25. pact with the devil

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"Você pode ser a Alice
Eu serei o Chapeleiro Maluco."

— MAD HATTER, MELANIE MARTINEZ

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HUNT HAWKE

             — Por sorte, a bala era de festim.

A médica russa — que falava extremamente bem inglês — de estatura média, cabelos loiros e olhos azuis, vestia um uniforme branco impecável com uma cruz vermelha. Ela movia-se silenciosamente pelo quarto chique, abrindo um sorriso extremamente irritante em seu rosto antes de cobri-lo com uma máscara da mesma cor que o jaleco.

Pude sentir quando Christopher, sentado na poltrona grande ao meu lado, lançou-me um olhar curioso.

— Não há nenhum dano sério, apenas algumas escoriações. Você estará bem em breve.

Ela aproximou-se de meu corpo enrijecido na cama confortável e cara daquela suíte hospitalar, situado em um elegante edifício de vidro e aço no coração de Moscou, pronta para refazer o curativo e deixar-me ir embora.

— Cuide adequadamente da ferida. Voltarei logo.

Fora a última coisa que indicou antes de se retirar.

A suíte na qual eu estava era decorada com cores suaves e móveis de design moderno. Haviam grandes janelas do chão ao teto, oferecendo-me uma vista panorâmica da cidade enquanto cortinas de seda cintilavam suavemente com a brisa. O piso de mármore era aquecido, proporcionando um conforto adicional.

Em frente a cama king-size em que meu corpo descansava, existia uma TV de última geração embutida na parede, e ao lado da mesma, habitava uma porta, que dava acesso ao amplo banheiro revestido de mármore.

— Como caralhos você ganhou um tiro de bala de festim? — Ele perguntou, claramente desacreditado.

Não podia dizer a Christopher que Kagen entregou-me aquela arma acreditando que eu a usaria contra ele, imaginando que, se eu fizesse, nada aconteceria com o próprio, podendo ter a oportunidade de atacar-me, como desejava desde o início. No entanto, seu plano de merda nitidamente não funcionaria, e a confirmação para a cogitação, está em sua atual situação.

— Andrei Smirnov pensou que a arma era de fogo — indaguei, a voz firme, a máscara frígida e sem emoção.

Christopher ergueu as sobrancelhas e cruzou os braços sobre o peito, prestes a expressar sua opinião sobre a mentira, mas não fez quando a porta se abriu abruptamente e, vestido impecavelmente em seu terno escuro e gravata cuidadosamente alinhada, Ivan  apareceu. Nitidamente aturdido.

— Como se sente?

Ele tinha muito a dizer, e talvez não fossem boas notícias.

Balancei a cabeça, indicando que estava tudo bem até então.

— Você parece surpreendentemente calmo para quem levou um tiro — comentou, estranhando tamanha naturalidade vindo de minha parte. Dei de ombros, piscando em devaneios futuros.

— Foi insignificante — conclui, compreendo que seria ainda mais irrelevante com o que eu faria ao sair deste lugar. — E então? Notícias? — Mesmo sabendo o motivo por estar agitado, eu perguntei.

Ivan balançou a cabeça, ansioso para dizer o que passou a lhe atormentar em menos de vinte e quatro horas.

— O Imperador entrou em contato, enfatizando que o soldado encerrou o compromisso confidencial conosco — ele colocou uma das mãos na cintura, a outra, ergueu até a têmpora, entrando no assunto de meu interesse. — Não tive a chance de conversar com Kagen sobre o acordo...

BORN IN BLOODWhere stories live. Discover now