Cinco - Dylan

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No caminho do hotel até a mansão da família Ferrari, coloco Luna a par das informações mais relevantes, para que não se assuste tanto quando conhecer sua família. Depois de algumas coisas aleatórias, explico sobre o sobrenome Ferrari, que não tem nada a ver com a empresa de carros. E, então, eu me reservo a apenas responder as perguntas que ela faz, evitando certos assuntos mais delicados.

— Meu avô é um homem muito rico, não é?

— Rico e poderoso.

— Ferrari é um sobrenome italiano, não é? Minha mãe falava italiano.

— Sim.

— Ele não é nenhum tipo de político, ou é?

— Giovanni Ferrari é um empresário importante, tem contatos no governo, mas não gosta muito de política, na verdade.

— Ele é perigoso? — pergunta, quando descemos do jato e a guio para um dos carros que já nos esperam perto do hangar. — Porque vamos ser honestos, o que você fez com Big Time Jack não foi bonito. Não é coisa de caras bonzinhos.

— Eu nunca disse que era um cara bonzinho.

— É verdade — ela dá de ombros.

Fico em silêncio, terminando o assunto porque Luna ainda não está pronta para compreender que seu avô não apenas é um Don da máfia italiana, como também é o mais importante deles, o cabeça do clã de Nova York, a Aliança.

— Tudo bem, senhor fico mudo e carrancudo, vamos encarar o vovô — ela provoca ao fazer aspas no ar e afundando no banco de trás com um olhar rabugento.

Eu me sento ao lado de Luna e indico para o motorista que já pode dar a partida, ele espera apenas que Caleb assuma o banco do passageiro, depois que os outros soldados entram no carro da frente e de trás. Saímos logo na sequência.

— Por que tantos seguranças?

— Porque sim — digo e ela bufa.

— Muito maduro da sua parte — Luna me encara com os olhos claros que hoje estão transformados em duas esferas meio cinzentas e meio azuis de tirar o fôlego. — Seguranças, carros chiques, jatinho, Ferrari que não é do carro... caramba, meu avô é um tipo de celebridade?

Ela consegue ser bastante irritante.

— Por que não espera pra conhecê-lo e então tira todas as suas dúvidas?

— Porque estou ansiosa e não consigo parar de falar.

— Percebi — retruco e ela aperta os olhos, fazendo uma careta engraçada de desgosto.

— Você é um saco — diz, cruzando os braços sobre o peito e virando para o outro lado.

Sorrio, mas rapidamente volto ao normal. Luna tem essa coisa viva e intensa que mexe com algo dentro de mim. Como se todos os meus instintos pedissem para protegê-la do mundo, mesmo quando ela pode proteger a si mesma.

Pelo resto do percurso, Luna se mantém em silêncio, forçando-se a engolir a falaçada que nitidamente ela está querendo começar. Incomodada, remexe no banco, aperta as mãos, respira fundo.

Fico tentado a confortá-la, dizer que não tem com que se preocupar, mas a verdade é que ela está sendo levada para o seio da máfia italiana e não se preocupar não é bem uma opção.

Assim que cruzamos o portão de ferro, Luna solta o ar dos pulmões com força, chiando de surpresa. Seus olhos correm ligeiros para a visão do outro lado do vidro.

Ela não perde nada e seus olhos se arregalam ainda mais conforme nos aproximamos da casa. É imponente e feita para provocar efeito quando alguém a vê, é como se apenas por olhá-la soubéssemos que o dono da casa é alguém a quem não devemos desafiar.

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaOnde histórias criam vida. Descubra agora