PRÓLOGO

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A sensação do sangue em minhas mãos agora se tornava crescente e adorada. Mesmo que elas estejam limpas, eu sinto o líquido avermelhado escorrer e o odor forte de carmesim, o qual se transformou em uma fragrância rotineira que pairava pelo ambiente.

Eu mudei. Ruel mudou.

Por mais preocupante e assustador que isso seja, eu amava saber que as vidas daqueles que ousaram entrarem no meu caminho foram cortadas pela minha faca ou tiradas por minha arma. Meu dedo no gatilho e meu punho fechado na borda da lâmina era algo que eu estava mais acostumada a fazer.

Anos se passaram enquanto eu continuava treinando e aprimorando os meus ataques, superando a mim mesma para, finalmente, me tornar a mulher fria e insensível que me tornei.

Quem me julgaria?

Passei por tantas coisas ruins, abusos e humilhações. Situações que nem todas mulheres aguentariam.

Eu fui sequestrada, esfaqueada, e quase estuprada... duas vezes. Sem contar as tentativas de assassinato.

Tudo isso foi responsável pela minha mudança.

A antiga eu, ingênua, pura, limpa e perfeitinha, digamos assim, desapareceu. Ela morreu para que a nova nascesse. A cheia de cicatrizes, quebrada e fodidamente maluca da cabeça.

Mas, afinal, quem me julgaria nessa porra?

Estou rodeada de pessoas fortes ao meu lado. Thomas, meu antigo segurança que se tornou o segundo homem que mais confio. Cooper estava ao meu lado e disposto a me servir para o que eu precisasse. Ruel, o amor da minha vida, o homem que mataria e morreria por mim, aquele que daria sua vida para me manter segura.

Acreditávamos que todos os nossos inimigos estariam longe, coçando seus sacos e paus, ou fazendo preenchimento nos rostos enrugados, enquanto se fodiam e se drogavam, esquecendo completamente da nossa existência.

Porém, a ameaça que encontramos já estava a nossa espera como um rato sorrateiro ansiando por comida por anos trancafiado em lugar escuro.

Não tenho certeza se é pior que o Benjamin ou se ambos ficavam empatados nesse quesito.

Mas, o cheiro de sangue inerva minha cabeça, deixando-me dependente e necessitada de arrancar a vida do próximo.

E, porra...

Eu preciso me saciar pra caralho.

O RECOMEÇOWhere stories live. Discover now