27. The Beginning Of The Lie

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"Talvez seja a maneira como você diz meu nome
Talvez seja a maneira que você joga meu jogo
Mas é tão bom."

— DANDELIONS, RUTH B.

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SCARLET PETROV

— Onde diabos vocês... Jesus.

Ao cruzar a entrada, nos deparamos com uma Alma envolta em um roupão, segurando um celular. Seus olhos se arregalaram ao ver o que Hawke carregava nos braços.

— Não acredito nisso — a voz de Christopher saiu em um fio. Notei sua mão enfaixada, pousada cuidadosamente sob a barriga.

— O bicho deve estar cheio de pulgas, Hawke! Que nojo! — Ela exclamou, fazendo uma careta.

Hunt levantou a mão livre e acariciou a cabeça do gato. Seu bíceps, contraído pelo esforço de confortar o seu novo animal, era quase do mesmo tamanho que o corpo peludo do mesmo. Hawke inclinou o pescoço e encostou o nariz fino e perfeitamente alinhado no do gato, que fitou o dono com os olhos coloridos.

— Estamos prestes a iniciar uma operação de emergência e não podemos mantê-lo aqui, Hawke.

Franzi as sobrancelhas, prestes a contestar a fala dela, mas não tive tempo, visto que Hunt proferiu o que desejava antes mesmo que eu pudesse fazer qualquer pergunta.

— Quero que providencie o transporte dele o quanto antes. Assim que chegar em Moscou, leve ele para o melhor petshop da Rússia — ignorou a fala de Alma, demonstrando que só valorizava o que estava em suas ordens.

— Hawke, o preço será alto, e é improvável que conseguiremos isso ainda hoje.

— Claro que consegue. Eu sei que você consegue, Alma — protestou com firmeza na voz. — Quanto aos custos, eu os cobrirei, não importa a quantia. Apenas siga minhas instruções.

Com sua fala sutil mas nitidamente autoritária, eu pensei: ele tinha este poder sobre Alma?

— Me dê esse animal — a mais velha falou, revirando os olhos, prestes a segurar o gato. — É menino?

Hawke fitou o felpudo com as sobrancelhas franzidas de dúvida.

Quando Hunt decidiu voltar para a realidade depois do que aconteceu no beco escuro de Scampia, ele tomou o gato de mim, perdendo-se em carícias nos pelos brancos como a neve do animal. Desde então, não discutimos o ocorrido, tampouco paramos para procurar se o gato era macho ou fêmea.

— É menina — pronunciou com sua voz grave. — Chamaremos de Nabi.

Contive minha surpresa ao ouvir o nome da sua nova gata, desviando o olhar para Christopher, que pareceu compreender a razão por trás da escolha. Estreitei levemente os olhos, observando a cena atentamente.

— Bonito o nome, irmão — o rapaz falou, movimentando suavemente a cabeça.

Eles realmente tinham um vínculo genuíno, quase imperceptível, extremamente sutil. Levaria muito tempo para qualquer um notar, capaz de nem constatar, mas de alguma forma muita estranha, eu percebi.

— Alma, você mencionou sobre uma operação de emergência, ou eu ouvi errado? — Mudei de assunto, lutando contra o meu interior para desviar os olhos de Hawke.

A mulher de meia idade pareceu agradecer por finalmente estar falando sobre algo importante, dando início ao que nitidamente lhe incomodava.

— No aviso que recebemos ao chegarmos aqui, durante a missão de Sergey, os outros estariam investigando os antigos pertences de Alec, possivelmente relacionados à maleta e ao desaparecimento de Irina.

BORN IN BLOODWhere stories live. Discover now