Vinte e Um - Dylan

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— A essa altura você já deveria ter descoberto o paradeiro dele — esbravejo com Caleb por telefone.

— Eu sei, chefe, desculpe, mas o homem evaporou. Ele tem ligações com uma gangue de motoqueiros, os caras não abrem a boca e ainda protegem o escroto.

— Talvez esteja na hora de negociarmos com esses caras.

— Vou sondar as coisas, ligo assim que possível.

— Ótimo.

Termino de falar com Caleb e viro para a escada no exato momento em que ela aparece lá no alto.

Algo revira dentro de mim, um arrepio percorrendo minha nuca e indo se instalar no meu estômago.

Luna está com os cabelos presos, mas algumas mechas rebeldes escapam e adornam o rosto, dando ares sedutores que me roubam o ar. O vestido preto a abraça nos quadris e salienta os seios, deixando apenas a curvatura deles à mostra. É o pecado em forma de mulher.

E é o meu tormento.

— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta, quando chega ao último degrau.

— Vou cuidar da sua segurança.

— Não acho que seja necessário, Oliver parece ter cuidado de tudo.

Não digo mais nada, não importa o que ela pense, não sairei do seu lado nem que pra isso tenha que bater em alguém. Dei minha palavra que protegeria Luna com a minha vida se fosse preciso e depois do ataque ao restaurante da família, nada vai fazer eu me afastar dela.

Ainda mais com esse vestido.

Se o Oliver Bianchi acha que vai se aproveitar dessa garota, está tremendamente enganado. Luna é minha protegida.

— Tudo bem, pelo jeito não vou me livrar de você, então vamos.

Oliver está sentado no sofá da sala, conversa com o Don com informalidade, o que não me é nem um pouco estranho já que ele é primo de Giullia e veio muito aqui desde que ela nasceu. Sua família tentou levá-la com o argumento de que deveria ficar com os parentes da mãe, mas o Don impôs sua vontade, assegurando que uma Ferrari sempre fica com os seus.

Giullia pode ser uma Bianchi, mas o sangue Ferrari sempre fala mais forte, ainda mais enquanto Giovanni estiver à frente da Aliança.

— Nonno — Luna fala ao entrar na sala. Com os olhos baixos e o jeito recatado ninguém seria capaz de dizer que tem um temperamento indomável.

— Minha Luna. — Giovanni a puxa para um abraço e um beijo na cabeça.

Vejo Declan passar e acenar para que eu vá falar com ele. Deixo que Giovanni se encarregue das apresentações e vou ver o que meu irmão está fazendo aqui. Ele para perto da escada e fica esperando por mim.

— O que aconteceu? Por que voltou sem a Giullia?

— Porque tinha coisas a resolver, mas ela está segura, Ryan e mais alguns soldados estão me cobrindo por alguns dias.

Meus olhos voltam para a sala e vejo Luna sorrir de um jeito que faz meu coração saltar feroz. Não é possível que ela está se derretendo por Oliver. Não.

— Vai deixar sua garota cair nas garras dos Bianchi? — meu irmão pergunta.

— Ela não é minha garota — digo, suspirando.

— Porque você está bancando o difícil.

— O que você quer dizer com isso? — Encaro meu irmão e ele suspira, impaciente.

— Todo mundo já notou o jeito que vocês ficam perto um do outro. Mas se você não se importa de perder a garota pra um Bianchi, quem sou eu pra questionar?

Declan me deixa ali remoendo o que disse e sai, está todo misterioso, mas sei que tem a ver com alguma mulher. Quando o assunto é Declan Price, sempre tem a ver com mulheres.

Tudo seria mais fácil se eu simplesmente cedesse e tomasse Luna pra mim, o Don ficaria feliz, as pessoas aceitariam melhor as coisas, mas Luna é uma alma livre, ela tem fogo e ânsia pra viver a vida, não posso tirar isso dela.

Além do mais, não quero uma mulher por obrigação. Não quero que ela seja minha por estar com medo do perigo ou porque fez um acordo com o avô por conta das suas dívidas e da vontade de estudar, mesmo que Giovanni já tenha feito isso e ela ainda não saiba. Luna estaria comigo só para atender ao avô.

Não quero Luna.

Não, claro que não.

Ou será que sim?

Merda, eu quero Luna e já sei disso há um bom tempo.

****

Vamos para o restaurante em quatro carros. Luna e Oliver vão no carro dele, comigo no banco da frente, com o motorista. Ele tentou me dispensar, mas descobriu que posso ser como um cão, rosnando prestes a morder.

Cada minuto no carro com os dois é um tormento, Luna é simpática e faz muitas perguntas, tentando realmente conhecer Oliver, enquanto ele é exatamente como o irmão, um boa pinta que não pode ver uma mulher bonita. E Luna é a expressão pura da beleza, mesmo que ela não perceba.

Os dois conversam sem parar, me ignorando tanto quanto é possível. Tento ficar distante, mas não consigo parar de pensar que ele está tentando tomar o que é meu.

Mas Luna não é minha.

Sento em uma mesa não muito longe de Luna, dois soldados meus me acompanham, enquanto os outros se posicionam em lugares estratégicos. Depois do ataque à Luna e a mim, redobramos os cuidados. Entre Ferraris e Bianchis, ocupamos quase o restaurante todo.

A entrada é servida na mesa dos pombinhos e logo em seguida na nossa, mas ao contrário dos meus homens, estou completamente sem apetite. Ainda mais depois que os olhos de Luna correm, sutis, na minha direção.

Ao notar que estou de olho, Luna se vira para Oliver e toca o antebraço dele, por cima da mesa. Fecho minha mão em punho quando o vejo sorrir, divertido. Ele coloca mais vinho na taça de Luna e ela o agracia com um bater de cílios que é sedução pura.

Certo, ela está decidida a me enlouquecer.

Algo me diz que antes do fim da noite vai conseguir.

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaWhere stories live. Discover now