Dezenove - Luna

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Eu sei, foi maldade ficar na posição do cachorro olhando para baixo daquele jeito. Mas Dylan é um cara difícil e está me deixando maluca, então ele merecia. Agora, no entanto, está enfiado no escritório e não disse uma única palavra pra mim durante o dia inteiro. Almoçou sozinho e não saiu do telefone. É um saco e sei que está fazendo isso por pura birra.

O pior é que não sei o que há comigo. Como é que posso estar tão acesa para um homem que já deixou bem claro que não me quer? Porcaria de corpo traidor que não pode vê-lo que fica tentado. É como se eu perdesse qualquer senso de razão quando estou perto dele.

Meu celular toca, eu me jogo em cima da cama confortável e atendo a chamada de vídeo, minha avó está com um olhar de preocupação e me faz um interrogatório longo, antes de começar a me contar como estão as coisas com ela e o nonno.

— E quando vocês voltam pra casa? — pergunto, mais ansiosa do que deveria.

— Em alguns dias — ela responde e então seu olhar corre para algo atrás de mim. A parede. — Onde você está, querida?

— Na casa do Dylan. — Assim que respondo, os olhos da minha avó se acendem, felizes. — Não é isso que você está pensando, ele achou que era mais seguro ficar aqui, mas quero voltar pra casa.

— Entendo — minha avó diz, mas não parece acreditar nem um pouco em mim. — E falou com sua prima? Ela estava preocupada.

— Sim, passamos o dia todo trocando mensagens. É estranho que eu esteja sentindo saudade da sua casa? Faz poucas semanas que cheguei, mas eu meio que me sinto em casa lá.

— É porque lá é sua casa também. Eu sei que não convivemos por anos, Luna, mas isso não me faz sentir menos amor por você.

— Obrigada, nonna. Eu acho que também já amo todos vocês. Menos o Dylan, aquele homem me odeia.

— Ele não a odeia, ele só não sabe lidar com uma das poucas pessoas que têm coragem de enfrentá-lo.

— A senhora não diria isso se o visse comigo, só falta ele me jogar num foguete e me enviar para lua.

— O Dylan tem um temperamento forte, mas é um bom homem.

— Eu sei, ele já me salvou mais de uma vez, mas é tão confuso... uma hora parece que vai parar o mundo por mim, na outra, sai bufando como se eu fosse o diabo em pessoa.

Minha avó gargalha.

— Bambina, minha. Você me lembra sua mãe de tantas maneiras.

— Bom, estou querendo ir pra casa, acho que vou estar segura, além do mais, todas as minhas coisas estão lá e eu preciso de algum espaço entre nós.

Ela concorda comigo e depois de conversarmos mais um pouco, decido que hora de me impor. Azar o dele se não consegue lidar comigo, se não gosta da minha pessoinha aqui, por que me trouxe pra sua casa?

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaWhere stories live. Discover now