TREZE

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Lore

Parei o carro assim que cheguei na frente do depósito grande e velho. A noite fria me fazia arrepiar por causa do vento gelado. Franzi a testa e enruguei o nariz quando senti um cheiro forte de gasolina e areia velha. Parecia que não tinha mais ninguém, mas eu não me arriscaria em entrar indefesa. Tirei minha arma da cintura e destravei. Encarei a entrada do armazém com uma expressão curiosa e entrei. O lugar estava com uma iluminação horrível, com uma fraca luz amarelada, clareando as prateleiras vazias e as caixas destruídas no chão.

Várias poças de água estavam espalhadas pelo piso de concreto, que provavelmente foram feitas devido aos pingos da chuva que entravam pelos buracos do teto. Meus olhos varreram o local até pararem em uma fileira de containers que estavam no canto direito do depósito. Eram cinco. Todos trancados com um painel de segurança.

Me aproximei e umedeci os lábios. Levei minha orelha para perto de um deles. Estava um silêncio assustador. Fechei os olhos para focar minha atenção no que tinha dentro do container vermelho e agucei meu ouvido. Nada de novo.

Respirei fundo e desisti, mas quando ouvi um barulho alto vindo de dentro, recuei no mesmo instante e apontei a arma. Foi uma batia estranha.

Mas que porra é essa?

O que tinha aqui dentro?

Era do hacker?

E se ele for um serial killer do caralho que sequestra pessoas e as coloca aqui nesses containers?

E se tiver corpos aí dentro? Vivos ou mortos?

Porra!

— Desculpa pelo atraso, querida.

A voz estranha veio do fundo do armazém, fazendo-me estreitar os olhos e erguer minha arma em sua frente.

— Eu disse que não gostava de atrasos, mas sempre acabo me atrasando. — ele continuou a dizer enquanto saía das sombras e revelava seu corpo. — É contraditório, não?

Ok...

Ele era totalmente diferente da imagem que criei. Seu moletom e o jeans faziam jus a minha imaginação de um hacker, mas o resto era distinto. Ele ainda não havia se aproximado. No entanto, a pouca luz mostrava os poucos detalhes do seu rosto bem adulto. Suas sobrancelhas eram grossas e negras. Sua mandíbula era marcada, dando a beleza estúpida. O nariz fino e pontiagudo combinava com o formato da sua face.

Eu não conseguia ver a cor dos seus olhos.

O capuz não me permitia a visão detalhada da sua cara e nem do cabelo.

— O que tem nos containers? — perguntei.

Um sorriso curvou o cantu de um dos seus lábios. Ele deu de ombros e deu um passo em minha direção.

— Sei lá.

Engoli seco.

— Me conte o que você sabe.

Eu não queria prolongar isso.

— Você é apressada, não é? — cruzou os braços.

— Não tenho tempo. — rebati. — Não quero me ocupar muito com um pervertido que fica observando os outros pela tela do seu notebook.

O homem assentiu e concordou. Sua língua umedeceu seus lábios medianos.

— Mmmm... — murmurou. — É meio ruim ter que conversar com uma arma apontada para você.

Ri sem humor.

— Vamos, Orlando. — continuou. — Eu não me sinto confortável.

Sua voz cínica era irritante. Ele era um homem que gostava de brincar, e eu odiava jogos que não estavam sobre meu controle.

O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora