Quatorze - Dylan

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Eu não tenho mais qualquer dúvida de que Aurora está decidida a transformar minha vida em um verdadeiro inferno. Novamente me vejo sentado na mesa Ferrari, ao lado de Luna que tem um cheiro doce. Um cheiro que me faz querer tê-la na minha cama.

Meu pau reage a cada pequeno gesto, pedindo para estar dentro dessa garota pequena e sexy que tanto consegue me irritar. Droga, fica difícil ser o homem que o Don espera que eu seja, frio, calculista, quando não consigo pensar com a cabeça certa.

— Você está bem? — Luna pergunta, os cílios longos batendo bem devagar na minha direção.

— Sim, por quê?

— Porque não parou de bufar e suspirar desde que sentou aí — ela declara, incisiva. — Se é tão ruim ficar perto de mim, sinta-se à vontade para mudar de lugar.

— E correr o risco de provocar sua avó, acho que não — respondo, soando muito mais imbecil do que eu planejei. — Desculpe, não é ruim ficar perto de você, é só... difícil.

Luna não diz nada, mas posso sentir a mudança sutil da sua postura. Acho que a estressei mais do que tinha planejado. Na verdade, não tinha planejado nada. Quando se trata dessa garota, as coisas só acontecem, e eu, quase sempre, ajo como um maluco.

— Odeio andar com seguranças, ou soldados, ou o que quer que sejam aqueles brutamontes que não desgrudam de mim — Luna resmunga, no meio da conversa com a prima.

As duas estão bastante próximas, íntimas, e é bom, porque até pouco tempo atrás eram praticamente sozinhas, mas agora terão uma à outra para contar, para ajudar a enfrentar as dificuldades de carregar o sobrenome Ferrari. E pra se unirem em nome de me deixar irritado, claro.

— Eu também não gosto, mas é perigoso. Tem concessões que a gente acaba precisando fazer, mesmo contra vontade. — Giullia suspira. — A gente sai com os grandões pra não deixar nossa avó preocupada. É um bom motivo, não é?

Luna acena, concordando. É interessante a forma como ela escuta a prima, como pensa a respeito quando é a outra que diz. Mas quando sou eu, ela faz questão de retrucar de um jeito irritante.

— Você está certa.

— Estava pensando — Giullia, sentada na frente da prima, declara. — O que acha, nonno, de Luna conhecer algumas das nossas empresas?

— Mas achei que não era permitido pra mulheres — Luna é quem responde, confusa.

— A máfia não, mas os nossos negócios legais sim. Inclusive, depois que eu sair da faculdade vou administrar a empresa de investimentos. O Doutor Costa me ensinou muito quando estagiei lá, verão passado.

— Eu acho uma ótima ideia, é bom que Luna vá se inteirando — Giovanni concorda. — Um dia, tudo será de vocês duas e precisarão aprender como cuidar dos negócios.

— É, menos a máfia, isso será do Dylan — Luna retruca e eu rio.

Essa garota petulante não tem a menor noção do perigo que é lidar com alguém como eu. Ou, se tem, faz questão de ignorar e me provocar. Mas se a intenção dela era me irritar, bom, deu completamente errado, porque minha gargalhada ecoa por toda a sala de jantar.

— Do que você tá rindo? — Ela me encara, suas mãos apertadas em punho no colo.

— Da sua implicância — respondo com sinceridade.

— Não estou implicando, estou constatando um fato.

— Sei — provoco mais.

— Além do mais, estamos no século vinte e um, nós mulheres já poderíamos estar comandando a máfia há muito tempo. Aposto que posso ser tão boa quanto você.

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaWhere stories live. Discover now