TRINTA E SEIS

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Lore

Enrolei o macarrão fino enquanto o caldo escorria por ele, voltando para o restante que ainda tinha na vasilha. Meus olhos não saíam do vidro da frente da van do Vinnie, esperando que o carro aparecesse com os dois homens.

O sol estava tão quente que provavelmente me derreteria se eu ousasse sair do veículo. O cheiro do macarrão instantâneo me fez querer vomitar. Eu estava agoniada pela demora do Vincent, o sol e o calor infernal dentro da van. Fechei a vasilha e coloquei no saco.

O encontro era às duas da tarde, mas parece que Ruel e Thomas resolveram demorar, já que o loiro saiu desde nove da manhã.

Cerrei os dentes e tirei os óculos escuros dos meus olhos após molhar os lábios. Virei o rosto quando avistei o cabelo ruivo do garoto aparecer no canto da van. Ele estava encolhido no banco, com expressão confusa e medrosa.

Donato pegou um voo de madrugada e chegou às oito da manhã. Acompanhado pelos meus homens, a viagem ocorreu bem. Sua chegada foi barulhenta. O menino corria, tentando fugir da mansão, obviamente assustado por ser sequestrado. Depois de uma rápida conversinha com Ruel, o adolescente se aquietou.

Os orbes caramelados estavam atentos, olhando as mãos em seu colo. Seus polegares brincando um com outro enquanto seus outros dedos raspavam na sua calça jeans clara. Ele usava também uma camisa de manga curta da cor vermelha. Tênis nos pés.

— Quanto tempo vai demorar? — perguntou.

Encarei seu rosto. Vinnie se manteve em silêncio, tedioso demais para lidar com um garoto de quatorze anos, esquecendo completamente que também teve essa fase.

— Alguns minutos.

— Aquele homem loiro disse que poderia demorar. — comentou.

Estreitei os olhos e tombei a cabeça para o lado.

— O que ele falou?

— Que faria algumas coisas antes de pegar uma vadia. — respondeu.

Ri sem humor e assenti enquanto jogava as costas no banco. Ignorei o riso abafado do Stewart no assento da frente, e fechei os olhos.

— Ele foi buscar a minha irmã, não foi? — sussurrou, com a voz curiosa.

— Sim.

— Por que? — levantou seu olhar para mim. — Ela me abandonou naquela pousada.

— Negócios. — segurei seu olhar, mostrando seriedade no meu,

Ele franziu a testa e riu desacreditado.

— O que você é? — questionou. — A chefe dela ou algo assim?

— Sou a salvação de vocês dois, garoto. — respondi. — Agora fique calado e espere.

Seus olhos rolaram para trás, e sua cabeça virou para o lado, encarando o vidro da janela.

— Chegaram. — Vinnie suspirou.

Olhei para frente, avistando o carro preto do Thomas aparecer na ponta da rua, vindo em nossa direção em alta velocidade. Cruzei os braços e soltei um suspiro tenso enquanto esperava a chegada.

Ruel foi o primeiro a descer. Usava roupa escura como sempre. Calça de alfaiataria com um cinto, e camisa de manga curta, mostrando seus braços fortes. Botas nos pés. Seus fios loiros brilharam na luz do sol e voaram com a brisa que bateu, fazendo seus olhos se estreitaram um pouco. Sua língua saiu e umedeceu seus lábios rosados. Ele tirou a carteira de cigarro do bolso e um rolo da caixa, colocando em sua boca. Meu corpo acendeu e minhas pernas se contraíram, assistindo a cena.

O RECOMEÇOWhere stories live. Discover now