala, parando ao seu lado e pedindo cautelosamente para observar os papéis dentro de uma pasta parda.

Quando toquei nas folhas, li cada coisa sobre Jon que meu chefe e sua ajudante conseguiram, e como se fosse um minério precioso encontrado no meio de tanta pedra, cravei meus olhos na imagem que o faria falar.

Fitei Ivan, lhe mostrando. Ele deu dois passos curtos para trás e colocou as mãos na cintura, como se dissesse que eu me deparei com algo que nenhum deles pensou em ir atrás. No entanto, soube que se sentia orgulhoso por isto.

Peguei as informações e tentando caminhar mais rápido, fui até a sala no subsolo da Narcóticos, prestando atenção que Christopher vinha comigo silenciosamente.

As portas do elevador abriram e no fim do corredor pude ver o cômodo que era protegido por um sistema de identificação pela face dos agentes, e quando enquadrei meu rosto naquela câmera, a luz ficou verde. Assim que atravessei a porta, notei pelo grande espelho que apenas quem estava desse lado poderia ver o que acontecia lá dentro, Jon totalmente machucado e realmente sem três dedos. Travei a mandíbula ao perceber que Hawke apagou o cigarro na pele do suspeito, pressionando com toda sua delicadeza no braço do homem.

BORN IN BLOODWhere stories live. Discover now