SETE

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Lore

A água caía pelo meu corpo nu, limpando minha pele do líquido avermelhado e duro que estava há minutos atrás. Eu não sabia há quanto eu estava aqui, mas sei que demorei demais apenas um simples banho. Minha cabeça ainda doía devido à pancada que levei da garota. Ela havia me atingido para entregar-me aos homens que estavam invadindo a mansão. Após seu ataque, meu corpo tombou e caiu. O barulho dos tiros que vinham pelos cômodos da casa tornou um zumbido insuportável e agonizante. A minha reação foi rápida em atacá-la de volta. Cortei sua coxa com uma faca. Ela relutou, mas não conseguiu se safar. Cassy Woods — que na verdade é Chloe Wilson — agora estava aqui conosco nessa ilha mediana de Madrid.

Thomas tinha algo para contar. Minha curiosidade em saber que ele conhecia a Wilson me deixava impaciente. Ele escondeu seu passado por anos, e agora uma parte dele resolveu aparecer? E, para o nosso azar, pronto para nos atacar?

Que porra...

Abri os olhos e encarei o azulejo branco e velho. Passei as mãos na pele, tirando o excesso de sangue e esfregando a espuma do sabonete em barra que estava dentro de uma das portas do armário da pia. Quando terminei, desliguei o chuveiro e enrolei meu corpo com uma toalha azul que estava presa em um prego na parede. Saí do banheiro e entrei no quarto, correndo os olhos pelo lugar e analisando se tudo estava em ordem. Abri a gaveta da cômoda clara e tirei uma calça jeans justa e uma regata branca.

Engoli seco ao lembrar da explosão da mansão. A casa explodiu e o fogo invadiu tudo. Eu estava triste pela morte das pessoas que trabalhavam lá. Catarina, Cassian, August...

Fechei os olhos, impedindo-me de sentir mais. Eu não queria. Eu precisava desligar esse botão.

Coloquei a roupa e enxuguei meu cabelo médio e escuro com a mesma toalha que a estava no meu corpo. Calcei a mesma bota baixa e também coloquei uma arma e uma faca na minha cintura. Abri a porta do quarto e saí, notando Ruel e Thomas na parte externa da sala. Eles estavam fumando enquanto encarava o mar aberto em sua frente. Cooper estava com a postura reta e corpo tenso. Vincent o mesmo, mas era notável que sua preocupação era comigo.

Deslizei meus olhos para o sofá e olhei para a garota ainda desacordava. Seu peito subia e descia tranquilamente devido à sua respiração que era suave e calma. O sangue no seu jeans velho encharcava o pano. Seu cabelo escuro estava jogado no rosto, cobrindo seu nariz fino e maxilar bem desenhado, assim como suas sobrancelhas medianas e negras, e boca media. Chloe usava um jeans surrado.

Precisei desviar o olhar e me afastar, pois a raiva havia crescido em mim. Ela era culpada pelas vidas perdidas na mansão. Pela porra da ferida do Thomas e pela mão machucada do Vincent.

Quando me aproximei dos dois, Ruel sorriu fraco ao me ver.

— Irei tomar um banho. — o loiro avisou.

Assenti em resposta e ele saiu, voltando para a casa e entrando no quarto. Observei o rolo grosso nos dedos do Cooper quando ele levou o charuto nos lábios. O homem tragou e fechou os olhos. Sentei na cadeira de madeira velha e cruzei os braços após encarar as ondas da praia. O barulho da música do bar vinha até aqui.

— Conheci Chloe no lugar onde me levaram quando eu tinha doze anos.

Virei para encará-lo, mas Thomas tinha sua atenção na praia.

—Quando meus pais morreram de acidente de carro, passei a morar com meu tio. — começou. — Ele era um homem frio, mas nunca deixou que eu ficasse sozinho. O homem me amava e fez de tudo para eu ter a infância que merecia. Mas um dia, decidi ser que nem ele. Eu pedi para ser forte.

O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora