Doze - Dylan

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Depois de Ryan sair, levanto do sofá e paro diante da janela. Não há mais qualquer movimento ao redor da piscina, mas sei que em algum lugar, Luna está bufando de raiva. Ela não é do tipo que leva desaforo pra casa e a proposta de Jason a tirou do sério. Ainda mais porque está tentando impor seu território, mandar na própria vida, decidir sobre si quando tudo parece tirar o controle de suas mãos.

O olhar do Don é quase invasivo, ele analisa minhas expressões, mas continua em silêncio, apenas esperando que eu despeje o que está me incomodando.

— Quando é que você vai me contar o que está acontecendo?

— Do que está falando, Dylan? — ele se faz de desentendido.

— Eu sei que você está escondendo algo, preciso saber, como vou cuidar das coisas quando você as esconde de mim?

— Não é da sua conta.

— Tudo nessa família é da minha conta.

— Isso não — ele bate na mesa, furioso. — Quando chegar o momento, vou contar, até lá, você faz o que eu mando. É assim que as coisas funcionam.

— É uma coisa séria, não é? — insisto e ele solta o ar dos pulmões com força. Se fosse outro a retrucá-lo, não tenho dúvida de que haveriam consequências, mas já está acostumado comigo o suficiente para saber que não vou desistir assim tão fácil.

— Você sabe que o Bianchi só estava tentando irritá-lo, não sabe? — Giovanni muda de assunto sem dar a mínima pra mim, optando por virar o jogo. Típico desse italiano esperto.

— O que quer dizer?

Ele indica a cadeira e eu me sento, sem questionar.

— Quando você era menino, devia ter uns dez ou onze anos. Lembra da janela quebrada?

— E como eu poderia esquecer? Declan e eu tivemos de passar o verão todo cortando sua grama pra pagar pelo estrago.

— Eu me lembro que tinha acabado de chegar, não tinha sido um dia fácil, alguma coisa nos negócios deu muito errado, não lembro agora exatamente o que foi. Mas quando cheguei, você e o seu irmão estavam sentados no sofá com as costas eretas, tensas. Você estava com uma carranca no rosto, uma expressão que era um misto de vergonha e raiva.

Giovanni sorri com a lembrança.

— Você levantou e veio até mim, tinha um cofrinho nas mãos, era uma lata remendada cheia de fita que vocês mesmos fizeram. Você me olhou bem sério e disse: Sem querer quebrei uma janela. Essa é uma parte do pagamento, o resto vou pagar com trabalho.

— Não me lembro disso — digo, tentando puxar da memória as palavras. Lembro da janela e de trabalhar no verão, mas não do que eu disse.

— Eu estava irritado, mas aquela sua careta acabou com meu mau humor. Você era muito sério, Dylan, desde pequeno. Eu me lembro que me abaixei, olhei você bem nos olhos e perguntei quem tinha quebrado a janela. Você baixou o rosto e ficou encarando as mãos, depois respirou bem fundo e disse que tinha sido você. Mais tarde o Declan foi ao meu escritório, estava chateado, assumiu a culpa e contou o que houve. A janela não tinha a menor importância, mas o que você fez naquele dia me mostrou o tipo de homem que seria, você já era o líder mesmo naquela época, mesmo aos dez anos. Sempre foi um garotinho petulante e corajoso. Muito corajoso.

— Por que lembrar disso tudo agora?

— Por dois motivos, primeiro, porque as mulheres Ferrari não são como as outras. Precisa ter coragem, muita coragem. E segundo, por causa dos nossos negócios.

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaWhere stories live. Discover now