QUARENTA E TRÊS

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Ruel

— Querida? — chamei.

A demora da sua resposta me deixava irritado. Lore entrou no banheiro minutos atrás e se manteve lá desde então. Não é como se ela não pudesse me ouvir. O banheiro é no quarto.

— Querida? — chamei outra vez.

— O que foi? — respondeu. — Estou ocupada, tá?

Franzi a testa, estreitando os olhos enquanto fazia. O tom da sua voz era diferente.

Deixei a revista da coleção dos carros da minha marca na cama e levantei-me, seguindo para o banheiro. Vaguei meus olhos para o corpo da minha esposa, descendo para suas mãos. Seus dedos presos na tesoura enquanto ela puxava uma mecha e cortava.

Levantei uma sobrancelha, um pouco surpreso e desconfiado com sua ação. Mas, quando seus olhos castanhos pararam em mim, disfarcei e dei um sorriso.

Lore ultimamente se irritava facilmente.

— Por que está me chamando?

— Senti sua falta. — rebati.

Ela bufou e cortou outra mecha, os fios caindo no chão. Já tinha vários ali no piso cinza.

— Você estava comigo minutos atrás, Vincent. — implicou.

— E daí? — me ofendi. — Eu sinto falta da minha esposa vinte quatro horas por dia.

— Isso é doentio. — suspirou. — Vá se tratar.

— Vá você. — apontei. — Posso marcar uma consulta para você após ver o resultado da sua própria arte.

Ela soltou um suspiro, seus olhos caindo sobre mim.

— Lindo, eles me irritam. — alegou. — Eu quero ele curto.

— Não acha melhor ir em um salão?

— Vincent, vá se foder e tire sua bunda daqui. — se irritou.

Abri um sorriso largo e soltei uma piscadela. Eu amava deixá-la irritada, e nesse período então. Lore queria cortar minha garganta.

"Guerreira Lore!"

O garotinho chato gritou, atraindo atenção da minha garota. Ela sorriu e olhou para porta, esperando Lucas entrar.

Para mim é xingamentos, mas para ele é sorrisos e coisas amorosas?

— Não gosto dele tendo sua atenção também. — impliquei, sendo um adolescente chato.

— Acostume-se. — deu de ombros. — Você precisa se acostumar com a situação, já que teremos mais um disputando minha atenção também.

Cruzei os braços, apoiando-me na porta do banheiro. Meus olhos vagando pelo seu corpo coberto apenas por uma camisola de seda escura. A cor escondia totalmente o volume. Eu queria rasgar aquele pano.

— Não tem como cancelar, não? — choraminguei, triste. — Cancelar isso.

Lore arregalou os olhos, surpresa e desacreditada. Seus lábios se fecharam e seus olhos me fuzilavam com irritação.

Linda pra caralho.

— Você deveria ter pensado nisso sete meses atrás quando me insistiu para tirar o DIU, porque você queria ver uma criança com seus olhos correndo pela casa.

Abri um sorriso com sua resposta e deixei minha cabeça cair para trás. Ela estava certa. Um mês após nosso casamento, pedi para minha linda esposa tirar essa porra de contraceptivo que me impedia de colocar três ou mais filhos nela. Agora ela está com sua barriga inchada pronta para completar seis meses no próximo mês. O humor da minha mulher estava os dos piores. Lore vivia extremamente estressada e absurdamente ansiosa para foder sempre que me via nu ou ocupado com os negócios da minha marca de veículos. Acho que me ver concentrado e trabalhando a deixava excitada. Sem reclamações nesse segundo quesito. Eu deixaria que ela esfolasse o meu pau se quisesse. Porém, ainda prefiro que não, pois amo me enfiar gostoso dentro dela.

O RECOMEÇOWhere stories live. Discover now