21. huting

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"Cabeça Dinossauro
Peça de mamute
Espírito de porco."

- TITÃS, CABEÇA DINOSSAURO

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SCARLET PETROV

Meu punho ia de encontro repetidas vezes com porta de madeiras em detalhes de azul celeste à minha frente. A estrutura que desejávamos entrar era grande e pintada com um branco já desgastado pelo tempo. À frente da casa pequena existia um jardim bem cuidado que se estendia, com canteiros de flores coloridas e arbustos de groselha que a dona do lugar parecia cultivar com carinho.

A brisa gélida que acompanhava a tempestade soprou em meus ouvidos, causando um calafrio em meu esqueleto e um incômodo na minha garganta. Meus cabelos pingando influenciavam na dor que queria surgir em meus ouvidos.

- Senhora Polina?! - Gritei, socando com mais força e brutalidade a porta que estava prestes a ser derrubada. - Porra...

Murmurei, dando poucos passos para trás e abraçando meu corpo coberto pela minha jaqueta encharcada com meus braços finos e trêmulos. O mínimo de espaço livre que tinha entre mim e a ombreira fora ocupado pela estrutura física de Hawke que, como sempre, estava impaciente com tamanha demora da velha que poderia estar se escondendo das autoridades. Porém, ele não fora estúpido igual a mim, pois havia percebido algo que deixei passar.

Seu dedo pressionou a campainha, consequentemente, conseguindo um sinal de vida. Não demorou mais que cinco segundos para a porta ser aberta em um movimento abrupto, revelando a imagem da mulher mais velha. Os cabelos grisalhos eram curtos, seu corpo pequeno e fraco estava embrulhado em um cardigan cinza e longo. A camisetinha por baixo do tecido grosso era rosa, repleta de pelos que deduzi ser de gatos. A senhora sorriu. Um sorriso bangelo, deixando os olhos pequenos.

- Bom dia, senhora - indaguei, o riso desmanchou-se rapidamente quando olhou para meus lábios. Ao voltar a fitar meu rosto, suas sobrancelhas com falhas estavam franzidas. Notei um relógio em seu pulso.

Percebi que a senhora ficara um pouco hipnotizada com os olhos impossíveis de se ignorar. Tal como não sabia para que lugar de seu rosto bonito fitar. A boca cheia, portadora de uma marca primitiva ou as íris que pareciam mudar de acordo com o humor do homem, deixando-o ainda mais fascinante para quem o observava.

Hawke enfiou a mão no bolso de sua calça, erguendo o distintivo brilhante na altura das orbes escuras da idosa à nossa frente. Ela afirmou com a cabeça e, novamente, meu parceiro surpreendeu-me.

- Viemos atrás de informações sobre seu filho, Sergey - ele sinalizou, conversando com a senhora na língua de sinais.

Bonito, habilidoso, inteligente, estiloso, rico para um caralho e ainda entendia a língua de sinais extremamente bem.

Este era Hunt Hawke.

Cada vez mais que descobria uma modesta coisa sobre o próprio, eu tinha a certeza de que ele realmente era o verdadeiro enigma humano.

Escondi o meu choque, e consegui disfarçar ainda mais quando dona Polina nos convidou para adentrar em sua casa por conta do trovão forte, que me fez contrair os ombros com o barulho súbito.

Sua gentileza era reconfortante, e quando varri os olhos em cada canto de sua moradia tradicional ao colocar os pés no tapete felpudo amarelo, percebi em como ela realmente parecia ser gentil.

BORN IN BLOODOnde as histórias ganham vida. Descobre agora