Treze - Luna

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Dylan bate a porta quando sai, me deixando no meio da sala com uma sensação estranha. Mas o que é que deu em mim, afinal de contas?

Desde quando ele passou de bonitão de terno barra babaca arrogante para o cara que eu quero no meio das minhas pernas?

Não, eu só posso estar louca. Não vou mesmo me envolver com o mafioso que um dia vai mandar em tudo. Já chega o meu avô achando que pode decidir o que é melhor pra mim, quando mal me conhece.

Então por que é que fiquei tão quente quando ele me tocou?

Ai não. Não. Não. Não.

Dylan não.

Ok, estou atraída por Dylan Price, o que não quer dizer que eu vá realmente fazer algo sobre isso.

Bruto. Carrancudo. Proibido. Esse homem é tudo que não preciso. E ainda assim não me vejo sendo tocada por mais ninguém. Porcaria de corpo traidor.

— Você está bem, minha querida? — A voz da minha avó me faz sair da confusão embaralhada que é a minha cabeça.

— Sim — digo, afundando no sofá.

É claro que não está nada bem, acabo de descobrir que estou completamente atraída por um mafioso, que por sinal não está nem aí pra mim. E que pra piorar, um dia vai comandar os negócios da minha família e provavelmente tentar se livrar de mim, me empurrando pra um casamento estúpido. Nem parece que estamos no século vinte e um. Credo.

— Você não parece bem.

— Acho que estou com dor de cabeça, mas logo passa.

— E por acaso essa dor de cabeça tem nome? Não seria Dylan Price, seria?

— Humpf!

— Quando eu era mais nova do que você, conheci um italiano de boca suja, barulhento e que achava que sabia tudo. Era impossível ficar no mesmo lugar que ele. Meus pais tinham uma pequena padaria em Little Italy e esse italiano ia todos os dias e pedia café e pão. Às vezes tinha que contar as moedas pra pagar, mas sempre sorria e deixava gorjeta, mesmo que fosse um níquel.

— O nonno? — pergunto e ela sorri.

— Ele era convencido e arrogante, mas era o homem mais bonito que eu já tinha visto. As garotas do bairro se derretiam por ele.

— E o que a senhora fez?

— Bom, levei algum tempo pra entender que eu o queria, no começo não suportava aquele ar convencido e o peito estufado.

— E mesmo assim, aqui está, casada comigo há quase cinquenta anos — meu avô diz, entrando na sala e vindo se juntar a nós no sofá.

O nonno pega a mão da esposa e beija o dorso de um jeito carinhoso que me faz pensar que ter um amor assim é um sonho. Um que não vou poder me dar o luxo de ter se tiver que casar com o primeiro mafioso que aparecer.

— Pois é, e veja só onde chegamos — minha avó fala, olhando ao redor para a sala ricamente decorada.

— E o que o senhor fez pra conquistar a nonna?

— Tomei café na padaria dos pais dela, todos os dias por um ano inteiro.

— Ah, então o senhor já estava interessado — digo, gostando muito da história.

— Estava, mas ela era a mulher mais teimosa que eu já conheci. Linguaruda como você e sua prima, pior até... por Dio, essa mulher me deixava louco. Ela fazia questão de me ignorar, sorria pra todos, menos pra mim.

— E quanto mais eu o ignorava, mais ele aparecia. Até que um dia eu me dei conta de que ficava esperando que ele aparecesse.

— Nossa, que lindo isso. — Assovio e meus avós trocam um olhar fofo que me faz acreditar que ainda se amam muito. — E o que a senhora fez quando descobriu que também queria o nonno.

— Eu estava observando de longe, seu avô mal tinha tocado na comida, conversando com Bily como se tivessem um segredo. Várias garotas passaram por eles e me lembro do olhar derretido, dos sorrisinhos oferecidos. Mas seu avô não olhou pra nenhuma delas, os olhos dele vieram direto pra mim. Senti um arrepio na espinha e foi assim que eu soube que era dele e ele meu. Então fui até ele retirar a xícara do café. Olhei bem séria pra ele e disse: Você vai jantar na minha casa amanhã à noite, traga flores pra minha mãe e peça permissão para o meu pai, a partir de agora nós estamos comprometidos.

— Nossa, que ousada. — Rio e meu avô concorda.

— Sua avó me deu um susto, mas como um bom italiano eu fiz o que tinha de fazer, fui jantar, levei flores e seis meses depois coloquei um anel de casamento no dedo da garota mais linda de Little Italy. Mais linda e mais brava também.

— Espero um dia ter essa sorte, ter um amor profundo e verdadeiro.

— Mas não pense que é sempre fácil, querida — minha avó lança um olhar para o marido que bufa, nitidamente compreendendo que é sobre o temperamento dele. — Homens podem ser muito complicados, teimosos e às vezes precisam que a gente os faça enxergar as coisas como realmente são.

— É, ainda mais quando pensam que mandam na gente — provoco e o meu avô resmunga em italiano.

— Sempre existe o momento de negociar e o de se impor, aprenda isso e você vai ser feliz no caminho que decidir seguir.

— Certo, vou me lembrar disso.

— Mesmo assim vai andar com seguranças — meu avô declara, levantando do sofá. — Meus soldados vão proteger você com a própria vida. Eles e Dylan.

— O Dylan nem me suporta, qual é, não pode ser outro?

— Assim como sua avó não me suportava...

— Não, de um jeito que ele prefere ver o diabo pela frente a me ver.

— Ele não tem escolha, vai cuidar de você — meu avô frisa. — Dylan é o homem mais leal que eu conheço e ele deu a palavra de que vai protegê-la, ragazza. Está decidido.

— Mas eu quero ter escolha.

— Não quanto a isso. Sua segurança não está em negociação.

— Droga — levanto e beijo a bochecha da minha avó, mas antes de sair da sala falo bem alto para que meu avô escute. — Não quer dizer que vou facilitar a vida daquele babaca.

HERDEIRA DA MÁFIA - MaratonaOnde histórias criam vida. Descubra agora