TRINTA

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Lore

Alisei o quadro que estava na cômoda ao lado da minha cama e suspirei. Um riso foi se alargando em meus lábios enquanto eu encarava a fotografia da nossa família. Esfreguei a ponta do meu dedo indicador no rosto da mulher no retrato.

Sim. Clary era minha família.

Ela e Tobias estavam no meio, enquanto eu e Ruel em cada lado. Eu no direito e o loiro no lado esquerdo. Nós quatro sorrindo para foto que tiramos na câmera fotográfica da avó do Vincent.

Tobias ajeitou em nossa frente e posicionou no suporte, e quando a contagem regressiva começou, o velho correu e se ajeitou no banco, ficando ao lado da sua amada.

Coloquei o quadro novamente na cômoda e soltei um suspiro cansando enquanto me afastava.

Eram dez da manhã. Já faziam três dias que visitamos a Mariah. Nosso plano em ter sido apenas pessoas perdidas naquela estrada ocorreu bem. Ela pareceu não suspeitar de nada.

"Senhorita? Posso entrar?"

— Sim, Jennie. — falei em voz alta para que ela ouvisse do outro lado da porta. — Entre.

A porta se abriu lentamente e o corpo da governanta apareceu. Ela tinha seu cabelo preso em um coque e expressão relada. Suas mãos deslizaram pelo uniforme preto e branco, e seus olhos pararam nos meus.

— Sim? — perguntei e desamarrei o hobby. — Tudo pronto?

— Sim, senhorita. — ela assentiu. — As pedras de gelo já estão na banheira. — sorriu simpática. — A banheira está no primeiro andar.

— Onde Ruel está?

— O senhor Vincent saiu há duas horas. — respondeu. — Ele pediu para avisá-la que tinha algo para resolver, mas que voltaria antes do almoço.

— Disse para onde foi?

— Não. — suspirou. — Sinto muito, senhorita.

— Obrigada, Jennie. — falei. — Pode ir na frente.

Ela assentiu e se virou, andando até a porta e passando por ela.

Fechei os olhos e me aproximei da prateleira. Peguei a carteira de cigarro e coloquei um rolo nos lábios após acendê-lo. Traguei e caminhei até a sacada. Os seguranças estavam protegendo a mansão.

Disquei o número do Vincent e coloquei meu telefone na orelha.

"Alô! Você ligou para mim, mas estou indisponível no momento. Tente novamente mais tarde, ou nem tente. Foda-se."

Levantei uma sobrancelha e deixei um riso sem humor sair dos meus lábios. Afastei o aparelho do ouvido e arremessei na cama. Joguei o cigarro ainda pela metade fora e saí da sacada. Amarrei o hobby outra vez e saí do quarto após colocar a pantufa nos pés.

Eu estava apenas de calcinha por baixo do hobby preto que eu usava.

Andei pelo corredor, ignorando os homens que protegiam a casa e desci as escadas. Atravessei pelo vestíbulo e caminhei até a área externa da casa, a varanda. Estalei o pescoço enquanto me aproximava da Jennie que estava ao lado da banheira branca no meio do lugar.

— Por quanto tempo devo ficar?

— Quinze. — respondeu.

Assenti e levei minhas mãos até o nó do hobby, desfazendo lentamente. Quando comecei a abrir, os caras da segurança desviaram o olhar e se viraram.

Coloquei meu pé esquerdo na água e gemi dolorosa ao sentir a frieza. Fui me abaixando devagarzinho enquanto tentava me acostumar.

Porra...

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