fugindo do casamento

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Estou prestes a me casar, o nervosismo toma conta de mim. Resolvo ir até o banheiro do hotel, onde será a cerimônia. Lavo bem minhas mãos que suadas pelo nervosismo, secando com papel toalha. Ao sair do banheiro, ouço vozes no corredor, reconhecendo a de Mark, meu noivo. Acabo ouvindo sua conversa, já que ele não me vê, pois estou atrás da parede que dá para o corredor.

— Ainda iremos nos ver, Mark?

— Sim, meu amor. Agora no início do casamento será complicado, então ficaremos dias sem se ver.

Não pode ser o que estou ouvindo. Resolvo ficar mais um pouco para ouvir o restante da conversa. Mark não era nem para estar aqui, deveria estar no salão, onde iremos nos casar.

— Quero muito te ver, irei sentir saudades.

— Eu também. Sabe que se não fosse um casamento de negócios, seria você se casando comigo — ouço Mark falar.

Com isso, não consigo ouvir mais nada, simplesmente saio do local. Lágrimas começam a rolar pelo meu rosto. Passo pelos dois no corredor, ouço Mark me chamar, mas continuo correndo. Minha maquiagem deve estar borrada, mas isso não importa. Saindo do hotel, passando pela porta de vidro, olho ao meu redor com intuito de achar alguém para fugir dali antes que Mark me alcance. O que não seria difícil, já que estou de salto alto e um vestido modelo princesa. Meus olhos pousam num automóvel preto, onde uma bela mulher acabou de entrar nele. Vou até ela, infelizmente nem dá tempo de chegar, já entrou dentro do automóvel. Bato na janela algumas vezes, até ela baixar o vidro.

— O que quer? — pergunta de forma grosseira.

— Carona  —digo quase em desespero.

— Mamãe, é uma princesa, vamos dar carona pra ela — diz uma criança de uns 4 anos, sentada na cadeirinha na parte de trás do carona

— Por favor, meu noivo vai me alcançar, não posso me casar com ele — imploro.

— A escolha foi sua, não posso me meter nesse assunto, vai sobrar pra mim — novamente diz de modo grosseiro.

Aonde ela teve essa educação?

— Antes fosse uma escolha minha, foi meu pai que arrumou esse noivo pra mim — digo.

— Yoona... — meu noivo chamando por mim

— Entre, antes que ele venha até você.

Dou a volta no automóvel, sentando no banco do carona, dobrando a barra do vestido, o amassando, na verdade. A mulher sai cantando os pneus do automóvel, assim que coloco o sinto de segurança. Olho para o retrovisor, vendo Mark parado no meio da estrada ao lado de sua secretária e amante.

— Agora que te dei carona, pode me explicar melhor? — indaga, sem tirar o olho da estrada.

— Meu pai queria que me casasse com um homem de negócios. Ele é engenheiro civil, e dono da própria empresa. Abriu junto com um amigo. Na época em que fomos apresentados, o achei lindo, e parecia ser gentil. Tivemos um relacionamento por um ano, e foi quando marcamos a data, o dia de hoje — digo triste.

— Sinto muito. Mas se você o ama, por que fugiu?

— Ele me trai com a secretária, e descobri isso hoje, minutos antes de me casar. Ouvi os dois no corredor do hotel, conversando sobre manter os encontros — explico.

— Mas que grande filho... Desculpa, quase me esqueço que minha filha está aqui. Não gosto de falar palavrões perto dela. Sinto muito, e te entendo. Como é seu nome? Yoona do que? — Questiona no sinal vermelho, me olhando.

— Kim Yoona — aceno com a cabeça.

— Muito prazer, sou Min Sohee.

Esse sobrenome não me é estranho. Mas, deve ser coisa da minha cabeça, Min é um sobrenome comum na Coreia do Sul.

— Quer que pare em algum lugar? Digo, nem pedi onde era pra te deixar — o sinal abre, e ela volta sua atenção para a estrada.

— Pode me deixar na sua casa — digo.

— Você tá brincando comigo, não é? — questiona, franzindo o cenho.

— Não estou. Acabei de fugir, e se voltar pra casa, irão me encontrar lá. Meu pai iria me levar arrastada para o casamento de volta — explico.

— Seu pai é louco, parece o meu. Te entendo, pode ficar uns dias na minha casa, acho que usamos a mesma medida de roupa, e te empresto as minhas.

— Está sendo tão gentil, nem parece a mesma mulher que queria me negar carona.

— Seu caso me comoveu, pois poderia estar na mesma situação que você. Meu pai quer me casar obrigada com um homem também. A sorte é que ambos temos compromissos e ainda não pudemos nos conhecer. Mas, nem quero, se o encontrasse, iria dizer na hora não — explica.

— Mas por que seu pai quer te obrigar a casar? — Questiono curiosa.

— Uma mãe separada, criando a filha sozinha, não pega bem. Estou separada faz dois anos, estava tudo bem até então. Até meu pai enfiar na cabeça dele que preciso me casar para Yuna, minha filha, ter um pai. Não sei nada sobre o homem, quase nada, apenas que o sobrenome é Kim e é pediatra na clínica do pai dele — explica.

Não acredito, é meu irmão, só pode ser ele. Taehyung não sabe nada sobre a suposta noiva, única coisa que sabe, é o sobrenome. Mas, não pode ser ela, seria muita coincidência. Min Sohee abre o portão automático, entrando na garagem da casa. Caramba, que casa linda. Saio do automóvel, com a ajuda dela.

— Só pra te avisar, meu irmão mora comigo, então se ver algum homem na casa, é ele. Vou tirar minha filha da cadeirinha, espere por mim, te darei roupas pra você tomar um belo banho — Me explica.

***
Saio do banho revigorada, as roupas da Sohee serviram perfeitamente em mim. Visto uma camisa básica preta e uma calça jeans. Saio do banheiro, vendo Sohee preparar algo para mim comer.

— Preciso tomar um banho rápido e ir a reunião da boate. Vai ter gente famosa lá, atores de um dorama, e meu pai quer tudo perfeito. Por isso vou deixar você se virando sozinha. Meu irmão já era pra estar aqui, tá atrasado. Ainda tenho que levar Yuna para o pai cuidar — diz, um tanto nervosa.

— Cuido dela enquanto você toma um banho. Se quiser, posso cuidar dela durante sua reunião  — ofereço.

— Faria isso por mim? — sorri. — O pai dela fica mais a noite com ela, pra mim poder trabalhar. Isso facilita muito, já que nossos horários batem.

— Desculpa perguntar, mas você faz o que na boate?

— Administro ela. É, meu pai é o dono, e quer  passar pra mim, então, administro ela tem 5 anos, desde que me casei. Infelizmente, meu amor pelo trabalho era maior do que pelo meu marido, e isso fez ele se afastar de mim. Única coisa acima disso, é minha princesinha — a pega no colo, enchendo de beijos. — Vou ao banho, espero que meu irmão chegue nesse tempo, assim chegamos no horário. Fique a vontade.

— Está bem.



Noiva Em Fuga Where stories live. Discover now