Vinte e três - Dylan

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Eu vou matar o maldito Bianchi. Aquele babaca passou a noite toda se engraçando pra Luna, e agora ela não para de alugar meus ouvidos pra ficar falando o quanto ele era lindo, poderoso, gostosão. Merda de noite.

— Pelo menos se eu me casar logo, você vai poder se ver livre desse terrível fardo que eu sou, vai poder voltar pra sua vida de mafioso malvado e solitário. — Luna resmunga, até a poucos instantes estava tagarelando feliz, me provocando, agora está com uma carranca rabugenta.

Ela quer me tirar do sério. E conseguiu.

— Você não sabe o que é maldade — falo, levando meu rosto bem para perto do dela.

Luna morde o lábio inferior de um jeito igualmente enervante. Meu pau reage no mesmo instante, latejando na calça, implorando para invadir o corpo ardente dessa garota linguaruda que me deixa louco.

— Eu sei o que é maldade — Luna diz e eu me arrependo por ter sido um idiota assim que entendo que ela está se referindo à morte do pai. Ela sabe o que é maldade, mas ela não sabe o que é ser maldosa.

— Me desculpe — digo, mas Luna respira fundo.

— Pelo quê? Por ser um babaca na metade do tempo que está comigo ou por me subestimar? Não, espere, você está se desculpando por ser um cretino mandão. Ou será que é por ter me rejeitado?

Ok. Ela está pedindo.

— Eu poderia ceder ao seu avô, me impor e fazer você ser minha esposa, podia levá-la pra minha cama e fazer o que eu bem entendesse, mas decidi proteger você sem submetê-la a mim, considere-se sortuda.

Algo nos olhos de Luna me diz que ela comprou a briga. Não sei se fico feliz por conseguir tirá-la dos eixos ou se fico preocupado. Tudo me leva para um caminho que tenho me forçado a ficar longe. Tudo me leva a querê-la.

E eu nunca quis nenhuma mulher como quero essa loira atrevida.

— Eu não tenho medo de você, Dylan Price — Luna diz, o rosto quase colado ao meu. Merda, essa mulher consegue bagunçar tudo dentro de mim.

— Deveria — retruco, virando para o outro lado.

Luna ri, mas sei que está chateada. Sinto essa mulher de um jeito que nem pensei que poderia sentir outro ser humano.

— Ok, você me convenceu, vou me casar... amanhã mesmo vou pedir ao meu avô que ligue para o Oliver e prepare tudo. Se é para eu entrar na porcaria de um casamento arranjado, pelo menos que seja com alguém com um bom humor, com alguém que me deseje.

Tudo bem, Luna acaba de ganhar a batalha. Por essa eu não esperava, definitivamente.

Assim que o motorista estaciona o carro, ela nem espera que eu abra a porta, sai voando pelo seu lado e quase corre pra dentro de casa, passa pelo avô como um furacão e sobe as escadas sem dizer uma única palavra.

Dispenso meus homens e entro na casa, sigo até um aparador que fica do outro lado da sala e sirvo uma dose generosa de whisky. O líquido viscoso desce queimando minha garganta e minha alma.

Eu sei que não deveria me importar, mas Luna é como um fogo em brasa, do tipo que você deve fugir quando vê, só que no meu caso, tudo me faz querer correr para esse fogo e me queimar.

— O que aconteceu com a minha neta? — O Don se serve com uma dose e vem para perto de mim. Seus olhos são um misto de curiosidade e preocupação.

Eu sei que fui criado como um filho, mas Luna tem o sangue dele e se eu a magoar, não duvido nada que o velho italiano arranque minhas bolas e me obrigue a comer.

— Não aconteceu nada. Luna gostou de Oliver.

— Mas ele fez alguma coisa pra ela?

— Não, Don, eu fiz.

— O que você fez, rapaz? Por que é que Luna está tão brava?

— Porque eu sou um idiota. — Bebo o resto do whisky e o encho de novo.

Giovanni vem até mim e dá um tapa de leve no meu ombro.

— Sabe, filho, perto das garotas certas todos somos meio idiotas. — Dito isso, o velho se prepara para me deixar sozinho, mas antes de sumir para o andar de cima, ele para e me dá um olhar profundo. — Conserte isso antes que perca sua chance. Não seja tão teimoso.

Subo às escadas alguns minutos e várias doses de whisky depois, entro no quarto que sempre uso quando estou aqui e bato a porta com raiva.

O que é que deu em mim? Já sei que Luna me quer, ela parou de esconder e ainda que ela não queira um compromisso sério, por estar começando a viver, nossa relação seria conveniente pra todos.

Mas eu já fiz coisas que provavelmente me mandariam para o inferno, se eu acreditasse nisso, não posso corrompê-la, não posso trazê-la para a minha escuridão, e ter Luna na minha cama vai fazer isso.

Me jogo na cama ainda de sapato, remoendo a conversa no carro e na sequência lembro do que o Don disse.

Luna com certeza é a mulher certa, mas eu não sou o homem certo.

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaWhere stories live. Discover now