capítulo trinta e um

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O olhar que a sua terapeuta estava esboçando era muito irritante.

Pete se contorceu e se arrependeu imediatamente. Ele ainda estava imerso ao que aconteceu na noite anterior.

— Por que você está aqui, Pete? — Yok disse finalmente. — O que você espera conseguir vindo me ver?

— Eu... — Ele lambeu os lábios. — Eu já te disse. Eu quero que você me ajude a me curar dessa minha síndrome de Estocolmo. Quero esquecer aquele homem.

Ela inclinou a cabeça, olhando-o por cima da borda de seus óculos.

— E ainda assim você continua visivelmente tendo relações sexuais com ele.

Pete roeu os dedos, evitando os olhos dela.

— Você vai me fazer acordar logo mais, então que diferença isso faz?

— Pete — Yok disse calmamente, mas com um tom de reprovação. — Eu não faço milagre. Eu não posso ajudá-lo se você não fizer um esforço significativo. Sua atitude não é muito diferente de uma mulher que opta por fazer sexo sem camisinha porque ela pode tomar uma pílula “do dia seguinte”. É, na verdade, pior, porque não há remédio para você.

Pete deixou cair seu rosto em suas mãos, com seus ombros caindo.

— Eu sei — disse ele. — É só que... é complicado. — Suspirando, ele levantou a cabeça e olhou para sua psicóloga miseravelmente. — Eu me sinto muito bem com ele. É tipo, muito confortável.

Yok não parecia particularmente surpresa.

— O que você quer dizer com confortável? Poderia explicar?

Pete pensou na maneira como ele se sentiu esta manhã quando ele acordou nos braços de Vegas.

— Completo — disse ele. — Seguro — disse ele mais calmo, se sentindo todo errado. Vegas era a última pessoa que ele deveria estar se sentindo seguro. —Preciso de ajuda — disse ele, com o desespero escapando em sua voz.

— Qualquer tipo de relacionamento BDSM requer um alto nível de confiança no seu parceiro — disse Yok. — Você precisa confiar a ele sua segurança, a e confiar que ele vai cuidar de você e entender você corretamente para te dar o que você precisa. Isso pode criar um vínculo profundo entre duas pessoas
que vai além do sexo.

— Mas, por muitas vezes, nós nem praticamos isso. — disse Pete, com o rosto vermelho. — Eu sequer gosto de sentir dor. Não gosto de chicotes e coisas assim. Eu apenas gosto de... — Ele parou, sem saber, porque a primeira palavra que surgiu em sua mente era “ser seu”.

— Ser cuidado? — Yok sugeriu. — Como se você pertencesse a ele?

Pete assentiu, hesitante.

Ela não estava errada, mas ele realmente não queria falar sobre isso. Verdade seja dita, Vegas era a única pessoa que ele se sentiu confortável o suficiente para discutir e fazer essas coisas.

— Uma relação BDSM não contém necessariamente bondage ou sadomasoquismo — ela disse, mas como se estivesse sentindo a sua relutância em falar do assunto, ela mudou de assunto. — Quer dizer que você se sentiu menos ligado a ele agora que você está livre?

Pete pensou sobre essa manhã, de como ele tinha ficado chateado sobre sair do peito confortável de Vegas quando era hora de levantar. De como ele não conseguia parar de beijar ele enquanto ele fazia café da manhã para ambos. De como ele permitiu Vegas deixar um chupão no seu pescoço no parque de estacionamento subterrâneo antes que eles entrassem em seus respectivos carros e em como ele tinha obsessivamente verificando o seu telefone durante todo o dia, sem se concentrar no trabalho.

cruel × vegaspeteOnde histórias criam vida. Descubra agora