Dezoito - Dylan

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Assim que chegamos ao meu apartamento, Luna se senta muito ereta no sofá da sala e fica em silêncio por algum tempo. Pergunto se ela quer comer alguma coisa, mas a garota não abre a boca nem para me responder ou resmungar como faz sempre que digo alguma coisa.

Está em choque.

E fica assim por boa parte da tarde, até que eu me sento ao lado dela, com um sanduíche e um copo de suco e insisto que coma.

Depois de acomodar Luna no quarto de hóspedes, ela se deita na cama e adormece. Mas não é um sono tranquilo, pois ela respira pesado e mesmo dormindo ainda parece tensa.

Eu me reúno com os caporégimes, ou como costumamos chamar, os capitães, logo depois de falar com Giovanni por telefone, assegurando que a neta está bem. Ryan é o primeiro que chega e os quatro capitães vêm logo em seguida. Só falta Caleb, mas ele está na missão de encontrar aquele maldito Big Time Jack.

— Quero saber que porra foi aquela? — Explodo e os homens, indignados, começam a falar ao mesmo tempo.

— Pegamos um deles, os outros estão mortos — Devon, um dos capitães, diz. — Alguns dos meus soldados estão tentando fazê-lo falar.

— Ótimo, quero ele vivo, porque eu mesmo vou interrogá-lo — determino e os homens retomam a discussão sobre o ataque.

— Chega — Ryan determina no seu tom imperativo. — Nós sabemos quem foi que mandou, Joe Moretti está testando nossa paciência. Agora, vamos reagir.

O conselheiro é geralmente o homem mais sensato da família, sempre pensando em como fazer o que precisamos sem deixar que as coisas desandem, mas não hoje. Hoje ele está furioso, assim como eu.

As horas seguintes, passamos discutindo as nossas próximas ações, planejando como vamos dar o troco sem provocar uma nova guerra dentro do clã. Ninguém ataca um de nós e sai impune, principalmente a neta do Don.

Depois de interrogar o homem em um dos nossos galpões e receber a resposta que eu sabia que viria, volto para o meu apartamento, onde deixei Luna aos cuidados de Ryan. Ela não saiu do quarto e ainda está dormindo.

— Ela está bem, só está exausta e assustada — Ryan diz, pegando o terno para ir embora. — Conseguiu o que queríamos?

— Sim, foi o imbecil do Joe. Vou acabar com o desgraçado.

— Vamos — ele diz.

Assim que as coisas se acalmam e meu apartamento silencia, tomo uma ducha demorada para me livrar dos vestígios de sangue. Como disse para Luna, eu não sou um cara bom e é por isso que não posso tê-la. Não posso sujar Luna com minha escuridão, com toda a morte que carrego na minha alma.

Depois do banho, eu me jogo na cama. Não pego no sono, pensando no que poderia ter acontecido com ela. E em como eu me senti quando a vi tão assustada, em perigo.

A quem eu quero enganar? Não posso ter Luna, mas a quero mesmo assim.

***

Acordo com um grito. Luna. Levanto e, com minha arma em punho, corro para o quarto ao lado. Ela está sentada na cama, tremendo inteira. Suas mãos, seu corpo. Seu olhar de pavor me encontra e balança cada uma das minhas estruturas.

— Dylan... Dylan — ela chora assim que me vê.

Largo a arma na mesa de cabeceira e me sento na cama, puxando Luna para perto de mim. Ela afunda nos meus braços, seus cabelos louros bagunçados se espalham e ela me deixa deitá-la sobre meu peito.

Com Luna aninhada a mim, respirando pesado e trêmula, eu me vejo repassando toda a cena outra vez, e sei sem qualquer sobra de dúvida, que vou, eu mesmo, acabar com o maldito Joe Moretti. Com cada um dos Moretti.

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaWhere stories live. Discover now