Sete - Luna

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O quarto para onde minha avó me leva é incrível, lindo é uma palavra que não chega nem perto de descrevê-lo. As cortinas longas e de um tom rosa escuro dão um ar de refinamento, os móveis são da melhor qualidade de madeira, brancos, combinando com o ambiente bem iluminado e a cama é de dossel, coisa que nunca antes eu vi, só em filmes de princesa.

— Esse era o quarto da sua mãe, levei quinze anos para conseguir vir aqui — ela diz, me chamando para sentar na cama. — Mais tarde vou ao depósito buscar a caixa de recordações da minha Angela. Muitas coisas doei, mas algumas eu jamais conseguiria deixar irem.

— Obrigada.

— Aqui é sua casa tanto quanto de Giullia, quanto foi da sua mãe e do seu tio. Não sei o que a fez desistir de nós, mas espero que você não desista.

— Eu não vou — digo, enfática, mas não posso negar que o fato de minha mãe excluir uma família calorosa que sentiu muito a sua falta, me deixa em alerta.

Tem alguma coisa de errado, mas o quê?

Depois de passar a hora seguinte com minha avó, ajeitando as poucas coisas que trouxe da minha cidade, praticamente quatro mudas de roupa compradas pelo pessoal do Dylan e que não combinam em nada comigo, tomo um banho e desço.

Apesar do baque de tudo que passei desde que o bonitão de terno apareceu no meu bar, do susto de ver minha casa pegar fogo e de descobrir toda uma família do lado da minha mãe, eu me sinto bem. Como se esse não fosse um lugar estranho e essas pessoas estivessem na minha vida desde sempre.

Talvez seja apenas a solidão falando mais alto.

Um pouco antes de chegar ao fim da escadaria, eu o vejo caminhando em direção à porta. Assim que me vê, Dylan esquadrinha meu rosto de um jeito que é avassalador. Sinto meu corpo inteiro se arrepiar, mas me forço a não deixar que isso roube a minha atenção.

— Boa noite, Luna.

— Só se for pra você — retruco por pura implicância.

Ele ergue uma sobrancelha confusa na minha direção. Termino de descer os degraus e paro diante dele, meu dedo vai direto ao peitoral definido, escondido por um terno caro e bem cortado.

— .

— Talvez você devesse ser mais grata por ter uma família — ele diz, provocando minha fúria de um jeito que eu bem poderia partir pra briga.

— A sua sorte é que eu não trouxe meu taco — me afasto, mas Dylan segura meu pulso e me puxa para perto dele.

Minha respiração fica pesada à medida que ficamos próximos, o cheiro do perfume almiscarado me envolve e algo revira no meu estômago. Algo que não deveria existir.

— E o que você faria? — Ele me encara e há algo de selvagem na forma como os olhos dele percorrem os meus lábios.

— O que eu faço com todo idiota que cruza o meu caminho — respondo, puxando meu pulso, mas sem desviar dos seus olhos profundos.

Acho que irritá-lo acaba de se tornar meu passatempo favorito.

— Não me provoque, não é porque respeito seu avô que...

— Que vai o quê? Eu não tenho medo de você.

— Mas deveria.

— Sei, porque você . — Cruzo os braços. — Acorda, você é só um cara. Além do mais, não sou uma garota boazinha.


Dylan baixa um pouco o rosto e se aproxima do meu ouvido, arrepiando minha pele conforme sinto sua respiração me tocar.

— É, eu sou só um cara e você é só uma garota pequena e frágil — diz e sai, bufando.

— Frágil é o cacete — grito quando o vejo cruzando a porta. Ele dá um tchau sem virar para trás e eu controlo a vontade de jogar alguma coisa na sua cabeça escandalosamente linda.

Quem é que ele pensa que é pra falar comigo assim?

E por que é que eu gostei tanto disso?

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaWhere stories live. Discover now